Nome Original: House of M #1 ao #8, The Pulse: House of M Special Edition, Secrets of The House of M
Editora/Ano: Panini, 2015 (Marvel, 2005)
Preço/ Páginas: R$64,00/ 276 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Olivier Coipel
Sinopse: E houve um dia, um dia como nenhum outro, em que os Vingadores tombaram! A queda da equipe não foi obra de nenhum velho inimigo ou supervilão, mas de alguém da própria equipe: a Feiticeira Escarlate! Num rompante de loucura e uso indiscriminado de seus poderes de alteração da realidade, Wanda Maximoff se voltou contra seus companheiros levando alguns deles à morte e afetando profundamente todos aqueles que restaram. E agora, integrantes dos Vingadores e dos X-Men se reúnem para decidir qual será o destino da filha de Magneto, o Mestre do Magnetismo, sem suspeitar que podem estar prestes a condenar uma raça inteira ao declínio!
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Considerada uma das maiores sagas modernas da Marvel, Dinastia M foi um evento enorme ocorrido em 2005 que envolvia tanto os Vingadores quantos os X-Men, e que deixou diversas consequências para o Universo Marvel como um todo. Contextualizando: a Feiticeira Escarlate teve um colapso nervoso na mansão dos Vingadores que resultou na morte de alguns colegas de equipe, incluindo seu marido (o Visão) e deixando diversos feridos, na saga conhecida por Vingadores – A Queda. Em seguida ela passa a delirar e é capturada por Magneto, seu pai, ficando escondida em Genosha (X-Men Extra #50 a #52). Tanto o Professor Xavier quanto o Doutor Estranho tentaram auxiliar em sua melhora, mas sem resultados (X-Men Extra #56 a #58).
Dinastia M ocorre logo após isso. Na saga, os Vingadores convocam os X-Men para uma reunião urgente: o que farão com Wanda? Além de uma mutante e vingadora poderosa demais e sem nenhum controle, também precisa pagar por seus crimes. Enquanto alguns, como o Wolverine, sugere assassinar a mulher, outros preferem algo mais ameno. Assim, todos vão para Genosha tentar encontrá-la. Mas são transferidos para uma nova realidade – a Dinastia M -, moldada pela Feiticeira Escarlate, um mundo totalmente diferente, dominado pela raça mutante e governado por Magnus.
Confesso que criei bastante expectativa por essa saga. Afinal de contas, é onde acontece o tão icônico “No More Mutants“. O resultado não foi bem o que esperava e, particularmente, odeio histórias em realidades paralelas (com exceção dos Exilados). O roteiro é de Brian Michael Bendis, responsável pela retomada de séries como Cavaleiro da Lua, Demolidor e Guardiões da Galaxia. Seu trabalho aqui é bem cinematográfico e construído, intenso do começo ao fim, criando diversos conceitos interessantes para a cronologia, que comentarei mais pra baixo.
A realidade de Dinastia M não é bem alternativa, na verdade ela é a realidade oficial mas alterada pela Wanda. Ela cria um mundo onde os mutantes são a maioria e os homo sapiens estão entrando em extinção, um acontecimento natural tendo em vista que a população mutante só vinha aumentando. A vida de heróis e vilões foram modificadas drasticamente – e aqui entra uma grande sacada do Bendis -, a Feiticeira deu a vida que todos queriam ter: Homem-Aranha casado com Gwen e Tio Ben vivo; Mística, Vampira e Noturno unidos e trabalhando na SHIELD; Magneto Imperador de Genosha; Tempestade princesa do Quênia; Victor Von Doom sem armadura; entre diversos outros. Ninguém se lembra da realidade anterior, apenas Wolverine e uma garota, Layla, que consegue desencadear as antigas memórias.
Com a ajuda de Layla, Logan passa a recrutar novos parceiros para invadir Genosha e destruir Magneto e Wanda, além de tentar achar Charles, possivelmente forçado a entrar na mente de todos e saber o que cada um realmente queria. O desenvolvimento é bom e é interessante ver como alguns heróis e vilões se tornaram, mas as vezes cansa um pouco e você quer simplesmente saber como termina. O final é, sem dúvidas, a melhor parte de Dinastia M.
– Spoilers: Magneto fica enfurecido ao despertar e descobrir que foi transformado numa espécie de tirano, e mata seu filho Pietro por ter induzido sua irmã a fazer isso. Já a Feiticeira, ao descobrir de sua morte, entra em mais um colapso e percebe que os mutantes são os erros da realidade, soltando o “Chega de Mutantes” e devolvendo todos a realidade tradicional, mas erradicando o gene X de quase toda a população. A reação da galera é o melhor da saga: uma crise no Instituto, com muitos alunos desesperados; Emma e Wolverine insanos atrás da Feiticeira; os Vingadores quase que com pena dos X-Men; a repercussão da mídia com o ocorrido, entre outras coisas.
A arte é de Olivier Coipel (Thor – Renascer dos Deuses, O Cerco), que dá uma caracterização diferente do usual aos X-Men como Ciclope, mas bastante competente. O efeito de quebra-cabeça dos poderes da Wanda são animais, as páginas panorâmicas e a ambientalização dessa nova realidade são os pontos altos. E nunca é demais ver Emma Frost sendo racional, fria e mandona num traço bonito ^^.
Dinastia M foi publicada originalmente em 4 edições no Brasil em 2006, mas recentemente ganhou algumas republicações: um encadernado simples em 2009 e esta versão deluxe em 2015. Também saiu na coleção de Graphic Novels da Salvat. A versão Deluxe da Panini possui acabamento de “luxo” em capa dura e miolo em couché, trazendo uma introdução caprichada além de materiais extras: a revista Pulse, com fofocas dos sapiens e mutantes famosos; uma entrevista com os cientistas Henry Pym, Henry McCoy e Otto Octavius; e Segredos da Dinastia M, um compilado de informações de diversos personagens e grupos nessa realidade. Todos ampliando a experiência da saga. Além das capas originais e bio dos autores.
Como estou acompanhando os mutantes, vai ser interessante ver como a equipe lidou com a extinção do gene X. Também fiquei curioso em saber sobre os filhos da Wanda, atualmente Wiccano e Célere, em como serão incluídos na cronologia. “Dinastia M” talvez seja um dos maiores marcos da Marvel recentemente, um jeito de diminuir a população mutante e dar uma guinada nos X-Men, mexendo fortemente em seus personagens. Uma ótima leitura, mas que não considero uma obra prima como comentam. Quem desconhece A Queda ou o que se passava com Charles e Magneto em Genosha, pode não entender muita coisa. Esta edição da Panini é super caprichada e vale a pena, apesar do valor salgado, agregando valor ao camarote à nota.
*Manto possui um poder muito interessante, me lembrou da Ravena. Fiquei interessado em ler sua série (Manto e Adega), mas infelizmente nenhum especial ou encadernado foi lançado no Brasil ainda.
*Devido a capa dura, é complicado escanear então peguei as páginas na net 😉
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.