Arcos Principais: A Forja (The Forge) e A Fundição (The Casting).
Publicação Original/ Brasil: Dark Days: The Forge e Dark Days: The Casting (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: James Tynion IV e Scott Snyder/ Jim Lee, John Romita, Jr. e Andy Kubert.
O grande evento do Batman em 2017 será Dark Nights: Metal, uma saga que vai ameaçar o Universo DC com a chegada de um Multiverso Sombrio, com criaturas que são versões malignas do Batman mescladas com outros personagens (como o Coringa e o Aquaman), tendo o metal enésimo dos thanagarianos como fio condutor da trama. Esse metal possui propriedades mágicas e foi utilizado pelo Gavião Negro para lhe conferir voo, além de forjar suas asas e a maça. Em Dark Days: The Forge e The Casting (a Forja e a Fundição em tradução livre), temos um prelúdio pra Dark Nights, narrado pelo próprio Gavião Negro, recontando como conheceu o metal enésimo e os mistérios que ele possui, enquanto o Batman procura desvendá-los e o Lanterna Verde Hal Jordan é enviado para investigar a Batcaverna. Review especial com spoilers!
A FORJA
O Gavião Negro é o grande narrador dessas duas edições, contando como encontrou a nave thanagariana em suas expedições arqueológicas, ficando frente a frente com o metal enésimo. Enquanto isso, o Batman se une ao Aquaman para liberar um homem de uma fenda vulcânica no Triângulo das Bermudas, onde ficava uma (de aparentemente várias) base secreta da Corporação Wayne, deixando Arthur com a pulga atrás da orelha. O Batman é cheio de segredos, algo que não é novidade, mas aqui tem segredos de mais! Os roteiristas são James Tynion IV (que está na revista Detective Comics) e Scott Snyder (que está em Grandes Astros – Batman), ambos autores com uma boa experiência nas séries do Morcego e, por conta disso, trazem diversas referências de trabalhos anteriores, em especial dos Novos 52. O Batman, por exemplo, vem pesquisando estes metais há anos: temos o electrum, que surgiu na Corte das Corujas e que é capaz de reviver os Garras; e o dionesium, outro metal ligado ao electrum e que também é capaz de curar, sendo o responsável por reviver tanto o Batman quanto o Coringa durante o arco Fim de Jogo. Esses metais possuem componentes que estão ligados diretamente aos mais importantes artefatos do UDC, como os braceletes da Mulher-Maravilha e o tridente do Aquaman. O que nos leva ao metal enésimo, que também compartilha dessa característica e está ligado à mitologia de Thanagar. A grande questão que Snyder e Tynion querem trazer é a de que os metais estão conectados à própria origem do UDC e, conforme as anotações do Gavião Negro, investigá-los pode trazer a ruína à Terra.
Por envolver tanto perigo, o Lanterna Verde Hal Jordan é convocado pelo Ganthet para que investigue a Batcaverna, de onde recebeu um sinal. Jordan encontra Duke Thomas, o “Robin sem nome“, e descobre uma passagem secreta que dá para uma outra caverna, onde dão de cara com o Coringa. Há um confronto bem interessante entre os três, com o anel do Lanterna falhando e o Coringa soltando pistas do porque o Duke está ali ou porque estava aprisionado pelo Morcego, sem ninguém saber. Duke, mesmo sendo um tipo de Robin, nunca teve grandes destaques e agora parece fazer algum sentido. O Coringa diz que seu sangue é de natureza meta e que o Batman o queria por perto quando seus poderes despertassem. A dupla também descobre que o Batman possui uma superequipe própria e secreta. Ou seja, várias leis da Liga da Justiça sendo quebradas! Um outro segredo revelado é a sala na Fortaleza da Solidão, um local onde só o Bruce poderia acessar.
A FUNDIÇÃO
Batman vai a procura de Hefesto num vulcão da Grécia, já que ele é o deus da metalurgia, porém encontra apenas a Mulher-Maravilha, que explica como os deuses deixaram a Terra. Percebendo a busca pelos metais, ela dá a Bruce a Espada do Sol, feita de metal octogésima, o que nos acrescenta mais um pra lista! O roteiro vai plantando inúmeras dicas pelo caminho, os leitores mais atentos e os de longa data vão pegar várias referências. Certamente não é uma leitura recomendada para fãs de primeira viagem. O Gavião Negro, por exemplo, é um personagem bastante complexo que já teve diversas versões através das Eras da DC e que possui como característica principal a reencarnação. Mesmo assim, a leitura é interessante e te prende. Todos os metais estão ligados à imortalidade, de alguma maneira, e é bacana ver como os roteiristas trabalharam em cima disso (como o encontro com Hefesto ou os títulos). Num outro momento, o Batman encontra a Talia e entrega à ela a Espada, em troca de uma adaga com propriedades do próprio Shazam.
Os desenhos das duas edições são feitos pelo trio Jim Lee (X-Men), John Romita Jr. (Hulk Contra o Mundo) e Andy Kubert (Ponto de Ignição), que fazem um bom trabalho, com visões macabras dessa realidade dominada pelo Multiverso Sombrio. Muitos não curtem o estilo do Romita Jr., principalmente suas expressões. Em algumas séries, esse estilo funciona bem (como em Meu Pior Inimigo) e em outras, nem tanto. Como é o caso aqui. Algumas expressões, como do Superman, são caricatas demais. Perto do final, o Batman volta pra Batcaverna e conta ao Lanterna e ao Duke que tinha planos pro Coringa, mas que agora precisa de um plano B, já que o palhaço fugiu. Duke também demonstra um poder ligado à luz, utilizando do anel do Lanterna e gerando uma máquina, revelando alguns dos artefatos do UDC. Enquanto temos um vislumbre, quilômetros abaixo de Gotham, de uma sociedade secreta invocando as tais criaturas. Parece que a Corte das Corujas ainda não chegou ao fim! Um prelúdio que anima bastante pra saga principal, Dark Nights: Metal, preparando o terreno e tentando contextualizar o leitor desses metais misteriosos, mas cuja arte tem seus pros e cons, além de toda a salada que cria ser um tanto confusa a princípio.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.