Arcos Principais: O Sindicato da Vítima (The Victim Syndicate).
Publicação Original/ Brasil: Detective Comics #943-947 (DC, 2016)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: James Tynion IV/ Eddy Barrows, Alvaro Martinez e Al Barrionovo.
Detective Comics é uma das (muitas) séries do Universo do Morcego, focando na equipe que o Batman reuniu pra combater o crime em Gotham, com Batwoman liderando a Salteadora, a Órfã, o Cara de Barro e o Robin Vermelho. Gosto muito da Batwoman e o primeiro arco (Ascenção dos Homens Morcego) foi muito bom e promissor, seguido por um crossover entre Detective, Batman e Asa Noturna (Noite dos Homens-Monstro) também muito divertida e bonita. Eis que chegamos ao terceiro/ segundo arco da série, com o autor James Tynion IV (The Woods, Batman & Robin Eternos) incorporando uma nova equipe de vilões e retomando a suposta morte do Robin no arco anterior. Review especial sem spoilers.
O SINDICATO DA VÍTIMA
Tudo começa com Luke Fox dando uma festa luxuosa pra mostrar suas novas tecnologias, convidando todo o grupo de Bruce. Fox é milionário, cheio de auto-confiança, inteligente, inventor e o Batwing, quase o Homem de Ferro de Gotham. O Batman o quer na equipe, mas a Batwoman fica com um pé atrás. O início tenta fazer um apanhado geral de como a equipe está após a morte do Robin, enquanto eles vão para a festa. A Salteadora foi a mais afetada, claro (por serem namorados), mas Cara de Barro (que se tornou meu preferido na série) também não fica atrás e passa por diversos problemas, se achando um monstro. No auge da festa, porém (e como sempre), um super grupo de vilões aparece e coloca todo mundo como refém.
Até aí tudo bem. O Batman é, de longe, o herói com a melhor e mais icônica galeria de vilões, então sempre é bom receber novos membros. Mas este grupo, o Sindicato da Vítima, não chega a ser tão cativante: todos possuem algo em comum, que é a raiva pelo Batman (como sempre), além de uma ligação com o Homem Morcego, algo lá no passado que mudou a vida dessas pessoas pra sempre. Mesmo sem tanto carisma, até que eles funcionam em conjunto, mas um ponto que achei bizarro é o fato desse grupo (ainda inexperiente) conseguir dominar toda a ação, colocar os reféns em risco e virar o jogo num salão onde temos quase toda a Batfamília. Okay, civis em primeiro lugar. Mas estamos falando do próprio Batman, o cara que conseguiu mudar a rota de um avião!
O arco desenvolve essa ligação do Sindicato com o Batman, com a equipe tentando descobrir o que há de comum entre eles e o que querem. Em particular o líder deles, conhecido como a Primeira Vítima (que tem um design bem arrojado). Os motivos não chegam a ser surpreendentes, nada de novo no fronte. Parece que todo mundo acredita que o Batman é, na verdade, o verdadeiro inimigo de Gotham; que sem ele a cidade estaria muito melhor. O interessante é ver como Tynion IV (nome nobre, hein?) trabalha com a personalidade de cada um na equipe, utilizando de uma psicóloga contratada por Bruce pra tentar ajudar o pessoal com a perda do colega. A Salteadora continua a mais irada, distribuindo xingo e patada pra todo mundo. A arte dessa edição em particular, a #945, é feita por Al Barrionuevo (Tempestade) num estilo mais diferente que dos demais desenhistas (Eddy Barrows e Alvaro Martinez). Chega a ser engraçado ver o Batman entrando num quarto de Hospital, jogando a capa pra trás e sentando numa cama.
“A Vítima do Sindicato” não foi meu arco preferido dentre esses três primeiros de Detective Comics. Mesmo com um ou outro membro deste grupo de vilões se destacar, como a versão feminina do Cara de Barro (que o culpa por ser assim), todos parecem meio genéricos. Sabe aqueles vilões que aparecem e depois simplesmente somem? Nesse nível. Um outro ponto bastante brega nesse arco é uma lição de moral que a Salteadora recebe por ser rebelde, escutando o quanto ser herói é gratificante e blá, blá. Mas ainda é um arco legal de ler. A arte de Barrows (Novos Titãs) é sempre muito boa, com ótimas cenas de ação e diagramações curiosas. E é no mínimo interessante ver pra onde Tynion tá levando a série: Batman, o herói mais solitário de todos, formando sua própria super-equipe; Batwoman, outra solitária, fazendo parte da família; Cara de Barro, outrora vilão, agora do lado dos mocinhos e sendo um dos personagens mais interessantes, sempre ameaçando desmoronar (e estou ansioso para que esse momento seja WOW). Várias mudanças. Sem contar com a presença do Batwing.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.