[Review] Demolidor: A Morte do Demolidor!

Arcos Principais: A Morte do Demolidor (The Death of Daredevil).
Publicação Original/ Brasil: Daredevil #606-612 (Marvel, 2018).
Roteiro/ Arte: Charles Soule/ Phil Noto.

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A Morte do Demolidor” é o último arco escrito pelo Charles Soule à frente do Homem Sem Medo, que vinha escrevendo o herói desde o final de 2015 com o primeiro arco Dez Dedos em Chinatown, quando eu também decidi acompanhar a revista. 3 anos e quase 50 edições depois, Soule decide fechar sua fase com um título polêmico, trazendo um Matt Murdock mais reflexivo, tentando superar um acidente que quase o matou. Review especial sem muitos spoilers!

A MORTE DO DEMOLIDOR

A decisão do Wilson Fisk, mais conhecido como Rei do Crime, de se candidatar à Prefeitura de Nova York e eventualmente ganhar, acabou tremendo as bases do Demolidor. Vimos a ascensão do vilão ao cargo em Prefeito Fisk e, logo em seguida, vimos ele ser atacado pelo Tentáculo, colocando o próprio Murdock (que era seu vice) como prefeito temporário em Prefeito Murdock. Podemos considerar que A Morte do Demolidor funciona como um fechamento dessa trilogia, com Fisk de volta ao gabinete e Murdock querendo a todo custo mostrar à cidade que a eleição foi fraudada. Ele monta um time a fim de tocar em frente essa investigação, composto por Frank McGee (que era guarda-costas dos Inumanos), do inumano Leitor e do X-Men Cifra. Após uma briga com o Cabeça de Martelo, o Demolidor segue para o Bar Sem Nome e lá descobre alguém que se parece exatamente com ele e atende pelo nome de Mike Murdock!

Nos primeiros anos da revista do Demolidor, lá na década de 1960, quando sua identidade secreta foi revelada, Matt criou uma nova personalidade: seu irmão gêmeo Mike Murdock. Assim, quando ele se passava pelo Mike, podia ser mais livre e sem se preocupar com a questão de revelar sua identidade. Com o tempo isso foi deixado pra trás, mas agora esse gêmeo fictício reaparece como uma pessoa de verdade e graças aos poderes do Leitor, o inumano cego que consegue criar qualquer coisa a partir de sua leitura em braile, dando vida acidentalmente ao Mike ao ler sobre a história do Demolidor. A explicação é meio trash, piorando quando o Matt acredita que o Leitor não deve fazê-lo desaparecer, agora que ele é uma pessoa de verdade, numa tomada de decisão bem questionável.

Mas o real estopim desse arco está na edição #609, quarta parte desse arco e quando realmente começa “A Morte do Demolidor“: ao tentar salvar um jovem de ser atropelado, o Matt acaba levando todo o impacto do caminhão, indo parar no hospital e quase morrendo. Afinal de contas, ele não é o Superman pra quebrar todo o caminhão, né? A partir daí entramos numa aventura pelas dúvidas do herói, tudo com a arte do Phil Noto (Viúva Negra), que tanto desenha quanto colore, dando um tom mais etéreo e clean à história, quase translúcido. Não temos aquele lado psicodélico e super estilizado (que adoro) que vimos em arcos anteriores, mas o Noto traz seu próprio estilo ao personagem, que por si só já é muito bom.

Acreditando que precisa aproveitar cada momento da sua vida e desmascarar de vez o Wilson Fisk, o Demolidor sai tomando decisões bem radicais, como revelar sua identidade secreta ao grupo que formou, ou até mesmo dar uma segunda chance à Elektra Natchios, além de enfrentar um novo e misterioso vilão: o Vigilante, que usa adagas feitas de osso. Pra ele, que experimentou a quase morte, não há mais tempo a perder! Interessante dizer que o Charles Soule, assim como Matt Murdock, também é advogado. Isso influenciou muitos aspectos durante essa fase toda, como no arco Supremo, onde o Matt foi à Suprema Corte dos EUA para defender que heróis possam testemunhar anonimamente. Agora nesse arco, temos uma outra passagem importante, quando o Fisk é levado a julgamento e vemos vários heróis prontos para testemunhar!

Perto das últimas edições edições a gente já tem uma ideia de quem possa ser a pessoa por trás do Vigília, assim como o que significa toda essa última trama construída pelo Soule, envolvendo esse novo Murdock. Mas não tira seu mérito, com um final trazendo uma boa reviravolta, respondendo às varias perguntas que fomos fazendo no decorrer da leitura e deixando um terreno fértil para a próxima equipe criativa, principalmente por abordar esse lado mais humanista, “com medo da morte” e menos destemido do herói. Inclusive há toda uma pegada psicológica nesse arco, além de uma estrutura bem pensada: as quatro últimas partes trazem como subtítulo uma fobia diferente, como tanatofobia (medo da morte) e fobofobia (medo do próprio medo), que vai dando novas camadas à história. No todo, não chega a ser surpreendente, já que tem várias passagens que temos que entrar na magia, com batalhas muito fáceis contra alguns vilões (numa delas, o Demolidor luta contra 6 ao mesmo tempo!), mas entre os altos e baixos nessa fase do Soule, A Morte do Demolidor está na parte alta.

Confira a sequência dos reviews de Demolidor que fiz aqui no site:

Fase Frank Miller
Demolidor: Amor e Guerra

Fase Mark Waid
Demolidor: As Crianças Púrpuras 

Fase Charles Soule
Demolidor: Dez Dedos em Chinatown
Demolidor: Conexão Elektra e o Blefe do Cego 
Demolidor: Arte das Trevas 
Demolidor: O Sétimo Selo e Púrpura
Demolidor: Supremo
Demolidor: Terra de Cego
Demolidor: Prefeito Fisk
Demolidor: Prefeito Murdock
Demolidor: A Morte do Demolidor

Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outras séries!

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