Arcos Principais: Edição especial.
Publicação Original/ Brasil: Batman: The Drawned (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Philip Tan.
O grande evento do Batman pra esse 2017 é a saga Dark Nights, que traz 7 versões do Morcego mescladas à 7 outros personagens, como o Coringa, Aquaman e o Ciborgue, todas de um Multiverso Sombrio que vem morrendo, decidindo por se juntarem e dominarem a Terra 0, que seria a realidade principal da editora (mas que possivelmente pode ser alterado com o Doomsday Clock, envolvendo o Superman e o Dr. Manhattan). Um evento que tem o metal enésimo como difusor, o mesmo da raça do Gavião Negro, que possui propriedades mágicas (que comentei no prelúdio da saga). O título também deriva do teor da trama, que abusa de artilharia pesada, super trajes, máquinas, tudo muito heavy metal. Como de praxe em grandes eventos, além da série principal, a Dark Nights: Metal escrita pelo Scott Snyder (All-Star Batman, Wytches), tem rolado diversos tie-ins em outras séries. Mas o interessante, mesmo, são as edições especiais mostrando a origem de cada uma dessas 7 versões do Batman. Já resenhei todas elas aqui: a Morte Vermelha (Flash), A Máquina Assassina (Ciborgue), o Destruidor da Alvorada (Lanterna Verde), O Devastador (Apocalipse), O Impiedoso (Ares) e O Batman Que Ri (Coringa). Criei muita expectativa por A Afogada, por se tratar do Aquaman, que passei a curtir bastante, mas não foi bem correspondida. Review com spoilers!
A AFOGADA
Numa realidade sombria, temos uma Bryce Wayne: sim, a única versão feminina do Batman nesse evento. Que, assim como comentei no review anterior, também teve uma perda muito forte que ocasionou sua mudança, nesse caso o namorado Sylvester Kyle (sim, o Homem Gato). Nessa realidade, os atlantes são governados por uma Rainha e se revelam pela primeira vez ao povo da superfície, declarando paz. Mas Bryce, carrancuda, acredita que tudo seja fachada e que precisam derrubar os atlantes primeiro, antes que possam contra-atacar. Esse início da edição não me agradou por vários motivos. Um deles foi por resumir toda a raiva da personagem à morte de um homem, perdendo toda uma carga que poderiam ter utilizado, principalmente por se tratar da única mulher entre as sete versões. Depois por torná-la uma obsessiva no modo “ataca primeiro, pergunta depois“. Há o medo do desconhecido, claro, porém ficou bem nada a ver.
Ela assassina a Rainha de Atlantis e, em troca, recebe uma tsunami em Gotham (aí sim!), deixando a cidade embaixo d’água. Uma cena muito boa, diga-se de passagem, pois mostra o potencial que a raça do Aquaman possui e é sempre subestimada. Isso dá início à uma guerra sem precedentes, com Bryce modificando o próprio corpo pra poder respirar na água, se locomover e controlá-la, além de transformar alguns ajudantes em Águas Mortas. Por ser uma edição só, as coisas ficam meio corridas e você não compra tanto a ideia, já que não fica bem explicado como que ela consegue tanto poder assim, se sobressaindo até mesmo que a Mera e o Aquaman juntos, na Terra 0, e também pela guerra ter surgido de uma desconfiança. Nesses pontos, a edição me desapontou um pouco. Entretanto, o roteirista Dan Abnett (Aquaman Rebirth) e o desenhista Philip Tan (Spawn), fazem um trabalho excelente na ambientação desse universo afogado. A Aquawoman, quase uma versão pirata do Batman, com tapa olho e tudo, é construída numa pegada steampunk, com peças de madeira e objetos retrô, tudo num visual impactante. A água também tem um papel importante, algo que estava muito ansioso por ver, cenas como Gotham naufragando e a Baía da Anistia sendo atacada, valem bem a pena. Ao final, ela não apenas consegue nocautear o Aquaman, como também transformar a Mera em Água Morta, retomando minha ideia de como ela conseguiu poderes tão fortes.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.