Arcos Principais: A Solução Apocalíptica (Apocalypse Solution) e Nação Deathlock (Deathlock Nation).
Publicação Original/ Brasil: Uncanny X-Force#1-7 e #5.1 (Marvel, 2010)/ X-Men Extra #119-124 (Panini, 2011).
Roteiro/ Arte: Rick Remender / Jerome Opeña e Esad Ribic.
A X-Force da dupla Craig Kyle e Chris Yost (2008-2010) foi uma das melhores séries X daquela época, com um primeiro ano incrível, violento, cheio de ação e boas reviravoltas. Com o Segundo Advento a série foi cancelada (assim como outras) e em seu lugar entrou a continuação direta Fabulosa X-Force, escrita por Rick Remender e com desenhistas de peso. O impacto inicial não foi o mesmo do Kyle & Yost, mas também não é frustrante. Este review especial comenta os dois primeiros arcos (#1-7): Solução Apocalíptica e Nação Deathlock; que retomam a equipe, agora com novos membros e missões, escondida até mesmo de Ciclope. Com spoilers!
O complicado de falar dessa Fabulosa X-Force, como estou lendo na sequência, é que tanto a X-Force do Kyle & Yost quanto o Segundo Advento foram excelentes, deixando a difícil tarefa de manter a qualidade. Após Ciclope perceber que seu grupo secreto havia ido longe demais, ele desmancha toda a equipe. Porém Wolverine e Anjo não aceitaram e juntaram uma nova galera, mas escondido de Scott. Os dois são os novos líderes, ganhando o apoio de Psylocke (caso o Arcanjo se sobressaia) e recrutando os mercenários Fantomex e Deadpool. Rick Remender (Capitão América, Venom) não dá muitas informações sobre os membros novos, ficando um pouco estranho, principalmente porque Deadpool tem um novo uniforme branco e ninguém explica se ele trocou ou só usa em missões da nova X-Force, pra manter um padrão branco/ preto.
A SOLUÇÃO APOCALÍPTICA
A primeira missão da equipe é localizar e matar En Sabah Nur, o Apocalipse. Simples assim! Depois de anos lutando contra o vilão, eles acreditam que a equipe pode vencê-lo. Deadpool conseguiu encontrar sua Nave e então Anjo e Wolverine começam a planejar a invasão e possível assassinato de Apoca. Enquanto isso, a própria Psylocke treina numa Sala de Perigo algumas técnicas de matar o Anjo, caso ele se transforme em Arcanjo e não consiga se controlar. Treinamento feito, todos pegam carona na EVA de Fantomex e partem pra Zona Azul da Lua, onde são recebidos pelos Cavaleiros Finais do Apocalipse. Os desenhos são de Jerome Opeña (Vingadores: A Ira de Ultron), muito bonitos e dinâmicos, graças também às cores de Dean White (Thor: O Carniceiro dos Deus). Tanto os novos uniformes quanto as cenas de ação são boas. Psylocke está linda.
Há dois pontos importantes e interessantes nesse arco. O primeiro são os Cavaleiros Finais, com uma história de fundo mostrando como Apoca os encontrou no passado, deixando-os “guardados” pra quando chegar a hora certa, quando ele estiver indefeso. É um retcon, claro. Decimus Furius é um minotauro e o Cavaleiro Guerra. Sanjar Javeed é a Morte, um persa que pode espalhar doenças através de anéis metálicos. Jeb Lee é a Fome, um ex-espião que marcha com um tambor, produzindo sons que matam. E por último, temos a gueixa Ichisumi como Peste, com o poder de liberar hordas de insetos pela boca. São quatro oponentes e tanto, acabando com a X-Force em pouco tempo, exigindo muito de cada membro. Psylocke precisa sincronizar a mente dos colegas para contra-atacarem juntos. Fantomex utiliza de suas ilusões, enquanto Deadpool tira Anjo do jogo e o alimenta com pedações do seu próprio braço (já que se regenera).
