[Especial] Batgirl Rebirth: Além de Burnside!

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Arcos Principais: Além de Burnside (Beyond Burnside).
Publicação Original/ Brasil: Batgirl #1-6 (DC, 2016)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Hope Larson/ Rafael Albuquerque.

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A DC tem o costume de reestruturar seu Universo de maneira mais agressiva que a Marvel, que prefere manter toda sua cronologia, mas reiniciando as revistas e tomando novos rumos de tempos em tempos (como a recente All-New, All-Different Marvel). Já a DC teve eventos mais drásticos como a Crise nas Infinitas Terras em 1985, que alinhou a história de todos os personagens, e mais recentemente os Novos 52 em 2011 que foi mais radical, reiniciando toda a cronologia (com poucas exceções). Algo que divide opiniões, mas que abocanha novos leitores e boas vendas a curto prazo. E nem 5 anos após os Novos 52, a DC resolve organizar a casa mais uma vez! DC Rebirth (ou Renascimento) começou em maio de 2016 e zerou todas as suas séries, mas mantendo os acontecimentos dos Novos 52 e agregando pontos de sua cronologia anterior. Uma espécie de reboot, mas com um apanhado geral de toda sua história. Este review comenta o primeiro arco da mensal Batgirl (#1-6): Beyond Burnside (Além de Burnside em tradução livre), sem spoilers significativos.

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Nos Novos 52, a Batgirl foi uma das personagens que tiveram uma reformulação bem drástica. Barbara Gordon vestiu o manto da heroína durante os anos 1970 e 1980, quando é atacada pelo Coringa em A Piada Mortal, ficando paraplégica e assumindo o nome de Oráculo, fundando o super grupo Aves de Rapina. Quando a DC rebootou seu Universo, em 2011, Gail Simone passou a escrever a mensal Batgirl, trazendo Babs andando novamente e lidando com essa adaptação ao mundo dos combates num ótimo início. Agora, com o Rebirth, a nova série da Batgirl é escrita por Hope Larson (Goldie Vance), mantendo a tradição recente de autoras escrevendo protagonistas mulheres, porém sem o impacto que a Gail Simone conseguiu no início dos Novos 52.

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Enquanto o pau tá comendo em Gotham, com o início da saga Noite dos Homens-Monstro (envolvendo quase toda a Bat-família), a Batgirl resolveu viajar pelo mundo e esquecer um pouco os problemas. Mas como sabemos, isso é impossível pra qualquer herói. No Japão ela encontra um ex-peguete (Kai) e se mete numa intriga envolvendo colegiais assassinas, artes marciais, cultura nipônica e tudo que também já sabemos que vai ter em histórias assim. Esse é um dos pontos baixos desse primeiro arco: não há nada de grande coisa. Não tem cara de um “início” de fase, mas sim de um arco genérico lá pela edição 20 e tantas de alguma série.

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Larson abusa de balões de pensamento pra conectar o leitor à personagem, explorando a memória fotográfica da Batgirl, que é um dos destaques. A conspiração que rola lá no Oriente (e que ela acaba entrando), envolve alunos de uma misteriosa “Professora”, que querem a todo custo provar seus valores. O encontro da Babs com a vilã e a resolução do arco é tosco, querendo pegar carona num fato de um determinado país, mas que não convence o leitor (pelo menos eu). Há também uma droga que deixa a pessoa mais inteligente, porém repleta de efeitos colaterais, no estilo da droga mostrada no filme Lucy, inclusive com direito a ser transportada no estomago.

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O grande destaque fica para os desenhos de Rafael Albuquerque (Vampiro Americano), que são sempre ótimos e possui algumas diagramações bem interessantes, principalmente nas cenas em que a Batgirl utiliza de sua memória fotográfica. Outro plus na arte são as cores de Dave McCaig (Vikings), deixando tudo muito rosa, muito azul, muito colorido e com preenchimentos a lá pop-art que lembram a série antiga do Batman. Dá uma certa identidade e característica à história, fugindo do clima sombrio de Gotham. Alguns novos personagens, como a heroína japonesa aposentada Fruit Bat, são super carismáticos. Enquanto outros, como o Kai Ma, é meio sem sal.

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O arco termina na edição #5, com o retorno de Babs às suas origens (o que me faz pensar, de novo, que foi um primeiro arco sem relevância), mas a edição #6 traz um epílogo divertido com a Hera Venenosa. Na viagem de volta aos EUA, Barbara descobre que a Dra. Pamela está carregando uma espécie rara de planta pré-histórica, que desperta e passa a destruir todo o avião. É uma história curta e que entretêm, além de ser sempre bom ver a Hera Venenosa, que sou apaixonado. Além de Burnside é um primeiro arco legal, com uma arte excelente e caprichada, mas que não dá um passo à frente. Enquanto a Marvel vem tratando suas protagonistas femininas de maneira a colocá-las em pontos estratégicos, discutindo temas que estão em voga, a DC parece não se importar muito com isso. A própria Gail Simone tomou um rumo bastante feminista quando escreveu o início do volume anterior, com muito mais impacto que este aqui. Talvez seja melhor não haver comparações, mas é impossível não criar esta expectativa. O que é uma pena. A Batgirl é uma das personagens da Bat-família mais interessantes, com um contexto e backstage riquíssimos pra serem trabalhados, fica a esperança de um segundo arco melhor.

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