Arcos Principais: Pecado Original (Original Sin).
Publicação Original/ Brasil: X-Men Legacy #217 e #218, Wolverine: Origins #28 ao #30, Original Sin One Shot (Marvel, 2008)/ X-Men #94 e #95, Wolverine #58 ao #60 (Panini, 2009).
Roteiro/ Arte: Daniel Way, Mike Carey/ Mike Deodato, Scot Eaton.
Pecado Original foi um crossover alternando entre as séries Wolverine: Origins (#28 ao #30) e X-Legado (#217 e #218), além de uma edição especial. O Logan não é dos meus personagens favoritos, então segui a dupla sertaneja Nemli & Nemlerei com a sua série Origens e boa parte de sua série solo, que só vou ler e postar aqui a partir da fase do Jason Aaron/ Mark Millar. Então toda a ladainha do Daken, seu filho redescoberto por Emma, acabei não testemunhando. Este especial contém spoilers pra quem não leu.
Origins possui roteiro de Daniel Way (Deadpool) e arte de Mike Deodato (Vingadores Sombrios), que também assina a edição especial. Eles iniciam Pecado Original com Wolverine encontrando Daken sem memória, narrando os últimos eventos pra tentar situar o leitor que desconhece a história: após o Dia M, Wolverine acabou recuperando suas memórias como consequência do evento; num dado momento, Emma descobre em sua mente que ele teve um filho há muito, muito tempo, chamado Daken, que também possui as mesmas habilidades (garras retráteis de ossos, fator de cura, mente bagunçada por Romolus e instinto assassino). Daken tem dentro de si um ódio imenso por Wolverine, acreditando que ele tenha sido o responsável pela morte de sua mãe. Logan, aproveitando esse momento de amnésia, diz ser um amigo e que outro amigo pode ajudá-lo a se recuperar.
Esse “amigo” é Emma Frost, que seria a maior telepata do mundo, uma vez que o Profº X havia “morrido” no Complexo de Messias. Só que não. Ao chegar na nova base dos X-Men em São Francisco, Logan descobre que não somente o Professor está vivo, como não estava sabendo, esculhambando e descendo a porrada em Ciclope e Emma. Em paralelo, ele fica relembrando como conheceu Charles e nos dando diversos flashbacks, como a icônica luta contra o Hulk e o Wendigo, cuja missão também seria a de matar o Professor.
O primeiro ano de X-Men Legado, Os Pecados do Pai, foi focado no ressurgimento do Professor X e sua busca pelas memórias perdidas para se redimir, além da morte de Sr. Sinistro. No review critiquei a quantidade imensa de flashbacks, que deve ter ocupado uns 2/3 da história. Mike Carey (O Inescrito) continuou escrevendo e dando continuidade ao crossover Pecado Original, mantendo o foco no Profº e trazendo os flashbacks, mas em menor quantidade. E, como todos sabem, mexer com flashbacks e alterar o passado é, muitas vezes, um pé no saco. Mas até que não foi tão ruim. Um dos eventos interessantes é que Logan conhecera Charles ao tentar matá-lo, além de ter sofrido algumas torturas e o famoso Boa Noite Cinderela do Profº, também conhecido por “só vou apagar algumas memórias que considero inúteis“.
Carey, no especial, nos apresenta Claudine Renko: a forma feminina em que Sr. Sinistro “renasceu”, de alguma maneira. Ela não possui todas as suas memórias e poderes, mas telepatia e um nível de fator de cura. Como Selene e Emma Frost, Sra. Sinistra também se torna uma parceira de Sebastian Shaw, com direito a corset e tudo. Claudine engana Daken, destruindo seu esconderijo fazendo parecer que foi culpa do Clube do Inferno, e o leva para uma mansão de Shaw. Enquanto isso, Logan encontra Charles e já chega com cinco pedras na mão: quer que apague a mente de Daken, assim como fez com ele próprio. E não tem opção, é fazer ou morrer.
Na mansão de Shaw, Claudine tenta entrar na mente de Daken mas não consegue. Encontra uma espécie de bloqueio, uma armadilha para telepatas. Assim, a dupla resolve atrair um telepata mais forte para ultrapassar essa barreira e abrir a mente para eles. Um telepata como Charles Xavier. Vale comentar que Daken, com todo aquele jeito de durão e marrento, tem um romancezinho com a Sra. Sinistra, com direito a beijo (e sabe-se lá mais o quê). Já Logan, pensando que o Clube do Inferno está envolvido no sequestro do filho, invade o QG junto do Professor, ataca três membros e, possivelmente, assassina um ou dois deles. Como são buchas, ninguém se importa.
Quando o bloqueio telepático do Clube é desativado, Charles descobre que eles não tinham nada a ver com a história, tudo foi um plano de Shaw Temer para dar um Golpe no círculo interno. Wolverine não se incomoda em ter matado um ou dois membros, já que se tratam de vilões. E ainda joga na cara que Charles já fez coisa pior, antes dele começar a criticá-lo. Acho engraçado que quando são personagens desconhecidos/ inúteis, ninguém se preocupa em matar. Quando é importante, tem todo um drama de “herói na mata”. Choices.
O clímax desse crossover ocorre quando Wolverine e Profº X descobrem e invadem a mansão de Shaw, iniciando um conflito interessante: Shaw arrebenta Logan, mas acaba derrotado; Claudine admite ser Sinistro, mas sem o cromossomo Y (achei irônica e genial ao mesmo tempo), e ataca psiquicamente o Professor. Claro que perde. Daken, ainda confuso e desmemoriado, deixa Charles entrar em sua mente, caindo no bloqueio mental.
Quer dizer, a Sra. Sinistra, que nem possui controle de sua telepatia direito, sabia que tinha uma armadilha ali e o maior telepata de todos não enxergou. Prefiro acreditar que ele viu e pensou que não seria problema. Mesmo após a explosão psíquica da armadilha, Claudine tenta sair por cima, dando em cima de Daken, mas leva uma peixeirada no bucho. Daken fica irritado com as verdades mostradas pelo Professor, custa a acreditar que Wolverine é inocente e que tudo foi culpa de Romolus, mas acaba aceitando e dando um chute em Shaw também.
Pecado Original foi um crossover curto com alguns momentos interessantes, mas que não teve nada de muito surpreendente. Logan perdoa Charles pelo que fez no passado, dizendo ter se tornado um herói por conta dele, mas que precisa ajudar o filho em sua vingança. Claudine não foi bem explorada, oscilando entre uma personagem fraca e forte. Daken também fez cara de paisagem em todo momento, parecendo um ator ruim hollywoodiano. Mas a leitura é tranquila e a arte, tanto de Deodato quanto de Eaton, é ótima. Deodato, principalmente, é cheio de artimanhas na diagramação das páginas, deixando tudo bastante ágil e diferente, sem contar na super sexy Sra. Sinistra.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.