[Review] A Sombra do Batman #1 !

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Nome Original: Batman & Robin #1; Batwing #1; Batgirl #1; Catwoman #1; Red Hood & the Outlaws #1; Nightwing #1; Batwoman #0

Editora/Ano: Panini, 2012 (DC, 2011)
Preço/ Páginas: R$14,90/ 148 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Peter Tomasi; Judd Winick; Gail Simone; Scott Lobdell; Kyle Higgins; Haden Blackman & J. H. Williams III
Arte: Patrick Gleason; Ben Oliver; Ardian Syaf; Guillem March; Kenneth Rocafort; Eddy Barrows; Amy Reeder Hadley & J. H. Williams III
Sinopse: Batman & Robin: alguém deu início a uma caçada aos Homens-Morcegos espalhados pelo mundo. Batwing: o terror de Massacre. Batgirl: Bárbara Gordon volta à ativa e de cara se vê às voltas com um assassino imbatível. Mulher-Gato: Selina arma um novo golpe… mas antes arranja um tempinho para se vingar. Capuz Vermelho & os Foragidos: Jason Todd, o ex-parceiro do Batman, arregimenta uma equipe de mercenários. Asa Noturna: voltando a usar seu antigo codinome, Grayson reencontra o pessoal do circo em que cresceu. Porém, a morte o acompanha. Batwoman: um certo Cavaleiro das Trevas investiga a mais nova combatente do crime de Gotham.
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Como todos já sabem, a DC Comics zerou sua cronologia e relançou todos os seus títulos a partir do número #1, recontando origens, criando outras novas etc. O evento que ocasionou o “reboot” foi chamado Ponto de Ignição, uma saga em 5 partes envolvendo o Flash e mudanças na realidade. A Panini anunciou que iria publicar os 52 títulos da DC em seus mixes e em edições especiais, algo que os leitores não colocavam muita fé. Leia este post para conhecer as novas revistas e as séries que irão compor o mix de cada uma, além das que acompanharei ^^
 
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A Sombra do Batman é um título que já existia desde 2010 composto por séries relacionadas ao morcego (Batgirl, Detective Comics, Robin Vermelho) e foi zerado para acompanhar Os Novos 52. A revista mantém a proposta e agora é composta pelas séries: Batman & Robin, Batwing, Batgirl, Mulher-Gato, Capuz Vermelho e os Foragidos, Asa Noturna e Batwoman. Já falei por aqui que os únicos heróis que gosto de acompanhar são os X-Men e que, com esse reboot da DC, eu poderia começar a ler outros. Particularmente, não simpatizo muito com o Batman, porém gosto de sua galeria de vilões e heróis adjacentes, por isso escolhi ler A Sombra do Batman, por conter séries como a da Mulher-Gato e da Batwoman, além de Capuz Vermelho, que tem a Estelar dos Novos Mutantes (que simpatizo). Lembrando que dentre todos os títulos relançados, a séries ligadas ao Batman sofreram poucas mudanças.
É interessante notar as diferentes opiniões em torno das séries, caso lêem outros reviews. Há vários fatores que ajudam o leitor a gostar de determinados títulos, como simpatia com o personagem, nostalgia, conhecimento pré-reboot, mudanças cronológicas etc, o que não difere aqui. Citando Batgirl como exemplo: muitos não gostaram, pois sua antiga identidade como Oráculo foi deixada de lado. Eu gostei, mas também não conhecia sua história. Minha queda por títulos protagonizados por mulheres também colabora.
 
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Batman & Robin: escrita por Peter Tomasi (Tropa dos Lanternas Verdes) e desenhada por Patrick Gleason (O Dia Mais Claro), não apresenta grandes novidades ao leitor. Bruce Wayne volta a ser o único Batman e Damian Wayne, seu filho, como Robin. O menino é encrenqueiro e, pré-reboot, chegou a participar dos Novos Titãs e era parceiro de Dick Grayson. Tomasi foca no convívio entre os dois, já que Damian tem pouca afinidade ao pai, além de Bruce o proteger nas missões. Há um inimigo invisível matando heróis ao redor do mundo que, a princípio, fazem parte da Corporação Batman e, ao mesmo tempo, uma gangue tenta roubar um ácido em Gotham. A arte de Gleason segue o padrão do gênero e não traz novidades, porém é competente e agradável.
 
