Arcos Principais: Edição especial.
Publicação Original/ Brasil: Batman: The Merciless (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Peter J. Tomasi/ Francis Manapul.
O grande evento do Batman em 2017 foi a saga Dark Nights, que traz 7 versões do Morcego mescladas à 7 outros personagens, como o Coringa, Aquaman e o Ciborgue, todas de um Multiverso Sombrio que vem morrendo, decidindo por se juntarem e dominarem a Terra 0, que seria a realidade principal da editora (mas que possivelmente pode ser alterado com o Doomsday Clock, envolvendo o Superman e o Dr. Manhattan). Um evento que tem o metal enésimo como difusor, o mesmo da raça do Gavião Negro, que possui propriedades mágicas (que comentei no prelúdio da saga). O título também deriva do teor da trama, que abusa de artilharia pesada, super trajes, máquinas, tudo muito heavy metal. Como de praxe em grandes eventos, além da série principal, a Dark Nights: Metal escrita pelo Scott Snyder (All-Star Batman, Wytches), tem rolado diversos tie-ins em outras séries. Mas o interessante, mesmo, são as edições especiais mostrando a origem de cada uma dessas 7 versões do Batman. Já resenhei todas elas aqui: a Morte Vermelha (Flash), A Máquina Assassina (Ciborgue), o Destruidor da Alvorada (Lanterna Verde), A Afogada (Aquaman), O Devastador (Apocalipse) e O Batman Que Ri (Coringa). O Impiedoso é a versão do Batman que rouba o elmo do Ares, se transformando num morcego da guerra. Review com spoilers!
O IMPIEDOSO
Apesar do Batman ter um envolvimento amoroso com a Mulher-Gato e a Mulher-Maravilha ter o Steve Trevor, muitos ainda shipam os dois como casal. E nessa versão do Batman, durante um confronto com o Ares, ele acaba surtando ao perceber que a Mulher-Maravilha morreu, acabando por roubar o elmo do vilão e se transformando numa espécie de novo deus da Guerra e, literalmente, tacando o terror em geral. O roteiro é do Peter J. Tomasi (Superman Rebirth) e a história não me convenceu em alguns pontos, principalmente nesse combate contra o Ares (ele simplesmente deixou o elmo cair de boas? O que aconteceu?) ou com o plot twist de que a Mulher-Maravilha, na verdade, não estava morta. O Batman é o maior detetive do mundo e não percebeu que ela só tava atordoada? Claro que, por ser uma edição especial e curta, tudo ocorre muito rápido e não dá pra ter tantas explicações, porém não curti essas partes.
Por outro lado, Tomasi também traz uma outra perspectiva que até então, nessas edições especiais, não tínhamos visto: como o Governo está agindo com essa invasão de Batmen malignos. Algumas das pessoas mais poderosas estão reunidas, discutindo o que farão caso a situação saia do controle. Entre elas o próprio Steve Trevor, a Amanda Waller, o General Sam Lane e Mr. Bones. E essa perspectiva faz toda a diferença, porque saímos da clássica invasão de vilões sendo combatidos por supers e lembramos que a Terra ainda possui suas defesas “manuais”, digamos assim. Claro que a última cartada é arremessar uma bomba nuclear nessa galera toda, independente de quantas vidas inocentes estão em jogo. O grupo só não esperava a chegada do próprio Impiedoso no QG, desencadeando uma sequência de cenas que ninguém entende ao certo o que tá rolando, de tanta confusão. Uma edição que tem seus altos e baixos, porém com o bônus da arte sempre sensacional de Francis Manapul (Trindade Rebirth), com sequências e enquadramentos lindíssimos, transformando cada página num deleite, fazendo a diferença.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.