O segundo ponto é o próprio Apocalipse. Com os Cavaleiros Finais semi-derrotados (porque nunca é tão fácil), a equipe entra na Nave e descobrem que o Clã Akkaba, que veneram o vilão, estão cuidando de sua versão criança: após uma possível morte/ sumiço, En Sabah Nur reencarnou no corpo de um menino, sendo instruído pelo Clã. A última vez que vi o Apocalipse, ele estava com novos Cavaleiros e atacando os 198 em X-Men do Peter Milligan. Então não entendi o que aconteceu entre aquele momento e essa reencarnação, mas entremos na magia! Arcanjo quer matar o menino Apoca a todo custo, mas Logan e Psylocke acreditam que eles podem subverter o vilão, que se pegarem a criança e treiná-la para o bem ele não se transformará num monstro. Mas enquanto ficam de ladainha, Fantomex vai lá e dá um tiro na testa do menino. Wow! Não esperava por isso. A missão era bem simples e ele foi lá e concluiu. Todos voltam pra casa em silêncio. Um primeiro arco que termina muito bem e com boa arte, empolgando e meio que falando pro leitor “também seremos tão violentos quanto a equipe do Kyle & Yost“.
NAÇÃO DEATHLOCK
O segundo arco, porém, é mais sem sal. Com a morte do pequeno Apoca, alguns membros da equipe ficaram traumatizados. Deadpool principalmente, que não quer levar nas costas a morte de uma criança. Wolverine faz a linha durão e tenta aceitar que foi o melhor, enquanto Psylocke conversa sozinha na Sala de Perigo pra tentar assimilar tudo. Aliás, essa Sala de Perigo improvisada (e o QG da equipe) estão numa caverna secreta do Anjo, com direito a memorabilia de tudo quanto é tipo dos X-Men, como quadros, uniformes e acessórios. Sim, é uma Batcaverna na cara larga, versão X. Achei bem tosco. Esse segundo arco é focado em Fantomex: ele possui O Mundo, uma espécie de laboratório super secreto que ele encolheu usando uma arma do Dr. Destino e, desde então, o carrega no bolso. Quando ele aumenta O Mundo (sim, é bem Chapolim), seu interior parece uma dimensão paralela. Após conversar com sua mãe sobre seu novo trabalho com a X-Force, Fantomex tem sua residência atacada por vários Deathlocks: versões cibernéticas de heróis. Eles querem O Mundo, para darem ao “Pai“. Apocalipse, depois Mundo, agora Pai… tem alguma mensagem bíblica subliminar aqui, Remender?
Esses Deathlocks são soldados do futuro que voltam pro passado a fim de eliminar qualquer traço que, por ventura, possa impedi-los de virem à tona. São de uma realidade onde todos os superseres se entregaram ao Governo e viraram Deathlocks por “um mundo melhor”. Só que um deles se rebelou e percebeu a condição de escravo que possui, resolvendo ajudar a X-Force a combatê-los. Bem, geralmente acho um pé no saco histórias com realidades paralelas, gente vindo do futuro e cia. Não foi muito diferente aqui. Fantomex aumenta O Mundo e todos entram, pra tentarem achar o Pai ou alguma maneira de derrotá-lo, missão que fica pro Deadpool finalizar, quando ele o encontra e fica sentimental. Um arco interessante por explorar Jean-Phillipe, o Fantomex, por mostrar O Mundo e sua relação com EVA e suas criações, sendo a mãe dele provavelmente uma delas. Mas de resto, um arco bem sem sal.
Há, entre os arcos, a edição especial #5.1 com uma história isolada: a equipe é convocada por Teleporter no Canadá, que vem sendo chantageado por Lady Letal. Os Carniceiros pretendem se teleportar para Utopia e assassinar todos lá. Muita ação, Yuriko usando roupa samurai mais uma vez, muito sangue, homens-bomba e Psylocke cortando gente a rodo, quase uma O-Ren Ishii do Kill Bill. E tem a arte super legal de Rafael Albuquerque (Batgirl Rebirth). No geral, esses dois primeiros arcos de Fabulosa X-Force são legais e divertidos. O primeiro sendo melhor que o segundo. A trama do pequeno Apocalipse é interessante e traz aqueles velhos embates morais, colocando em xeque o papel da equipe. Fantomex, em seu Mundo, também está criando um “bebê” Apoca com capacete da Arma X, deixando um mistério no ar. Quais seus planos? Mas toda a coisa com os Deathlocks, tirando a ótima arte de Esad Ribic (Namor: As Profundezas) com as cores de Matthew Wilson (Viúva Negra), com ótimos efeitos de luz, traz aquela sensação de “já li isso antes”.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.