Arcos Principais: O Filho do Superman (Son of Superman).
Publicação Original/ Brasil: Superman Rebirth e Superman #1-6 (DC, 2016)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Peter J. Tomasi/ Patrick Gleason.
A DC fez um reboot que não é um reboot de seu universo com a fase Rebirth (Renascimento), tentando corrigir os Novos 52 e atrair a atenção tanto dos leitores antigos quanto de novos. E pelo visto tem dado certo, já que domina o TOP 10 de vendas nos EUA. Aproveitei pra dar uma chance e vou tentar acompanhar algumas personagens e equipes que gosto e até cheguei a me surpreender com alguns, como o caso do primeiro arco do Aquaman, e me decepcionar com outros, como a Batgirl. Com Superman a situação é meio complexa: esse Superman Rebirth não é o Superman do Novos 52 (que morreu), este seria um Superman de outra realidade, provavelmente o mesmo pré-Novos 52 (ou não). De toda forma, nunca gostei do Superman e sempre o considerei muito “bom moço”, acima de todo mundo (como o Capitão América). Mas nunca realmente acompanhei pra conhecer melhor. E como curto muito a versão do Henry Cavill (me julguem), de como trataram a coisa de ser alienígena e um estranho no planeta, de como as pessoas reagem a isso, resolvi ler a versão Rebirth (mesmo sabendo que não teria nenhuma semelhança) e ver no que dá, afinal, gostei até do Aquaman! Mas me frustrei bastante. Review especial do primeiro arco, O Filho do Superman, sem (muitos) spoilers.
SUPERMAN REBIRTH
Pra contextualizar melhor o leitor nas novas revistas/ séries, a DC publicou uma edição Rebirth de boa parte delas, funcionando como uma edição #0. A do Superman mostra Lana Lang invadindo o monumento em homenagem ao Clark (dos Novos 52), pra roubar seu corpo e enterrar junto de seus pais, como ele gostaria que fosse. Surge o outro Superman, de uniforme preto (e pré-Novos 52) e pega Lana com a mão na massa. Ele comenta sobre a máquina de regeneração na Fortaleza da Solidão e os dois levam as cinzas do falecido pra lá, na tentativa de o trazerem de volta. Se a ideia da DC era contextualizar o leitor ou apresentar o personagem pra quem vai começar a acompanhar, ela falhou bastante. Quem é o Superman que morreu? Quem é o Superman que está vivo? Dois pontos principais pra se entender e começar a ler a revista do… Superman!
O FILHO DO SUPERMAN
O arco em si começa na edição #1 e vai até a #6. Com um Superman morto, este outro passa a tentar uma vida de paz e harmonia com sua esposa Lois Lane e seu filho, o jovem Jonathan, que possui DNA meio humano/ meio alienígena. Logo no início, Jon acaba machucando alguém com seus poderes e Kal-El percebe que o filho não tem controle dos dons e sua invulnerabilidade não é 100%, podendo se machucar como qualquer garoto de sua idade. Numa missão, os dois enfrentam uma Lula enlouquecida no Ártico e Jon acaba se arrebentando, sendo levado pra Fortaleza da Solidão depois, na intenção de fazer um check up e ver o que está acontecendo com seu corpo. Porém algo acordou no Ártico e também seguiu pra lá, tomando a forma de um Superman (já é o terceiro) e mostrando ser o Erradicador. O arco trata do confronto entre o vilão e os mocinhos, com um toque de drama familiar, espiritismo, exagero e patriotismo.
Erradicador é o vilão que não é vilão, ele funciona como uma máquina responsável por guardar e preservar a memória de Krypton. Ele possui todas as almas dos mortos do planeta e tem a missão de reerguê-lo através do Superman, já que é um dos poucos kryptonianos vivos. Como Jon é meio a meio, Erradicador quer eliminar seu lado humano para deixá-lo “puro” e apto pra fazer outros da mesma raça. Trata-se, então, de uma trama sobre preservar a própria espécie, que foi extinta. Um pouco de X-Men, claro. E achei bem interessante. Mas o desenrolar da história me lembra alguma coisa que já vi várias vezes em HQs de heróis.
Erradicador se torna o típico vilão que não morre na primeira. E o Superman, como bom super-herói, precisa levar tanto sua família quanto o vilão pra bem longe dos civis. Para algum lugar em que possa usar seu poder sem muita preocupação. E nada melhor como a Lua, não é? Aliás, pra uma caverna secreta do Batman na Lua. O clima exagerado se mantém, com direito à uma armadura estilo Homem de Ferro surgindo aí no meio. Sem contar que o Erradicador tem o poder de sugar suas vítimas ou soprá-las, é bem estranho. Num momento, Louis manda o filho pro meio da luta como se estivesse mandando-o pra brincar no playground do prédio. É aí que o pequeno Jon finalmente adota a postura de Filho do Superman, de um Supergaroto, pra ajudar o pai a tentar salvar o dia (depois, claro, de páginas e páginas de porradaria). Ele até consegue uma capa, é bem legal.
O Filho do Superman, primeiro arco de Superman Rebirth, chegará ao Brasil em 2017. O roteiro de Peter J. Tomasi agradou muitos fãs do personagem e o autor tem bastante experiência em escrever sobre pai e filho, já que fez Batman e Robin dos Novos 52, focando em Bruce e seu filho Damian. Agora é a vez de Clark e Jon. Tomasi ainda trouxe pra revista outro parceiro de longa data, o desenhista Patrick Gleason (Tropa dos Lanternas Verdes), que possui um desenho muito bom e cheio de detalhes, como a capa do Jon, a presença do Batman e da Mulher-Maravilha, do pai adotivo do Clark… Porém, esse primeiro arco foi tudo o que eu não esperava que fosse. De uma trama mais intimista, foi algo herói Vs vilão que vemos aos montes. Perto do final ainda tem uma baita mensagem patriótica, com a bandeira dos EUA representando sua liderança mundial. Mas nem tudo é trevas: a relação entre Clark e Jon começa a ficar muito bonita quando conversam sobre óculos e identidades secretas, da importância de se manter isso. Mas aí acaba. O grande destaque, que é esse relacionamento, acaba afundando numa trama super esquecível. Aos fãs do Super, esse primeiro arco funciona quase como uma homenagem, já que em todo momento é mostrado a importância do herói e do seu legado, principalmente através de um dono de bar que é fanático por ele e dá sua sentença: esse é o verdadeiro Superman. No fim acabei falando mal, mas falando bem o.O
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.