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Batwing:David Zavimbe é Batwing, integrante da Corporação Batman e atuante na Africa. Entre uma investigação e outra, divide espaço com sua carreira de policial, um dos poucos honestos do lugar, por vezes ajudando seus parceiros na forma do morcego. Um crime o deixa intrigado: uma facção de criminosos é brutalmente assassinada, aparentemente, por outra facção. Os demais policiais querem deixar o assunto de lado, já que parece se tratar de intriga entre gangues, mas o próprio Batman se dirige ao local para auxiliar na solução. Isso é narrado em flashback e, no presente, Batwing enfrenta o vilão Massacre, um dos envolvidos no crime.
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O roteiro é do Judd Winick, o mesmo de Exilados (publicado em X-MenExtra) e arte de Ben Oliver (Young X-Men). Os fans dizem que Batwing é um dos títulos criado para preencher as “cotas” da DC, neste caso à de negros. Acho uma besteira rotular tais séries, assim como ocorre em Batwoman (que é lésbica). Claro que é sempre bom explorar a diversidade nos quadrinhos, mas se torna um assunto complicado, já que os próprios leitores gostam de segmentar os gêneros. A arte pintada de Oliver é interessante e, em alguns momentos, lembram fotografias, com boas sequencias e destaque para as cenas sangrentas. Mantêm o ritmo de Batman & Robin.
 
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Batgirl:uma série que divide opiniões. Barbara Gordon, filha do Comissário Gordon, foi a Batgirl durante os anos 1970 e 1980, quando leva um tiro do Coringa (na famosa A Piada Mortal) e fica paraplégica, impedida de usar o uniforme e combater o crime. Desde então, ela assume a identidade de Oráculo, graças à sua inteligência, memória fotográfica e conhecimentos como hacker, fundando o grupo Aves de Rapina. Com o reboot a sua história não foi esquecida, porém ela volta a andar e tenta se tornar a Batgirl novamente. Como ela se recuperou, é um mistério.
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Para quem acompanhava suas histórias, a mudança foi um choque; e em contra partida, a personagem é uma novidade para mim. Os roteiros são de Gail Simone (Aves de Rapina, Mulher-Maravilha), uma das poucas mulheres na equipe criativa dos Novos 52, que concedeu ao título um ar bastante “feminista”. Barbara está enferrujada, suas pernas não estão 100% e o trauma causado por Coringa persiste. Os flashbacks de quando levou o tiro ficaram interessantes e servem para mostrar ao leitor que pouco mudou de seus passado. Ainda insegura, sai da casa do pai e decide morar sozinha, enfrentando o medo de se relacionar com novas pessoas. Em paralelo, um vilão chamado Espelho está matando pessoas que sobreviveram de algum acidente cuja morte era certa, dentre elas a própria Barbara consta na lista. Os desenhos de Ardian Syaf (Superman/ Batman) são bons e dinâmicos, as cores de Ulises Arreola (Arqueiro Verde) são claras e, no geral, a arte da história está acima da média. Se comparado às duas primeiras séries, Batgirl me agradou mais.
 
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Mulher-Gato: outro título que divide opiniões e que, inclusive, gerou polêmica em seu lançamento. O roteirista é o mesmo de Batwing (Judd Winick) e aposta na sensualidade de Selina Kyle e seu relacionamento com Batman, sem pudores. De início, vemos a gata tentando vestir seu uniforme, guardar seus gatos numa gaiola e fugir de um atentado em seu apartamento ao mesmo tempo. Os terroristas querem mata-la e não medem esforços, explodindo todo o andar. O motivo do ataque nem Selina sabe. Sem teto e sem dinheiro, ela pede ajuda à uma amiga, que lhe indica um terraço cujos moradores estarão ausentes e a coloca para trabalhar numa casa noturna freqüentada pela máfia russa de Gotham. Lembranças de seu passado surgem quando escuta uma voz familiar, deixando-a furiosa e arruinando seu disfarce.
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Chegando ao final, fica a impressão de que tudo isso não passou de uma desculpa para o roteirista colocá-la cara à cara com Batman. Com o reboot, Selina não sabe a real identidade do morcego e possui um caso com o mesmo. As últimas cenas são picantes e remete ao título da história (Sem Tirar Todo o Uniforme), com doses caprichadas de fetichismo e voyeurismo para os leitores de plantão. Tais momentos foram os responsáveis por colocar a Mulher-Gato entre as várias polêmicas envolvendo o tratamento que a DC deu à algumas personagens (como Estelar, da próxima história). Os desenhos de Guillem March (Sereias de Gotham) são inconsistentes, variando entre ótimas cenas (como na luta entre Selina e o russo) e proporções impossíveis, erros anatômicos, momentos forçados. O destaque fica para as cores de Tomeu Morey (Azrael) nas cenas em que ela usa peruca ruiva. No geral, é uma história sem novidades, que não agrada, mas também não decepciona.
 
