[Review] Batwoman: Queda da Dinastia Kane!

Arcos Principais: Queda da Dinastia Kane (Fall of the House of Kane).
Publicação Original: Batwoman #13-18 (Marvel, 2018).
Roteiro/ Arte: Marguerite Bennett/ Fernando Blanco, John Rauch.

Em 2017 a Batwoman ganhou uma nova revista, mas que durou apenas 18 edições. O primeiro arco Os Muitos Braços da Morte não empolgou tanto, mas nos apresentou o grupo criminoso Muitos Braços da Morte, comandados por uma figura enigmática. O segundo arco, Medo e Aversão no País das Maravilhas, melhorou muito e colocou a Batwoman numa jornada psicodélica envolvendo o Espantalho. E finalmente chegamos no terceiro e último, compilando as edições #13-18: Kate Kane, a Batwoman, precisa enfrentar o próprio passado para salvar Gotham! Review especial sem muitos spoilers!

QUEDA DA DINASTIA KANE

No original, esse arco foi intitulado Fall of the House of Kane, algo como Queda da Casa dos Kane, mas achei que Queda da Dinastia Kane funciona muito melhor dentro do contexto! Batwoman retorna para sua antiga casa em Bruxelas, sua terra natal, e se depara com os fantasmas do passado ao caminhar pela casa em ruínas, lembrando a morte de sua mãe e da sua irmã. Ela reflete sobre tudo o que aconteceu nos lugares em que morou, como Gotham, a ilha Coryana e Bruxelas. E na primeira edição do arco somos surpreendidos ao descobrir que Safiyah, a mãe da guerra, não é a grande vilã de tudo isso, mas sim Tahine: ela matou os Gêmeos por trás dos Muitos Braços da Morte, tomou seu dirigível e sequestrou Beth Kane, irmã da Batwoman, liberando sua personalidade vilanesca de Alice.

Beth, agora como Alice, toma as rédeas dos Muitos Braços e ameaça liberar uma revoada de morcegos sobre Gotham, todos contaminados e vetores de inúmeras doenças, espalhando o terror e a destruição na cidade. Sua estratégia é transformar o morcego num símbolo de morte para sempre. Esse é um ponto muito interessante do arco, porque todo o roteiro desse final é construído em cima da simbologia e mitologia em torno do morcego/ Batman. Principalmente nas últimas edições, quando vemos as diferenças entre a Batwoman e o próprio Batman, que comentarei em seguida.

Apesar da ameaça dos morcegos sobre a cidade, aparentemente um beco sem saída, tudo se resolve muito rapidamente dentro da primeira metade do arco. Inclusive Julia Pennyworth, o braço direito da Kate, corre para tentar criar uma vacina para os possíveis danos colaterais, a partir da pesquisa do Espantalho. Tudo isso em pouquíssimas horas, soando meio forçado. Mas já que o pau tá comendo em Gotham, era só uma questão de tempo para o Batman vir resolver o assunto pessoalmente, né? A edição #16 foca no confronto dele com a Batwoman, sendo um dos melhores momentos dessa série. Por um lado o Batman quer prender Alice e levá-la para o Arkham, enquanto a Batwoman deseja levá-la para um local onde será tratada devidamente e não trancafiada pra sair pior do que entrou. Kate fica entre escolher sua irmã, que representa a família que ela praticamente já não tem mais, e o Morcego e todo o símbolo que ele carrega, sendo o responsável pelo que ela é hoje, uma heroína.

Ou seja, o arco inteiro é construído em cima dos pilares de Gotham e do Batman. A ideia de que Alice, a personalidade psicótica e perigosa de Beth, tem que ir para um lugar onde deve ser tratada e não para Arkham, coloca em xeque muito das decisões do Batman, já que o Arkham se provou inúmeras vezes ineficaz em aprisionar os vilões. Por outro lado, é colocado que uma das grandes diferenças entre a Batwoman e o Batman é que ela não tem problema em matar e aniquilar uma ameaça, como ela fez com o Cara de Barro em Detective Comics: A Queda dos Batmen, quando Basil Karlo se descontrolou e ameaçou destruir a cidade. Dois pesos, duas medidas? Um ponto interessante é que o Batman é retratado daquela forma misteriosa aqui, praticamente entrando mudo e saindo calado.

As duas últimas edições, #17 e #18, ocorrem alguns meses após o confronto com a Alice. Pra não dar muitos spoilers, não vou comentar como a situação se resolveu! Batwoman está de volta à Gotham, combatendo o crime e tentando se livrar dos problemas do passado, até que acaba salvando Renee Montoya, sua ex-namorada, das mãos do caricato vilão Rei Relógio. As duas se unem para desmantelar a rede de tráfico que o Rei vem criando, usando a droga Kairos. Apesar de aparentemente mudar o rumo dos eventos do arco, dando uma aliviada no relacionamento entre Kate e o Batman, esse final ainda traz uma discussão sobre o tempo, passado e futuro da Batwoman. A gente fica se perguntando o quanto Kate e Renee merecem voltar e o quanto a vida que levam, de combatente, dificultam isso. A roteirista Marguerite Bennett finaliza a revista num tom de despedida, deixando o caminho aberto para a Batwoman e levantando a questão (assim como respondendo): “o que ela pode fazer que o Batman não pode?”. Apesar da confusa história e conclusão envolvendo os Muitos Braços da Morte, Fernando Blanco e John Rauch continuam seu ótimo trabalho nos desenhos, criando sequências bastante inspiradas e páginas duplas recheadas de ação. Vale comentar também as capas desenhadas por Dan Panosian para esse arco, fenomenais.

Confira a sequência dos reviews da Batwoman que fiz aqui no site:

Fase Rebirth (Marguerite Bennett):
Batwoman: Os Muitos Braços da Morte
Batwoman: Medo e Aversão no País das Maravilhas
Batwoman: Queda da Dinastia Kane

Arcos importantes em Detective Comics:
Detective Comics: Batwoman Begins e Edição #950
Detective Comics: A Queda dos Batmen
Detective Comics: O Julgamento da Batwoman

Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outras séries!

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