Arcos Principais: Estado de Medo (Fear State).
Publicação Original: Batman #112-117 (DC, 2021).
Roteiro/ Arte: James Tynion IV/ Jorge Jimenez e Bengal.
No arco anterior, A Corja Covarde, vimos o Espantalho movendo algumas peças no tabuleiro de Gotham e criando um verdadeiro pânico entre os moradores, manipulando a prefeitura para que lançassem o projeto Magistrado, envolvendo super soldados. E agora, em Estado de Medo, temos o ápice de toda a trama envolvendo o vilão, com participação especial da Hera Venenosa! Review especial com poucos spoilers!
ESTADO DE MEDO
Após mais de 100 edições desde o início dessa fase do Batman, lá no Rebirth de 2016, a impressão que fica é: Gotham está sempre um caos! E eu sei que esse é o status quo da cidade e é o que faz o universo do morcego girar. Mas depois de tantos vilões tomando conta da cidade, como foi em A Cidade de Bane e a Guerra do Coringa, que nessa vez do Espantalho as coisas perdem um tanto do impacto, cansando um pouco. Ou sou só eu que acho isso? No começo do arco temos o cenário sendo montado: o Guardião da Paz 01 é colocando em ação, porém é manipulado pelo Espantalho e passa a atacar os civis, em vez de defendê-los, colocando o Prefeito numa enrascada. Enquanto isso, Arlequina leva o pessoal da Dessanidade para os esgotos de Gotham, onde a nova Rainha Hera vem tomando conta do lugar.
Um ponto alto nesse começo é quando o Criador de Fantasmas faz uma viagem dentro da mente do Bruce a fim de tirar seja lá o que o Espantalho colocou dentro dela. E através das lembranças da época de faculdade, vamos conhecendo melhor como que o Jonathan Crane era, como se comportava, quais eram os seus ideias e como surgiu sua obsessão pelo medo. Para ele, as pessoas só conseguem evoluir a partir do medo. Os desenhos continuam sendo do Jimenez e, com certeza, fazem parte do diferencial da revista. As cenas psicodélicas envolvendo o Espantalho e a sua toxina são maravilhosas.
Outro ponto que precisa ser comentado é sobre o Guardião da Paz X: a aposta da prefeitura para lidar com os seus próprios erros, no caso o Guardião da Paz 01, que ficou descontrolado. A briga entre os dois é o estopim que coloca Espantalho, prefeitura e Batman no meio da ação. Com a cidade tomada pelo medo e o Bruce ainda lidando com os efeitos colaterais da toxina, tudo acaba se descontrolando muito rápido, rendendo várias cenas de pancadaria! Vale comentar que esse arco está bastante frenético.
A Hera Venenosa é uma das minhas vilãs preferidas e gostei da participação dela aqui também. Sendo chamada por Rainha Hera e um pouco desmemoriada, ela apoia a Arlequina e tenta ajudar a Dessanidade, mas as coisas fogem um pouco do controle quando a tropa do Prefeito bate à sua porta. E vem sendo bem interessante esse destaque que estão dando para ela, reconhecendo-a como uma força da natureza e uma super ameaça, já que ela controla toda uma parte que, literalmente, acaba sustentando a cidade. O Espantalho também foi muito bem desenvolvido aqui, talvez um dos melhores que já li dele. Numa determinada cena, quando ele está sem o traje, há uma questão muito interessante sobre o medo, que não é da pessoa em si, mas do seu simbolismo (como a armadura do Batman ou o seu logo no céu).
“Estado de Medo” marca também o fim dessa fase escrita pelo James Tynion, após cerca de 30 edições. É um arco que traz um roteiro bastante intrincado, envolvendo várias frentes, levantando questões muito interessantes como o medo, o passado do Espantalho e a nova forma da Hera (que ganha outra reviravolta ao final), além dos desenhos incríveis e cheios de ação do Jimenez, criando algumas das melhores sequências de luta da atualidade. E apesar de ter um final simpático, toda essa fase do Tynion abordou Gotham de uma maneira que não sei se gostei tanto. Como comentei no início, chega um determinado momento que é tanto vilão querendo ser o prefeito que chega a cansar. Tudo acaba ficando extremamente caótico (e as vezes confuso). O grupo da Dessanidade também prometeu nada e entregou o que prometeu. A protagonista deles, a Molly, apesar da personalidade forte, não sei se vai vingar. Mas de qualquer forma, um ótimo arco!
Confira outros reviews de Batman que fiz aqui no site:
– Vol. 3 (2016 – 2020): Fase Tom King (#01-85)
Batman Rebirth: Eu Sou Gotham (#1-6)
Batman Rebirth: Noite dos Homens-Monstro (#7-8)
Batman Rebirth: Eu Sou Suicida (#9-13)
Batman Rebirth: Sobre os Telhados de Gotham (#14-15)
Batman Rebirth: Eu Sou Bane (#16-20)
Batman/ Flash Rebirth: O Button (#21-22)
Batman Rebirth: O Monstro do Pântano, Gotham Girl e a Mulher-Gato (#23-24)
Batman Rebirth: A Guerra de Piadas e Charadas (#25-32)
Batman Rebirth: As Regras do Noivado (#33-35)
Batman Rebirth: Super Amigos (#36-40)
Batman: Todos Amam Hera (#41-43)
Batman: O Presente do Gladiador Dourado (#44-47)
Batman: Coringa, o Padrinho e o Aguardado Casamento (#48-50)
Batman: Dias Frios e Bestas de Carga (#51-57)
Batman: O Pássaro Tirânico (#58-60)
Batman: Pesadelos (#61-63 e #66-69)
Batman: A Queda e o Caído (#70-74)
Batman: A Cidade de Bane (#75-85)
– Vol. 3 (2020– 2021): Fase James Tynion IV (#86-117)
Batman: Seus Projetos Sombrios (#86-94)
Batman: A Guerra do Coringa (#95-100)
Batman: Histórias de Fantasmas (#101-105)
Batman Anual: Há Esperança no Beco do Crime, a Origem do Caçador de Palhaços (Anual #5)
Batman: A Corja Covarde (#106-111)
Batman: Estado de Medo (#112-117)
Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outros títulos!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.