[Review] Daytripper !

daytripper panini

Nome Original: Daytripper #1 ao #10
Editora/Ano: Panini, 2012 (Vertigo, 2010)
Preço/ Páginas: R$24,90/ 26o páginas
Gênero: Alternativo
Roteiro/ Arte: Fábio Moon e Gabriel Bá
Sinopse: Conheça Brás de Oliva Domingos. Milagroso filho de um mundialmente famoso escritor brasileiro, Brás passa os dias escrevendo obituários e as noites sonhando em se tornar um escritor de sucesso – ele escreve o fim da história de outras pessoas enquanto a sua própria mal começou.

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Fábio Moon e Gabriel Bá são irmãos gêmeos, paulistanos e quadrinistas que ganharam notoriedade com sua publicação independente Dez Pãezinhos, no início dos anos 2000, que abriu portas para o mercado internacional. Publicaram em 2007 uma adaptação em quadrinhos de O Alienista, de Machado de Assis, vencendo o Prêmio Jabuti (o mais importante da literatura nacional). Nos EUA conseguiram um destaque ainda maior, lançando diversos títulos para as principais editoras como Vertigo, Image e Dark Horse, ao lado de grandes roteiristas como Matt Fraction (Casanova) e Mike Mignola (Hellboy). Mas pouco desse material chegou ao Brasil.

Talvez o último grande trabalho da dupla foi Daytripper, originalmente lançado em 10 edições pelo selo Vertigo da DC em 2010 e mais tarde compilado num único álbum, vindo para o Brasil em 2011 pela Panini. Aclamada pela crítica, recebeu um Prêmio Eisner (o mais importante das HQs americanas – sendo um dos poucos brasileiros a ganhar). E, depois de lida, posso afirmar tudo isso e dizer que Daytripper é uma das melhores HQs dos últimos anos, com uma delicadeza narrativa, diálogos afiados e um arranjo muito interessante.

daytripper panini página 1

O protagonista é Brás de Oliva Domingos: filho de um escritor famoso, trabalha escrevendo obituários, sonha em ser um grande escritor e divide seus momentos com o melhor amigo Jorge. Uma pessoa normal. Cada capitulo de Daytripper ocorre numa determinada fase de sua vida, o primeiro quando tem 32 anos, o segundo com 21 e por aí em diante, de forma não linear. O interessante é que Brás morre em todos eles. Cada capitulo é uma perspectiva de sua vida, talvez uma realidade alternativa, um sonho e tantas outras teorias que podemos destrinchar. Talvez Daytripper queira nos mostrar o que nossas decisões são capazes de fazer, os rumos que podemos ter, os caminhos possíveis a percorrer.

Sem dúvida é um dos diferenciais do álbum. E o que poderia ser massante ou até mesmo repetitivo, é transformando em belos contos sobre amizade e família. Por incrível que pareça, entendemos Brás cada vez mais ao passar das páginas. A essência dele está em todas as suas possíveis vidas.

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Dentre os 10 capítulos há diversas pérolas. Enquanto alguns focam em sua amizade com Jorge, nos mochilões e o que é capaz de fazer para revê-lo, outros são mais íntimos e mostram o convívio com sua esposa. No âmbito familiar, tem o difícil relacionamento com o pai, as descobertas da infância e até mesmo a velhice.

Todos ótimos. Destaco o da sua infância, quando passava no sítio dos avós e um em que sequer aparece, tendo a história narrada do ponto de vista da esposa, que aguarda com o filho a volta de Brás. As situações são tão reais e tocantes, incrível. Há uma cena em que seu filho, criança, está assistindo Rei Leão (bem a parte da morte do Mufasa) e há um diálogo entre ele e sua mãe, até mesmo banal, mas que bate com a animação de forma sensacional. Essa é uma das partes mais emocionantes. Aliás, toda a HQ tem diálogos e recordatórios excelentes.

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Em quesito visual, o traço da dupla é bastante detalhado e estilizado em certos momentos, com uma ambientação bem realista. A história vai de São Paulo à Bahia e em cada cidade, casa ou bar que Brás passa são super característicos. Isso deixa o leitor mais próximo, principalmente o brasileiro, por reconhecê-los (tem até aquele acidente da TAM). Falando nisso, outro ponto de Daytripper é a identificação com o leitor. Como vemos Brás em várias fases, impossível não se identificar com alguma, ou pelo menos com determinado momento. Eu mesmo me enxerguei em vários ali. As cores em aquarela são do veterano Dave Stewart (Batwoman, Mulher Gato: Cidade Eterna), perfeitas.

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A Panini publicou por aqui em duas versões, uma em capa dura (2011) e outra em capa cartonada (2012), ótimo acabamento, miolo couché, capas originais, alguns rascunhos e comentários como extra. Daytripper é uma HQ super recomendada, ambientada no Brasil e que versa sobre a vida em suas mais diversas facetas, da amizade verdadeira aos conflitos familiares e amorosos, os bons e maus momentos, sobre as possibilidades e decisões, perspectivas. Seu entendimento será único para cada leitor.

nota 10 e

Alguém lembra de Memórias Póstumas de Brás Cuba?

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