Arcos Principais: Necrosha (Necrosha) e Inesquecível (Not Forgotten).
Publicação Original/ Brasil: X-Force#17-25, X-Men: Legacy #231-233, Necrosha #1-2 e Cristal: Necrosha (Marvel, 2009)/ X-Men Extra #105-113 e #116, X-Men #111-112 (Panini, 2010).
Roteiro/ Arte: Craig Kyle & Christopher Yost, Mike Carey / Mike Choi, Claymton Crain, Kalman Andrasofszky. Clay Mann.
Necrosha foi um evento interessante que deu continuidade aos primeiros arcos da X-Force do Kyle & Yost, publicado tanto nas páginas da X-Force quanto na de X-Men Legado e se desdobrando em outros especiais. Ocorre logo depois da Guerra Messiânica. Este review comenta (com spoilers) essa pequena saga.
X-FORCE: INESQUECÍVEL
Antes de começar o arco “Necrosha” em si, temos as edições #17-20 de X-Force que mostra o desfecho da Rainha Leprosa: na Guerra Messiânica, Ciclope transportou para o futuro toda a X-Force (para ajudar Cable e a bebê Esperança), só que o grupo estava resgatando Satânico, Faísca e Dinamite das mãos de Bastion. Felizmente, quando eles voltam para o presente percebem que se passaram poucos segundos nessa realidade. A X-23 consegue salvar a Dinamite, matando a Rainha Leprosa, mas acaba sendo capturada pela nova “SHIELD”, sendo trancada e torturada pela Kimura.
Um ponto interessante é que Wolverine discute com Ciclope, já que ele optou por enviá-los ao futuro e praticamente deixar morrer os outros jovens. Dominó e cia. conseguem libertar Faísca e Satânico, evitando um assassinato em massa nas Nações Unidas, mas ainda bastante feridos. Enquanto isso, Lupina está lutando contra Gigantes de Gelo, ao lado do novo namorado asgardiano: o lobo Hrimhari. E Selene consegue manipular o vírus tecnorgânico de Bastion, iniciando seu plano de ressuscitar diversos mutantes.
O destaque fica pra X-23 na instalação da HAMMER. Kimura, pra tirar uma amostra da prisioneira, arranca um braço de Laura! A Agente Dupla Morales surge para ajudar, mas não consegue sozinha. Todas as cenas de ação com elas são sensacionais. Numa, a Kimura sai louca com uma serra elétrica na mão! X-23 consegue ativar o “modo assassino” dela e sai fatiando soldado a torto e a direita. Tem muito sangue. Muitos membros caindo e cabeças voando. As duas conseguem fugir de Kimura, deixando um rastro de destruição. Mike Choi e Sonia Obaka fazem um belo trabalho na arte, sendo violenta e pesada mas “clean”, diferente do Crain.
NECROSHA
O arco principal (e o que importa) acontece em X-Force #21-25. Mas há uma edição especial que antecede o arco, mostrando Eli Bard (o vampiro escravo da Selene) dando à ela o vírus tecnorgânico do Bastion. Eles partem para Genosha e dispersa o vírus, ressuscitando todos os mortos da ex-Ilha Nação e transformando-os em escravos. Outros mutantes, que não estavam em Genosha, também são ressuscitados por ela: a incrível Sina, Cifra e Banshee. Ela os divide para atacar em várias frentes os X-Men. Arte pesada de Clayton Crain e a história empolgante da dupla Kyle & Yost, chega a dar medo algumas cenas.
A Ilha Utopia é pega de surpresa por vários zumbis, dificultando o trabalho do Fera em manter Elixir, Faísca e cia. no hospital improvisado, que agora recebe também Lupina grávida de Hrimhari, só que seu corpo está rejeitando o bebê. Selene levantando Genosha, agora Necrosha, é algo muito bom, pena que a arte de Crain varia entre o muito bom e o borrado. Ela é tão escura que em vários momentos não dá pra entender o que está acontecendo na cena.
Selene também forma um novo esquadrão particular, composto por Blink (a versão da Terra 616, estava desaparecida entre as dimensões), o sanguinolento Senyaka, a revoltada Mortis (irmã da Cristal) e Decompositor, ex-Novo Mutante. Eles são enviados à Utopia para recuperar a adaga de Eli Bard, dando início a mais uma batalha sangrenta. Blink, que sempre foi apagadinha, consegue arrancar as asas do Arcanjo e espatifar a Mercury! Até mesmo o Decompositor mata o antigo colega de turma, Onnyx. Enquanto isso, Hrimhari negocia com Hela, a deusa da Morte, entregando sua alma em troca de salvar Elixir, que é capaz de curar a Lupina e o bebê.
Vanisher transporta toda a X-Force pra Necrosha, para impedirem Selene, mas não chegam a tempo: ela termina seu ritual, devora todos os ressuscitados e se transforma numa gigante de maiô (porque vilã e heroína não sentem frio). Apache, outro que também era apagadinho, se destaca e usa um pó-vodu para encobrir os colegas da feiticeira. Ele acerta Selene com a própria adaga, que explode e desaparece no ar. No processo, muitos zumbis fogem e não dá pra saber se eles “voltaram” mesmo ou não. Decompositor é morto por Elixir numa outra luta muito boa.
X-MEN LEGADO: TERRA, ENTREGUE SEUS MORTOS
Enquanto o pau tava comendo em Necrosha e Utopia, Sina manda um recado para Olhos Vendados: ela acredita que há algo errado na Ilha Muir. Assim, Ciclope envia uma equipe para verificar: Vampira, Magneto, Astral, Noturno, Colossus, Olhos Vendados e Psylocke. A história é mediana e ocorre em X-Men Legado. Nela, Proteus (ou alguma energia) possui o corpo da sensitiva e passa a derrotar e possuir todos os outros. Magneto tira forças do além e consegue explodir o inimigo, também com a ajuda de Vampira e a adaga da Psylocke, que consegue liberar os corpos de outras energias. Uma cena legal é quando Sina se despede da Vampira, sua filha. Fiquei na esperança da Mística (que era casada com a Sina) de aparecer, mas acabou não acontecendo.
CRISTAL
Necrosha ainda se desdobra em Novos Mutantes, com a participação do Cifra, mas vou comentar quando fizer o review da própria revista dos Novos Mutantes. Um outro especial que a saga ganhou (e bem curioso) é protagonizado pela Cristal, numa edição que leva seu nome. Na história, pós-Necrosha, Mortis se une a Arcade para tentar matar a irmã. Não traz nada de mais, até porque ninguém acaba morrendo de verdade, mas é bacana de ler. Sempre é bom ver Cristal pegando seus patins e correndo louca e cintilante numa batalha, a arte é bem bonita e ver os flashbacks da cantora é ótimo.
A pequena saga Necrosha acabou me surpreendendo positivamente. Toda a história na X-Force é ótima, por mais que Selene tenha morrido na praia. Quer dizer… ela fica gigante que nem um monstro dos Power Rangers e é morta logo em seguida. Nem deu pra sentir o perigo. Mas todo o percurso, desde a batalha de Laura e Kimura até Blink e o Arcanjo, é sensacional. Pena que precisava se expandir pra outras revistas, com o arco em X-Men Legado e até mesmo Cristal e Novos Mutantes não serem nada grandiosos e bem dispensáveis. Tem até uma edição anual da X-Force protagonizada pelo Wolverine numa missão super clichê e dispensável, mas com a tarja de “Necrosha” pra pegar o embalo.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.