Arcos Principais: Edição especial.
Publicação Original/ Brasil: Batman: The Batman Who Laughs (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: James Tynion IV/ Riley Rossmo.
O grande evento do Batman em 2017 foi a saga Dark Nights, que traz 7 versões do Morcego mescladas à 7 outros personagens, como o Coringa, Aquaman e o Ciborgue, todas de um Multiverso Sombrio que vem morrendo, decidindo por se juntarem e dominarem a Terra 0, que seria a realidade principal da editora (mas que possivelmente pode ser alterado com o Doomsday Clock, envolvendo o Superman e o Dr. Manhattan). Um evento que tem o metal enésimo como difusor, o mesmo da raça do Gavião Negro, que possui propriedades mágicas (que comentei no prelúdio da saga). O título também deriva do teor da trama, que abusa de artilharia pesada, super trajes, máquinas, tudo muito heavy metal. Como de praxe em grandes eventos, além da série principal, a Dark Nights: Metal escrita pelo Scott Snyder (All-Star Batman, Wytches), tem rolado diversos tie-ins em outras séries. Mas o interessante, mesmo, são as edições especiais mostrando a origem de cada uma dessas 7 versões do Batman. Já resenhei todas elas aqui: a Morte Vermelha (Flash), A Máquina Assassina (Ciborgue), o Destruidor da Alvorada (Lanterna Verde), A Afogada (Aquaman), O Devastador (Apocalipse) e O Impiedoso (Ares). O Batman Que Ri é a versão do Batman que sucumbe à loucura do Coringa. Review com spoilers!
O BATMAN QUE RI
O Batman Que Ri foi o último a ter sua edição especial, apesar de ser o líder desse grupo de batvilões, aparecendo nas edições anteriores recrutando os demais e criando um mistério sobre sua origem. O Coringa é o vilão mais icônico do Morcego e também um dos mais emblemáticos do universo dos super-heróis. Na clássica A Piada Mortal, temos o confronto final onde fica no ar se o Batman mataria ou não o palhaço. Nessa terra paralela, o Batman de fato foi até à últimas e matou o Coringa, em sequências sangrentas, colocando em cheque sua moral. Nesse contexto, o Coringa é mais insano e perigoso que o normal, acabando por assassinar geral e envenenar crianças, deixando-as insanas como ele. E o Batman, ao matá-lo, libera a cartada final do vilão: uma toxina é expelida de seu corpo, envenenando o próprio Bruce, que aos poucos vai se contaminando com a loucura.
É uma boa edição por trazer lado a lado essa dualidade entre os dois personagens e também em colocar em cheque a questão moral dos super-heróis em não matar. Vale ou não vale a pena? Há várias sequências ótimas. Uma delas é quando os Robins e ex-Robins são pegos de surpresa e assassinados a sangue frio, também maculando a icônica imagem de pai e filho que há entre o Batman e seus Robins. Numa outra cena, Bruce adota aquelas crianças que foram expostas à toxina, transformando-as em Robins demoníacos. Ponto pro James Tynion IV (Detective Comics), que soube trabalhar bem essa mitologia por trás da figura do Morcego, trazendo diversas referências e o que o Batman seria capaz de fazer se não tivesse travas, que é a base do Coringa, um vilão que literalmente não possui travas morais. O desenhista é Riley Rossmo, que abusou do tom obscuro pra retratar as personagens e criando um Batman Que Ri que se assemelha muito ao Juiz Morte de Juiz Dredd, além de sequências de tirar o fôlego, muito fetiche, couro e sangue. Porém a história bebe muito da fonte que foi utilizada com O Devastador, que é a contaminação por vírus, gerando a transformação por algum fato externo, não uma mudança psicológica profunda.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.