Arcos Principais: Edição especial.
Publicação Original/ Brasil: Batman: The Devastator (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Frank Tieri/ Tony Daniel.
O grande evento do Batman em 2017 foi a saga Dark Nights, que traz 7 versões do Morcego mescladas à 7 outros personagens, como o Coringa, Aquaman e o Ciborgue, todas de um Multiverso Sombrio que vem morrendo, decidindo por se juntarem e dominarem a Terra 0, que seria a realidade principal da editora (mas que possivelmente pode ser alterado com o Doomsday Clock, envolvendo o Superman e o Dr. Manhattan). Um evento que tem o metal enésimo como difusor, o mesmo da raça do Gavião Negro, que possui propriedades mágicas (que comentei no prelúdio da saga). O título também deriva do teor da trama, que abusa de artilharia pesada, super trajes, máquinas, tudo muito heavy metal. Como de praxe em grandes eventos, além da série principal, a Dark Nights: Metal escrita pelo Scott Snyder (All-Star Batman, Wytches), tem rolado diversos tie-ins em outras séries. Mas o interessante, mesmo, são as edições especiais mostrando a origem de cada uma dessas 7 versões do Batman. Já resenhei todas elas aqui: a Morte Vermelha (Flash), A Máquina Assassina (Ciborgue), o Destruidor da Alvorada (Lanterna Verde), A Afogada (Aquaman), O Impiedoso (Ares) e O Batman Que Ri (Coringa). O Devastador é a versão do Batman misturada com o vírus do Apocalipse, bastante violenta e trazendo a famosa questão: quem vence entre Batman e Superman? Review com spoilers!
O DEVASTADOR
Na Terra 1, o Superman ficou insano e saiu matando todo mundo, confrontando o Batman e, inclusive, arrancando o seu braço fora. Essa edição acaba trazendo o platônico confronto do Batman e Superman, quem ganharia e como? Brincando com a ideia de que o Batman possui um contra-ataque guardado para cada um dos integrantes da Liga. E o legal é ver que, ao contrário do que imaginaríamos desse contra-ataque, que seria usar uma kryptonita básica, a última cartada do Batman dessa realidade contra o Superman foi injetar em si mesmo o vírus do Apocalipse, ganhando uma forma monstruosa que expira kryptonita e, consequentemente, derrubando o Super. O roteiro é de Frank Tieri (Arma X), que também escreveu a edição da Máquina Assassina, explorando bem a relação entre o Superman e o Apocalipse, vilão criado em 1992 e que matou o Super no clássico arco A Morte do Superman de 1993.
Como as demais versões desses batvilões, o Devastador também é louco e megalomaníaco. Após ser convidado pelo Batman Que Ri, chegando na Terra 0, ele conversa com a Lois Lane sobre os riscos de manterem o Superman na Terra, do que ele pode ser capaz. Ela não dá muito ouvido e ele solta o vírus em Metrópolis, com as pessoas ganhando a forma monstruosa que, teoricamente, as protegeriam de algum ataque do Super. Entre as cenas que se destacam, temos uma em que a Lois coloca seu filho numa câmera segura, antes dela mesma se atingida pelo vírus. Uma edição interessante, com um contexto e referências legais, podendo linkar tanto com o leitor antigo quanto o novo à história e eterna briga e fanservice do Batman com o Superman, mas ainda apresentando um desenvolvimento inesperado.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.