[Review] Batman: Histórias de Fantasmas!

Arcos Principais: Histórias de Fantasmas (Ghost Stories).
Publicação Original: Batman #101-105 (DC, 2021).
Roteiro/ Arte: James Tynion IV/ Guillem March, Carlo Pagulayan, Carlos D’Anda, Danny Miki, Christian Duce e mais.

No arco anterior, A Guerra do Coringa, o Palhaço do Crime havia dominado Gotham a partir de uma rede de eventos que envolvia, entre eles, o roubo da fortuna Wayne, o redesign da cidade e até mesmo uma nova parceira, a Polichinela. Agora, depois do Batman ter conseguido livrar a cidade uma vez mais do vilão, o herói precisa se adaptar à uma nova realidade, com menos verba, ajuda e uma nova ameaça vinda diretamente do seu passado: o Criador de Fantasmas; que promete fazer o que o Morcego poderia ter feito há muito tempo. Review especial de Histórias de Fantasmas, sem muitos spoilers!

HISTÓRIAS DE FANTASMAS

A edição que abre o arco, a #101, contextualiza o leitor para a nova situação do Batman. A fortuna de sua família e do conglomerado Wayne está temporariamente congelada e sendo alvo de investigações, devido todo o acontecido com o Coringa. Sendo assim, o Lucius é quem está administrando e não pode gastar ou desviar dinheiro como antes para investir nos acessórios, tecnologia e nos batmóveis. Vale comentar que o Lucius foi torturado no arco anterior e agora está em recuperação, com várias sequelas do veneno do Coringa. E esse início é interessante pois coloca o Batman numa posição um tanto diferente. Claro que, mesmo sem todo o equipamento e dinheiro, ele continua sendo um dos maiores heróis de todos os tempos, seja no combate ou na estratégia, mas é mais uma perspectiva para ser trabalhada. Há até um diálogo muito bom com a Mulher-Gato sobre isso, sobre o futuro deles e da cidade.

E a partir da segunda edição temos a apresentação do vilão desse arco: o Criador de Fantasmas; um homem misterioso que chegou a ser parceiro (e rival) de treinamento do Bruce, quando eram jovens e o uniforme do Batman era apenas um sonho distante. Confesso que não comprei muito a ideia, principalmente por ser um retcon e, mais uma vez, alguma ameaça vinda diretamente do passado do Bruce, mas que ninguém tinha ouvido falar até agora. E o vilão, na verdade, não é bem um vilão, está mais para um anti-herói. Assim como o Bruce, ele também queria salvar o mundo, cidade por cidade, mas sem medir suas ações: mataria, se fosse preciso. E foi aí que os dois se desentenderam, com o Bruce retornando à Gotham e o Criador viajando por tudo quanto é lugar, com a promessa de que um não interferiria na cidade onde o outro estivesse. Bom, pelo menos até agora.

Apesar da origem meio genérica, o conceito do Criador de Fantasmas acaba funcionando como um contraste para o que o Batman representa, assim como coloca em xeque se as decisões tomadas pelo Morcego até então foram boas o suficiente, se valeram a pena. E claro que ele está falando de: matar os assassinos e vilões; não apenas condená-los ao Arkham. Em paralelo, temos outros dois personagens com certa importância na trama: Arlequina e o Caçador de Palhaços. A ex-namorada do Coringa está na cidade e quer tentar uma vida (um pouco) distante da criminalidade, chegando a alugar um apartamento e até mesmo falando com uma plantinha, confessando estar com saudades da Hera Venenosa (sua namorada). Já o Caçador de Palhaços continua com sua missão pessoal de eliminar toda a gangue do Coringa, incluindo a Arlequina, que já fez parte. Isso coloca os dois em rota de colisão, acabando por chocar também com o Batman e o Criador de Fantasmas. Uma outra personagem que faz uma ponta bacana é a Batgirl, assumindo novamente seu manto de Oráculo e sendo uma espécie de guia para o Morcego.

O motor que movimenta o arco é a tentativa do Criador de Fantasmas em provar seu ponto de vista, de que uma iniciativa mais violenta e definitiva por parte do Batman teria livrado Gotham de várias ameaças. E para isso, ele está disposto a fazer qualquer coisa, seja sequestrando, fazendo refém, torturando e até mesmo colocando uns contra os outros no melhor estilo Jogos Mortais de ser. Mas pra mim, o final do arco foi totalmente anticlímax, pois praticamente joga todo o desenvolvimento na lata do lixo e termina os confrontos de maneira abrupta e pouco convincente, até mesmo cômica na última página. Fiquei com cara de “mas é o quê?”. O roteiro do James Tynion IV não chega a abordar questões psicológicas como o Tom King, mas se destaca em dois momentos: num quase monólogo da Arlequina sobre redenção, arrependimento e relacionamentos tóxicos; e outro em que evidencia a carência do Batman, a falta de um amigo. Destaco também uma sequência em que o Asa Noturna lembra de um momento do passado, de quando era um Robin e viu o Criador de Fantasmas. Entre a equipe de desenhistas temos Guillem March (Sereias de Gotham: União Feminia) e James Stokoe (Cavaleiro da Lua: Encarnações), entre outros, que fazem um ótimo trabalho no visual, uns mais realistas e outros mais cartunescos.

Um arco de transição, que visa estabelecer um novo Batman pós Guerra do Coringa, sem tantos recursos e com novas parcerias, trazendo ótimas sequências de luta e ação. Mas cujo desfecho não anima tanto quanto como começou.

Confira outros reviews de Batman que fiz aqui no site:

– Vol. 3 (2016 – 2020): Fase Tom King (#01-85)
Batman Rebirth: Eu Sou Gotham (#1-6)
Batman Rebirth: Noite dos Homens-Monstro (#7-8)
Batman Rebirth: Eu Sou Suicida (#9-13)
Batman Rebirth: Sobre os Telhados de Gotham (#14-15)
Batman Rebirth: Eu Sou Bane (#16-20)
Batman/ Flash Rebirth: O Button (#21-22)
Batman Rebirth: O Monstro do Pântano, Gotham Girl e a Mulher-Gato (#23-24)
Batman Rebirth: A Guerra de Piadas e Charadas (#25-32)
Batman Rebirth: As Regras do Noivado (#33-35)
Batman Rebirth: Super Amigos (#36-40)
Batman: Todos Amam Hera (#41-43)
Batman: O Presente do Gladiador Dourado (#44-47)
Batman: Coringa, o Padrinho e o Aguardado Casamento (#48-50)
Batman: Dias Frios e Bestas de Carga (#51-57)
Batman: O Pássaro Tirânico (#58-60)
Batman: Pesadelos (#61-63 e #66-69)
Batman: A Queda e o Caído (#70-74)
Batman: A Cidade de Bane (#75-85)

– Vol. 3 (2020– 2021): Fase James Tynion IV (#86-117)
Batman: Seus Projetos Sombrios (#86-94)
Batman: A Guerra do Coringa (#95-100)
Batman: Histórias de Fantasmas (#101-105)
Batman Anual: Há Esperança no Beco do Crime, a Origem do Caçador de Palhaços (Anual #5)
Batman: A Corja Covarde (#106-111)
Batman: Estado de Medo (#112-117)

Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outros títulos!

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