Editora/Ano: Panini, 2005(DC, 2004)
Preço/ Páginas: R$5,90/ 52 páginas cada
Gênero: Super-Herói/ Ação
Roteiro: Jeph Loeb
Arte: Tim Sale
Sinopse: A Mulher-Gato está muito perto de desvendar a verdade sobre o seu passado, mas alguns segredos são perigosos demais para serem revelados… e isso pode lhe custar muitas de suas vidas de felina. Será que Selina está preparada para lidar com as conseqüências do que vai encontrar?
Mulher-Gato: Cidade Eterna é uma mini-série em 6 edições (3 nacionais) criada pela famosa dupla Jeph Loeb e Tim Sale, uma das melhores no repertório da gata. Loeb e Sale são os responsáveis pela “trilogia das cores” da Marvel (Hulk – Cinza, Homem-Aranha – Azul e Demolidor – Amarelo), além de títulos como Batman – O Longo dia das Bruxas e Superman – As Quatros Estações para a DC. Desta vez a premiada dupla teve a ajuda do colorista Dave Stewart, o mesmo de Daytripper e Joe, o Bárbaro.
Nesta mini, Selina Kyle vai à Roma para investigar os Verrini, famosa família mafiosa das redondezas de Gotham e que Kyle suspeita ser parente. Mais precisamente, filha do casal Romano. O vilão Edward Nigma, o Charada, também vai junto para ajuda-la na investigação (ou atrapalha-la). Porém coisas estranhas acontecem a todo momento, como a sabotagem em seu apartamento, os estranhos sonhos com Batman e a misteriosa morte de Don Verrini, ocasionada pelo suco de riso do Coringa. A aparição de outros vilões de Gotham também surpreende a Mulher-Gato.
Jeph Loeb criou uma trama interessante que consegue unir alguns fatos mostrados em Batman – O Longo Dia das Bruxas e Vitória Sombria, e expandir a mitologia da Mulher-Gato. Apesar de manter uma boa narração por todas as edições, é na última que ocorre a cartada final, numa sacada muito interessante unindo todos os protagonistas e fechando várias pontas. Fui surpreendido, já que não havia matado a charada desde o início 🙂
Logo na primeira edição temos a aparição de boa parte dos vilões do Batman, como o Duas-Caras, Coringa e Senhor Frio. Todos suspeitos do crime contra Verrini, à qual Selina levou a culpa e que agora corre atrás de pistas para inocentá-la, além de descobrir a verdade sobre seus pais. A galeria de vilões do morcego é uma das melhores nos quadrinhos, sem dúvida, com personagens bastante distintos e insanos. Selina não é, necessariamente, uma vilã do Batman, sendo vista mais como antagonista, pois os dois possuem uma relação bastante complicada.
É nesta “afinidade” entre os dois que se concentra uma subtrama em Cidade Eterna. Selina possui pesadelos todos os dias desde que chegou em Roma e, em todos eles, o Batman aparece para perturba-la, numa mistura de ódio e amor. O curioso é que sempre quando acorda, de susto, Edward Nigma está próximo, numa cena constrangedora, pois no sonho ela está beijando Bruce e, quando acordar, acaba beijando o Charada. A HQ possui este lado cômico bem forte, pois não é totalmente séria, a caracterização cartunesca de Tim Sale também ajuda.
Falando em Sale, a arte da mini é o ponto alto. À começar pelas capas: simples, diretas e estilosas. Os personagens também ganharam uma roupagem diferente da comum e estão mais cartunescos, mas de um modo positivo. As sequencias são bastante dinâmicas e bem planejadas, como quando Kyle invade a Basílica ou quando é pega pela arma de gelo do Senhor Frio. Toda a sensualidade da gata também está presente, principalmente em suas cenas com o “Loirinho”, o guarda-costas de Verrini que agora fica na cola de Selina, e os momentos de camisola e poses de matar. Também é legal vê-la vestindo um de seus uniformes clássicos, o roxo. O sonho da edição #2 é uma das melhores partes, com uma arte altamente estilizada.
Apesar dos desenhos de Tim Sale serem excelentes, o mesmo pode ser dito das cores de Dave Stewart. Sua paleta é incrível, com ótimas combinações e os fundos mais pastéis. Interessante notar como as cores se alternam nas cenas mais claras e nas mais escuras. A aparência “aquarelável” também deixa a arte mais peculiar.
Outros destaques ficam para as citações durante a história, como sobre Mussolini; da luta entre Mulher-Gato e Mulher-Leopardo, da cena na Basílica de São Pedro e dos cartões postais ao final de cada edição. A Panini publicou Cidade Eterna em três partes, mantendo as capas originais no interior, sem extras, capa em couché e miolo LWC. Não é uma HQ perfeita, mas muito interessante, ainda mais para os fans da personagem, com um desfecho inusitado e uma excelente arte para ser admirada, além de sua semelhança com animações da DC.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.
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