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Capuz Vermelho e Os Foragidos: a história mais criticada do mix. Escrita pelo Scott Lobdell (Geração X) e apresentando os heróis Capuz Vermelho, Arsenal e Estelar, foi levado a sério o termo “reboot”. Roy Harper (Arsenal) está preso e recebe a ajuda de Jason Todd (Capuz) para escapar da prisão. Eis que surge Estelar, a princesa alienígena, para dar cobertura à fuga. A leitura é rápida e a narrativa se assemelha à um filme de ação lotado de clichês e com toques de comédia. Os desenhos são de Kenneth Rocafort (Madame Mirage), exaltando as curvas dos personagens e não desaponta. Porém é na história e, principalmente, na nova caracterização dos personagens que Capuz Vermelho e os Foragidos desaponta.
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O trio já fez parte dos Novos Titãs e não fica claro se, com o reboot, o fato continua valendo. Se na série da Mulher-Gato ficou claro um fundo de sensualidade, aqui é só isso. Estelar é retratada como uma alienígena que não supre sentimentos pelos humanos e só deseja sexo, além de esquecer o que fez a cada meia hora. Lobdell transformou uma heroína meiga e cativante numa personagem vazia vinda de séries como SOS Malibu. Os Novos Titãs é um dos grupos que mais simpatizo na DC e a transformação da Estelar foi medonha! Algumas cenas, como ela saindo da água, parecem filmadas em câmara lenta. Nisso não se pode reclamar, Rocafort soube desenhar boas poses. Mas ao final, o leitor não sabe se leva a sério ou não a história, uma espécie de Sex and The City com explosões. Estelar dorme tanto com Roy quanto com Jason, e tudo é levado numa boa. Se a série fosse protagonizada por novos personagens, até seria divertida de ler, mas conseguiram destruir os ex-integrantes dos Novos Titãs. Rocafort poderia ter dado, pelo menos, o mesmo tratamento que deu à Princesa Koriand’r ao Arsenal e Capuz ^^
 
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Asa Noturna: Dick Grayson, quando criança, trabalhava no Circo Haley como acrobata junto de sua família, formando “Os Graysons Voadores”, até a noite em que seus pais são assassinados. Órfão, Dick é adotado por Bruce Wayne e se torna o primeiro Robin. Anos mais tarde ele se une aos Novos Titãs, abandona o traje de ajudante mirim do Batman e se torna o Asa Noturna. Nesta edição, ele volta à Gotham e se surpreende ao descobrir que o Circo Haley está de passagem pela cidade. Em meio à lembranças de sua infância, ele decide visitar seus antigos amigos. Porém, um assassino surge para matar Dick Grayson e acaba enfrentando Asa Noturna.
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O roteiro é de Kyle Higgins (que também escreve a série do Exterminador) e une bem as cenas mais calmas, de reflexão e lembranças, com os momentos de ação. O personagem possui muitos fans e teve uma boa “volta”, tendo em vista que as séries ligadas ao universo do Batman pouco mudaram com o reboot. Os desenhos são do brasileiro Eddy Barrows (Novos Titãs) e são ótimos, ágeis e funciona muito bem com o estilo de movimentos do herói.
 
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Batwoman: outra série que gerou polêmica. Ao contrário das demais, essa não faz parte do reboot, sendo lançada meses antes para reapresentar a personagem ao público. A decisão da Panini em publicar esta edição #0 em vez da primeira foi acertada. Com o roteiro de J. H. Williams e Haden Blackman (Star Wars), mostra uma Batwoman de volta à ação e perseguindo a Religião do Crime, enquanto um Batman misterioso à persegue tentando descobrir sua identidade secreta ou confirmar suas suspeitas. O fato de Kate Kane ser lésbica gerou algumas controvérsias, mesmo que isso tenha sido mostrado de forma muito suave.
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Mas o trunfo da série está em sua elogiada arte, fantástica. Os desenhos se dividem em dois momentos simultâneos: as cenas com Kate Kane e as cenas com a Batwoman, desenhadas por artistas diferentes. A diagramação é interessante e utiliza de muitas páginas duplas para dar sensação de movimento em ótimas sequencias e não se torna repetitivo ou apelativo, como costuma ocorrer. Amy Reeder Hadley (Madame Xanadu) criou as cenas com Kane à paisana e possui traços bonitos e agradáveis, enquanto as cenas em uniforme foram feitas pelo próprio J. H. Williams. O artista desenhou a série Promethea e é um dos principais nomes do momento, sendo escolhido para criar o especial de 25 anos de Sandman junto de Neil Gaiman. Seus traços são fortes e as cores de Dave Stewart (Daytripper) auxiliam na construção visual, principalmente por contrastar o branco e o vermelho. Uma ótima série, fechando com chave de ouro a edição.
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A Sombra do Batman #1 compila 7 séries que, no geral, são acima da média e surpreende o leitor, agradando aos fans da turma do Batman e àqueles que estão começando agora, algo difícil de ocorrer em edições que trazem muitas títulos. Todas são agradáveis de ler, com destaque para Batwoman. Capuz Vermelho e os Foragidos não pode ser levado a sério (temo em saber que Lobdell também escreve Novos Titãs & Superboy), mas não compromete o resultado final. O acabamento segue o padrão das revistas mensais: capa couché, miolo pisa brite e, devido ao tamanho, lombada quadrada. Apesar do valor, se mostrou uma boa opção de mix para acompanhar.

nota 7,5 h

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