Arcos Principais: Todos Amam Hera (Everyone Loves Ivy).
Publicação Original: Batman #41-43 (DC, 2018).
Roteiro/ Arte: Tom King/ Mikel Janin.
A Hera Venenosa é a minha vilã preferida do Batman e, também, uma das minhas personagens preferidas no geral. Gosto de seu contexto, ligado ao meio ambiente e proteção do Verde, além de possuir poderes sensacionais e quase nunca explorados ao máximo. E esse pequeno arco do Batman (#41-43), já sem o subtitulo de “Rebirth“, traz uma Hera descontrolada e utilizando seus poderes de uma maneira que nunca vimos. Como fã dela, foi um momento WOW! Review especial com alguns spoilers!
TODOS AMAM HERA
Após 40 edições, já percebemos como o autor Tom King (O Visão) vem trabalhando a série do Batman, explorando alguns vilões enquanto constrói o noivado e futuro casamento do Morcego com a Mulher-Gato. Enquanto os dois estão dormindo, o mordomo Alfred (e o restante do planeta) é dominado pela Hera Venenosa. Alfred acorda o casal e, falando pela Hera (com balões verdes e tudo), informa que chegou ao fim a era de desmatamento e demais danos aos planetas, que agora todo o mundo irá andar na linha, que agora… todos amam Hera Venenosa! Assim, tudo de repente. Vemos cenas ao redor do mundo, com as pessoas dizendo que amam a Hera, até mesmos heróis como a Mulher-Maravilha e o Superman. Por algum motivo, ela conseguiu dominar todos, menos o Batman e a Mulher-Gato. E não adianta eles tentarem nada, porque tem um Superman sentinela no quintal da mansão, vigiando cada passo deles.
Por um lado, é um arco bastante exagerado. Um golpe desses, por sua seriedade, deveria repercutir em várias revistas. Como seria viver num mundo governado pela Hera? Algo até interessante pra uma saga. Mas é um arco contido, que começa e termina nele mesmo. Então tem seus prós e cons. Claro que eu gostaria de ver mais, muito mais, mas particularmente gostei dele ter trabalhado de maneira mais “à parte”, como quase de fora do cânone. Mas, sim, faz parte do cânone do Batman, inclusive há várias citações ao arco Guerra De Piadas e Charadas, que seria o responsável pela angústia dela. Apesar de ser vilã e tudo o mais, ela não se conforma que “matou” alguns homens durante essa guerra e, por isso, resolve dar um fim a tudo. Quando digo que a Hera é subestimada, nessa história temos a prova viva disso. Ela simplesmente cria um castelo no meio do parque, veste seu uniforme de vinhas (que não sou muito fã, desde os Novos 52) e passa a dominar todas as pessoas do mundo. A lógica é simples: ela pode controlar todos os vegetais; pessoas comem vegetais; ela então pode controlar as pessoas. Não há muita explicação científica, mas é contada de maneira que compramos a magia do negócio.
Um outro ponto interessante é perceber como é um mundo pela Hera. Há a questão egomaníaca, de “todos amam Hera“, porém é um mundo aparentemente bom. Me lembrou do mundo recriado pelas 5 Fênix em Vingadores Vs. X-Men. Ela desativa todas as armas nucleares, termina todas as guerras e por aí em diante. Mas as pessoas perderam sua independência, como consequência. E é interessante, porque se isso fosse feito pelo Coringa, Charada ou até o Bane, teríamos uma sociedade totalmente diferente e, com certeza, mais violenta. É o que me faz gostar dela, não é a vilania pela vilania. E essas cenas iniciais, principalmente desse castelo, são sensacionais. É ela mostrando todo o poder que tem. O desenhista Mikel Janin, que fez alguns arcos anteriores (como essa da Guerra), tem um traço bastante delineado e impactante. As páginas duplas e grandes panoramas são de encher os olhos. E as cores de June Chung também não ficam atrás, com escolhas interessantes, como os contrastes a partir do vermelho do cabelo dela, que é todo chapado.
Com o mundo em pane, resta ao Batman e Mulher-Gato criarem um plano para derrubá-la. E voltamos a outro ponto que Tom King vem trabalhando bastante, que é um Batman extremamente estratégico, mirabolante e exagerado. Entre algumas cenas de destaque, temos quando ele consegue derrubar o Superman e, em seguida, como o Superman revida. É um momento WOW! E também gostei de pra onde o arco caminhou, trazendo a figura da Arlequina. A Hera Venenosa não é muito de humanos, algo que sempre deixou claro, também é alguém de poucos amigos. Mesmo quando atuou ao lado da Mulher-Gato e da Arlequina em Sereias de Gotham, ela é uma das mais reservadas. E com o passar do tempo, a amizade entre ela e a Arlequina foi evoluindo pra uma espécie de relacionamento entre linhas. É o famoso ninguém diz, mas sabemos, que as duas formam um casal. E a Arlequina é utilizada como figura principal para trazer a sanidade dela de volta. Um arco bastante exagerado (numa cena a Gata nocauteia três Flashese que se resolve meio rápido, porém muito bom por vermos a Hera Venenosa em seu auge, com todo o poder que tem. Como fã dela, gostei bastante. E é bom ver a DC trabalhando nela, que teve sua mini própria em 2016 (Ciclo de Vida e Morte) e participações especiais em séries do Rebirth, como Trindade.
Confira outros reviews de Hera Venenosa que fiz aqui no site:
Especiais e one-shots:
Um Conto de Batman: Estufa (1994; 2 edições)
Batman: Hera Venenosa (1997)
Arlequina e Hera Venenosa: Paixões Violentas (2001)
Batman & Hera Venenosa: Nas Sombras (2004)
Minisséries:
Hera Venenosa: Ciclo de Vida e Morte (2016; 6 edições)
Sereias de Gotham (2009 – 2011; #01-26):
Sereias de Gotham Vol. 1: União Feminina (#1-7)
Sereias de Gotham Vol. 2: Contra o Dr. Esopo e Irmã Zero (#8-13)
Sereias de Gotham Vol. 3: Fruto Estranho (#14-19)
Sereias de Gotham Vol. 4: Divididas (#20-26)
Participação importante em arcos:
Batman: Todos Amam Hera (2018; Batman #41-43)
Trindade: Melhor Juntos (2016; Trinity #1-6)
Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outros títulos!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.