Arcos Principais: O Afogamento (The Drowning).
Publicação Original/ Brasil: Aquaman Rebirth e Aquaman #1-6 (DC, 2016)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Dan Abnett/ Brad Walker, Scot Eaton, Phillipe Briones.
Em maio de 2016 a DC zerou suas revistas e começou a fase “Rebirth” ou Renascimento. Não foi um reboot como os Novos 52 de 2011, mas um restart para velhos e novos fãs, fazendo um apanhado de toda a mitologia de seu Universo. Venho lendo as novas revistas e gostando de algumas, como a Batman e Detective Comics, mas de todas as séries, nunca imaginaria que a do Aquaman seria uma das minhas preferidas! O membro da Liga da Justiça que mais sofre bulliyng tem um primeiro arco divertido, nada pretensioso e com boas cenas de ação chamado The Drowning (O Afogamento), que comento sem (muitos) spoilers nesse review.
Dando uma olhada nos reviews gringos, muita gente não gostou desse início do Aquaman na era Rebirth. Muitos disseram que é mais do mesmo. Serei sincero, nunca li grandes coisas do personagem e é a primeira vez que to dando uma chance pra começar a acompanhar. Então sou um leitor de Aquaman de primeira viagem. Por esse motivo ou não, o resultado me agradou bastante e me surpreendi com as características de Atlantis, de como ele é tratado e sua missão de paz com a superfície. De início foi difícil separar na mente ele do Namor, já que há muitas semelhanças (e curto bastante o Príncipe Submarino, também) mas fui pegando o jeito.
Na história, Aquaman ergueu uma embaixada em solo americano chamada Spindrift. Ele vai dar uma festa de inauguração pra poder estabelecer contato entre figuras importantes de Atlantis e a Superfície. Porém o Arraia Negra invade a cerimônia e explode o lugar, iniciando um combate com Arthur. O evento causa uma péssima imagem para o povo de Atlantis, com o Governo americano prendendo Aquaman por suspeita de atentando. O arco desenrola o paradeiro do Arraia enquanto Mera faz de tudo para livrar seu marido. A leitura é bastante rápida, um ponto que gostei. Sem muitas firulas. Apesar da luta entre Aquaman e o Arraia ter um diálogo bem duvidoso (do estilo “então me mata!”), é legal ver que o herói realmente cai pra cima e mete a porrada, sem muita hesitação. É durão.
O roteiro é de Dan Abnett (Ícones X-Men: Homem de Gelo), que aproveita pra fazer algumas piadas com o próprio personagem, tirando sarro do fato de todos pensarem que ele fala com peixe (o que seria impossível, já que os peixes não tem o nível de inteligência humana pra estabelecer um diálogo), por ele ser o mais esquisitão da Liga e motivo de chacota, ao mesmo tempo em que todos o temem por ser Rei de Atlantis e já ter declarado guerra contra a Superfície em alguns momentos. As edições são desenhadas por artistas diferentes: enquanto Brad Walker (Sinestro) assina a primeira e última, Scot Eaton (X-Men Legado: Pecado Original) assina a segunda, ambos com um traço mais adulto e com Arthur e Mera bem charmosos; já Philippe Briones (Novo Esquadrão Suicida) assina as demais, num traço mais limpo e com todos com cara de jovem.
A ação é um dos destaques do arco, além da diplomacia. O Chefe de Estado americano joga a verdade pra cima do casal real: eles não podem simplesmente entrar na Casa Branca querendo uma audição. As coisas não funcionam assim. Apesar do Aquaman querer manter tudo calmo, se sujeitando à prisão como prova de boa vontade, sua esposa Mera não pensa tanto assim. Ela é casca grossa e tem o pavio curo, não deixa barato. Gostei dela. Percebendo que o Rei de Atlantis é mais perigoso do que querem admitir, o Presidente chega a soltar seu ás da manga: um integrante da própria Liga para contê-lo. Perto do fim, no ápice do combate entre todo mundo contra todo mundo, Atlantis mostra que seu Rei não está sozinha numa sequencia animal! Um primeiro arco que apresenta todas as características do personagem pro novo leitor e que realmente empolga. Gostei bastante de toda a parte de burocracia e da ação, achei cativante a mitologia por trás do Aquaman e da sua eterna guerra contra a superfície, sem contar nos momentos mais grandiosos. Muita gente achou ruim (pode ter sido mais do mesmo pra quem já acompanhava), mas como leitor de Aquaman de primeira viagem, fiquei bem ansioso por mais!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.