Arcos Principais: The Best Man Presente (O Padrinho) e edição especial #50.
Publicação Original/ Brasil: Batman #48-50 (DC, 2018)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Tom King/ Mikel Janin.
E a série do Batman, nesse Rebirth, chega a sua edição #50! O roteirista Tom King (Visão, Senhor Milagre) teve a oportunidade de trazer grandes mudanças à história do Morcego, sendo a principal a oficialização do relacionamento dele com a Mulher-Gato, que culmina num casamento na edição especial #50. Antes, nas edições #48-49 temos o pequeno arco O Padrinho, protagonizado pelo Coringa. Nas últimas edições o King vem mostrando como o Universo do Batman e até outros personagens do UDC vem lidando com esse futuro casamento. Mas, olhando por cima e por mais que eu tenha curtido a presença da Hera no arco Todos Amam Hera, esse ano praticamente não teve nenhum grande arco na revista do Morcego, com esse relacionamento conflituoso dele com a Selina se arrastando bastante. Review especial sem muitos spoilers dessas edições #48-50!
O PADRINHO
Num clima a lá Kill Bill, o Coringa invade um casamento pequeno numa Igreja e assassina todo mundo, com exceção da noiva. Ele sabe que isso atrairia a presença do Batman. A edição #48 é protagonizada por ele e pelo Batman, que chega mudo e troca umas duas palavras durante toda história, mantendo aquela áurea sombria. O Coringa pega a noiva como refém, avisando que irá matá-la se ele se aproximar. O problema é que ele mata mesmo assim. E aí que começa uma trama bem estranha que é difícil de entrar na magia. Começando pela chacina na Igreja, que mesmo depois de tantas mortes, o Batman ainda deixa o Coringa ter um monólogo infinito, chegando ao ponto dos dois se ajoelharem pra rezar!
A edição #49 é quando a Mulher-Gato entra em cena pra proteger seu noivo. Ela e o Coringa inciam um embate praticamente mortal, com os dois saindo gravemente feridos, caindo no chão e começando outro diálogo, dessa vez focado na importância do Morcego. Nesse ponto, o King sempre se destaca, quando se trata de algo mais psicológico. Com os os dois caídos, só lhe restam conversar e lembrar da época em que eram parceiros de vilania. O Coringa, ao seu modo, diz que também ama o Batman, que ele não pode se casar com a Selina, que isso seria o fim do Batman como conhecemos. Claro que tudo da maneira psicótica de como ele vê as coisas. O Bruce não pode ser feliz e ser o Batman ao mesmo tempo, que assim precisaria matar a Mulher-Gato para impedir isso. Ou matar ele. Já que sem o Batman, o Coringa não seria ninguém. É um ponto bem interessante de comentar. Eu fui um dos que viraram a cara quando anunciaram que o Morcego se casaria com a Gata, porque pra mim isso acabaria com a essência solitária e sombria dele, mas fui mudando de ideia com o passar do tempo. Os desenhos do Mikel Jenin são sempre muito elegantes, bem contornados e bonitos, ele me lembra um pouco o estilo do Brian Bolland.
O CASAMENTO
A edição #50 é especial e, além do casamento, também tem mais páginas e artistas convidados. O Batman e a Gata querem um casamento sigiloso: pegam um juiz alcoolizado e cada um traz sua testemunha; Alfred é a do Bruce, enquanto a Selina busca a Holly Robinson no Arkham pra ser a dela. Toda a narrativa segue o mesmo estilo que vimos no arco Eu Sou Suicida, quando os dois trocaram cartas declarando seu amor. Aqui na edição #50, cada um escreveu uma carta para que fosse lida após a cerimônia, explicando como esse casamento pode afetar a vida um do outro. Os desenhos principais continuam do Jenin, mas a DC convidou diversos outros artistas para criarem páginas individuais no meio da história. Dentre eles temos Frank Miller, Lee Bermejo e Rafael Albuquerque. A maioria fez só uma ilustração de página inteira, mas alguns fizeram uma página com quadros, com destaque pro Tim Sale e Paul Pope. Em todos, esses desenhistas convidados recriaram momentos importantes em que o Bruce e a Selina se cruzaram, com direito a primeiros encontros e momentos recentes, como o passeio a cavalo no arco As Regras do Noivado.
Enquanto algumas dessas artes convidadas são boas, outras parecem mais capa alternativa (principalmente por ser de página inteira), e algumas que deixam a desejar. O final é bastante inesperado, podemos dizer, podendo mudar completamente o rumo das histórias daqui pra frente (finalmente), fugindo um pouco do foco desse relacionamento. Até porque a gente começa a se perguntar o que o Batman representa e como isso seria tratado estando casado com uma vilã. De qualquer maneira, é um “casamento” estranho, tendo em vista que isso vem sendo tratado pelo Tom King há 50 edições. Como destaque, temos um momento bem tocando entre o Bruce e o Alfred.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.