Arcos Principais: A Liga das Sombras (League of Shadows).
Publicação Original/ Brasil: Detective Comics #951-956 (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: James Tynion IV/ Christian Duce e Marcio Takara.
James Tynion IV vem fazendo um bom trabalho na revista Detective Comics, com um grupo liderado pela Batwoman/ Batman: Orfã, Cara de Barro, Batwing e Azrael. O Robin Vermelho fazia parte da equipe, mas “morreu” no arco Ascensão dos Homens-Morcego, com seu paradeiro ainda sendo um mistério. Outro membro que deixou a equipe foi a Salteadora, que se rebelou no arco O Sindicato da Vítima e deu o fora. A Liga das Sombras ocorre após o arco Nos Confins da Terra, de Grandes Astros – Batman, retomando o vilão Ra’s Al Ghul e sua lendária Liga das Sombras, um grupo de ninjas assassinos ao estilo do Tentáculo da Marvel, que todos consideravam lenda. Review sem spoilers!
A LIGA DAS SOMBRAS
Gotham enfrenta mais um ataque massivo, quando o Prefeito Hady é assassinado por Lady Shiva e uma onda de pessoas rindo e morrendo, provavelmente pelo gás do Coringa, tomam conta da cidade. Batman reúne sua equipe e passam a investigar a vilã. Logo na segunda edição do arco ficamos sabendo mais sobre a Liga das Sombras, que são um aglomerado de ninjas assassinos super treinados e poderosos. A própria Shiva é uma exímia lutadora e sabe os pontos fracos de seus oponentes, uma técnica semelhante a da Órfã. E por um bom motivo: ela é a mãe da Cassandra. Shiva, que inclusive já treinou o Batman no passado, é uma máquina de matar. Uma das características do roteirista na série é a de que “algo está apavorando a cidade“. E aqui o pavor é bem palpável: Shiva realmente derruba todo mundo a sangue frio, seja o Batman ou a própria filha. O pai da Batwoman, preso no QG, fica apavorado e fala pra todos fugirem enquanto dá tempo, mas ninguém o ouve.
É um arco interessante por desenvolver melhor a Órfã, que até então entrava muda e saía calada nas histórias, literalmente. E ela se mostra muito carismática e com um bom background. Até mesmo o Batman afirma que ela seria a única que poderia derrubá-lo na porrada, provando o quanto ela é poderosa. As cenas de ação estão ótimas, com direito a mãe chutando a filha na cara, o Cara de Barro sendo fatiado, Batwoman atacada na frente do pai e por aí vai. Apesar da violência, é uma história sobre família, que nem sempre é a biológica. Gosto de como o Batman é retratado em Detective, mais como um pai e protetor dos outros membros, com medo de perder mais um; ao contrário de como vem sendo retratado em sua série principal, numa pegada mais dramática e melancólica.
A presença de Ra’s Al Ghul surge no meio do arco, já que é o líder da Liga dos Assassinos e tem ligação direta com a Liga das Sombras e a Shiva. Os desenhos são de Christian Duce (Magic The Gathering) na primeira metade e de Marcio Takara (A Guerra das Armaduras), na segunda, ambos fazendo um belo trabalho, principalmente com os ninjas, que lembram as cenas do Demolidor ou da Elektra lutando com centenas de ninjas do Tentáculo. Inclusive a Órfã faz esse papel de Demolidor/ Elektra. Um arco bem interessante e cheio de porradaria, mas ainda desenvolvendo bem personagens secundários como a Cassandra Cain, explicando o porque do Batman não acreditar na Liga das Sombras e também dando uma nova guinada no relacionamento entre a equipe e o Coronel Kane. Senti falta do Cara de Barro ter mais destaque, como vinha recebendo (e se tornou meu personagem preferido), além de terem dado pra ele uma cara horrível!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.