Arcos Principais: Os Muitos Braços da Morte (The Many Arms of Death).
Publicação Original/ Brasil: Batwoman Rebirth e Batwoman #1-6 (DC, 2017)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Marguerite Bennett e James Tynion IV/ Stephanie Hans e Steve Epting e Renato Arlem.
Em 2011, quando a DC iniciou os Novos 52, a Batwoman ganhou uma reformulação e uma revista própria, talvez uma das mais visuais de todo aquele reboot, em parte graças ao incrível J. H. Williams III, que assinava os desenhos e também era co-autor. Isso ajudou a reafirmar a Batwoman como uma personagem de design, podemos dizer assim. Que, na mão dos artistas certos, sempre consegue se destacar. Em 2016, quando a DC anunciou o Rebirth, ficamos órfãos de um novo volume dela, que virou líder de equipe em Detective Comics, porém sem título próprio. Pra corrigir isso, quase um ano depois que a DC resolveu lançar sua série própria. E claro que o hype foi lá em cima, já que seu primeiro volume nos Novos 52 foi algo visualmente incrível, então o mínimo que esperava era manterem isso. Não foi muito o caso. Review especial de Os Muitos Braços da Morte, primeiro arco desse novo volume da Batwoman. Sem spoilers.
OS MUITOS BRAÇOS DA MORTE
Cheguei a comentar na época, no review do mix A Sombra do Batman, o quanto eu curti o primeiro arco da Batwoman dos Novos 52, J. H. William conseguiu criar toda uma estética pra ela, um caminho aberto aos novos autores que a pegarem. Então estava empolgado pra ler esse novo volume. Com o roteiro de Marguerite Bennett (Bombshells) e de James Tynion IV, que é o roteirista da Detective Comics (onde a Kate também é protagonista, então a parceria pode ser pra manterem as duas séries alinhadas), o foco desse primeiro arco é mostrar um pouco do passado da personagem, enquanto ela desvenda um mistério no presente. Nada de novo no fronte. E a arte é de Steve Epting (Capitão América) nas 4 primeiras edições, com Stephanie Hans (Angela – Assassina de Asgard) na quinta e Renato Arlem (X-Factor) na sexta. Hans possui um estilo pintado bem interessante, mas fora isso, todo o arco é bastante feijão com arroz. Nada de muito novo, sem empolgar tanto. Algo que me incomodou, pois nem a extravagância do volume um aparece aqui. Até mesmo a cor de pele da Kate, que geralmente é mostrada quase albina (que gera o contraste com o vermelho dos cabelos – mais um ponto visual), aqui tem umas variações estranhas.
Na edição Rebirth, temos um resumão da vida da Kate, de como foi sua infância, o relacionamento com o pai General, sua entrada no exército, como perdeu a mãe e a irmã, entre outros pontos. Já o arco em si, foca na Batwoman investigando alguns terroristas que estão contrabandeando o “veneno monstro” (do arco a Noite dos Homens-Monstro), indo parar na Ilha Coryana. O braço direito de Kate, que a acompanha nas missões e dá todas as coordenadas, é ninguém menos que a Julia Pennyworth, a filha do Alfred. A relação entre as duas ficou um pouco caricata. Nessa ilha, anos antes, a Kate sofreu um acidente e foi salva por Safiyah Sohail, uma espécie de Rainha do Crime do lugar, mantendo Coryana como uma ilha pirata. Na época, Safiyah tinha um affair com uma assassina, a Tahine, que ficou enciumada em ver sua senhora com a estrangeira. O arco vai se desenvolvendo com a Batwoman no presente, investigando a ilha (que mudou bastante desde que Safiyah abandonou o barco) e enfrentando uma nova Tahine enfurecida; enquanto vemos flashback desse ano perdido, em que foi ajudada por Safiyah e passou um tempo em recuperação.
Ou seja, a história é um tanto lugar comum. Acabar num local que remete lembranças do passado, com essas mesmas figuras retornando pra infernizar, não é nada de muito novo. E como comentei, esperava algo no mesmo clima do volume anterior, numa pegada mais mística e surreal. Os desenhos de Epting são bonitos, mas o colorista Jeromy Cox (DMZ) não se decide muito em como retratar a pele da Kate. As cenas de flashback são o destaque, tentando emular algo mais alternativo, porém longe do exagero do J. H. Williams. Já as edições finais, com arte da Hans, dá uma mudada grande, num estilo mais pintado. O final faz um gancho com o arco Um Lugar Solitário Para Viver de Detective Comics, a relação da Batwoman com o Batman/ Tim Drake do futuro. Um primeiro arco que mostra um pouco da personagem antes de virar super-heroína, mas num formato já batido, além de não trazer o diferencial de antes, que era o visual. Fica a expectativa de como a DC tratará a série daqui pra frente, ainda mais sabendo que ela não seguirá de maneira individual, estando conectada às outras da batfamília.
Confira a sequência dos reviews da Batwoman que fiz aqui no site:
Fase Rebirth (Marguerite Bennett):
Batwoman: Os Muitos Braços da Morte
Batwoman: Medo e Aversão no País das Maravilhas
Batwoman: Queda da Dinastia Kane
Arcos importantes em Detective Comics:
Detective Comics: Batwoman Begins e Edição #950
Detective Comics: A Queda dos Batmen
Detective Comics: O Julgamento da Batwoman
Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outras séries!
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.