Arcos Principais: Edição especial.
Publicação Original/ Brasil: Batman: The Murder Machine (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Frank Tieri e James Tynion IV/ Riccardo Federici.
O grande evento do Batman pra esse 2017 é a saga Dark Nights, que traz 7 versões do Morcego mescladas à 7 outros personagens, como o Coringa, Aquaman e o Ciborgue, todas de um Multiverso Sombrio que vem morrendo, decidindo por se juntarem e dominarem a Terra 0, que seria a realidade principal da editora (mas que possivelmente pode ser alterado com o Doomsday Clock, envolvendo o Superman e o Dr. Manhattan). Um evento que tem o metal enésimo como difusor, o mesmo da raça do Gavião Negro, que possui propriedades mágicas (que comentei no prelúdio da saga). O título também deriva do teor da trama, que abusa de artilharia pesada, super trajes, máquinas, tudo muito heavy metal. Como de praxe em grandes eventos, além da série principal, a Dark Nights: Metal escrita pelo Scott Snyder (All-Star Batman, Wytches), tem rolado diversos tie-ins em outras séries. Mas o interessante, mesmo, são as edições especiais mostrando a origem de cada uma dessas 7 versões do Batman. Já resenhei todas elas aqui: a Morte Vermelha (Flash), o Destruidor da Alvorada (Lanterna Verde), A Afogada (Aquaman), O Devastador (Apocalipse), O Impiedoso (Ares) e O Batman Que Ri (Coringa). A segunda lançada foi A Máquina Assassina, uma mistura do Batman com o Ciborgue! Review com spoilers!
A MÁQUINA ASSASSINA
A premissa é semelhante ao Morte Vermelha e, bem provavelmente, também será das próximas origens: até onde o Batman vai ao perder um ente querido? Nesse caso, na Terra 44, vemos o Alfred sendo brutalmente assassinado por vilões como Bane e Arlequina. Extremamente abatido, Bruce desabafa sobre como o mordomo era um pai pra ele, que nunca teve durante a adolescência e fase adulta, como nunca pôde aproveitar isso. E com remorso, pede para o Ciborgue criar um androide a partir da consciência do Alfred, que o Bruce havia armazenado, como uma inteligência artificial. Porém, como é de se esperar, o androide chamado Protocolo Alfred dá erro 404 e começa a se multiplicar, repetindo a frase “em que posso ajudar?” ao infinito e eliminando todos os inimigos do Batman.
Essa edição não me chamou a atenção porque a capa é horrível, não consigo tirar a imagem do Thomaz, o Trenzinho sempre que a vejo. Mas para minha surpresa, essa máquina não aparece. Ao contrário, a Inteligência Artificial do Alfred se une ao Batman, virando um super Ciborgue 2.0, sem medo ou moral. Esse novo híbrido chega na Terra principal e resolve tomar a Torre de Vigilância, eliminando o Ciborgue que conhecemos. O roteiro é do Frank Tieri (Arma X) com apoio do James Tynion IV (Detective Comics Rebirth), trazendo pontos interessantes como a relação pai e filho do Bruce com Alfred e do Victor com seu pai, que faz uma ponta. Mas a impressão que fica é dessas edições serem um exercício de sadismo. Não só a Máquina Assassina arranca a cabeça do Ciborgue da outra Terra, como também mata diversas outras pessoas. A arte do Riccardo Federici é diferenciada, com destaque para o corpo do vilão (e das I.A.) se desfragmentando, efeito muito bom. Ele não tem muitos trabalhos em HQs, mas promete. Voltando ao sadismo, vemos nessas histórias algo que todo mundo imagina, mas que nunca é feito de fato na Terra principal, que é ir até as últimas consequências, cortar o mal pela raiz, prevenir um monte de mortes ao matar algum vilão. Fica aquele gosto de “ah, é realidade paralela, ninguém se importa“. Mas ainda uma boa história, sombria e violenta.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.