Arcos Principais: Edição especial.
Publicação Original/ Brasil: Batman: The Red Death (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Joshua Williamson/ Carmine Di Giandomenico.
O grande evento do Batman pra esse 2017 é a saga Dark Nights, que traz 7 versões do Morcego mescladas à 7 outros personagens, como o Coringa, Aquaman e o Ciborgue, todas de um Multiverso Sombrio que vem morrendo, decidindo por se juntarem e dominarem a Terra 0, que seria a realidade principal da editora (mas que possivelmente pode ser alterado com o Doomsday Clock, envolvendo o Superman e o Dr. Manhattan). Um evento que tem o metal enésimo como difusor, o mesmo da raça do Gavião Negro, que possui propriedades mágicas (que comentei no prelúdio da saga). O título também deriva do teor da trama, que abusa de artilharia pesada, super trajes, máquinas, tudo muito heavy metal. Como de praxe em grandes eventos, além da série principal, a Dark Nights: Metal escrita pelo Scott Snyder (All-Star Batman, Wytches), tem rolado diversos tie-ins em outras séries. Mas o interessante, mesmo, são as edições especiais mostrando a origem de cada uma dessas 7 versões do Batman. Já resenhei todas elas aqui: A Máquina Assassina (Ciborgue), o Destruidor da Alvorada (Lanterna Verde), A Afogada (Aquaman), O Devastador (Apocalipse), O Impiedoso (Ares) e O Batman Que Ri (Coringa). A primeira foi The Red Death, ou a Morte Vermelha, a mistura do Batman com o Flash. Review com spoilers!
A MORTE VERMELHA
Na Terra 52, uma Gotham que Bruce Wayne não conseguiu salvar. Uma cidade que entrou num caos e que seu principal guardião, o Batman, não foi rápido o suficiente pra salvá-la. Essa é a base para a origem do Morte Vermelha, um Bruce Wayne se sentindo velho, lento, almejando o poder do Flash, querendo roubar sua Força de Aceleração. O roteiro é do Joshua Williamson (Nailbiter) e os desenhos de Carmine Di Giandomenico (Magneto: Testamento), a mesma equipe criativa da revista do Flash Rebirth. A história, como de costume, busca representar o Bruce como alguém que perdeu tudo e por isso se tornou o que é, fez o que fez. Nesse caso, além dos pais, foi-se todos os seus amigos e protegidos. Com medo de não ser rápido o suficiente para um próximo ataque, acaba roubando a Força de Aceleração do Flash, amarrando-o no capô de um mega Batmóvel, correndo na Esteira Cósmica. Sim, tudo é bem exagerado, seguindo a pegada de heavy metal. Porém, como resultado, os dois acabaram se fundindo numa só figura sombria. A arte do Giandomenico está sensacional, todo o design do personagem merece destaque. Apesar de parecer, meio de longe, com o Lord Zedd dos Power Ranges, a Morte Vermelha é bem estilosa. Com duas asinhas na cabeça e deixando um rastro de morcegos demoníacos quando corre, também acaba lembrando um pouco do Spawn.
Um outro ponto interessante é que o Batman dessa Terra 52 é como a versão do Batman do Frank Miller. Muita gente vira o rosto quando se trata de mega-eventos, mas Dark Nights acaba se mostrando acima da média. Há o fanservice, claro, mas também todo um suspense em descobrir os planos de Barbatos, como os heróis da Terra 0 irão reagir e o confronto entre a Morte Vermelha e esse outro mundo, o mundo que “vive”, ao contrário do dele, destinado a morrer. Quando ele chega na Terra 0, por exemplo, acaba lidando com o próprio Flash e com Iris e o Wally West, o novo Kid Flash dos Jovens Titãs. Esteticamente, essa briga é linda. O rastro escarlate e cheio de morcegos deu um efeito e tanto. Importante comentar que há uma briga entre o Bruce e o Flash dentro da nova figura, um sobrepondo o outro, indicando que pode haver alguma crise de identidade/ consciência mais pra frente. Sou meio verme do universo do Batman, mas de maneira geral é uma ótima edição, que empolga, cheia de adrenalina e que se entrega ao que promete, uma versão sombria e exagerada do Batman com o Flash, que não pensa duas vezes antes de matar algum vilão (como dividir o Espantalho ao meio) e cortar o mal pela raiz, que literalmente não perde tempo. De brinde, ainda somos agraciados com uma introdução muito boa, explicando o nascimento dessas outras Terras natimortas, e também com o sorriso macabro e as ideias absurdas e loucas do Batman Que Ri, a versão misturada com o Coringa!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.