Arcos Principais: Sanção X (X-Sanction).
Publicação Original/ Brasil: Avengers: X-Sanction #1-4 (Marvel, 2012)/ Vingadores Vs X-Men #0 (Panini, 2013).
Roteiro/ Arte: Jeph Loeb/ Ed McGuinness.
Vingadores: Sanção X foi uma mini em 4 partes protagonizada pelo Cable e que preparou o terreno para o evento Vingadores Vs X-Men. O Cable não é um dos meus mutantes preferidos, mas foi muito importante em todo o processo pós-Dia M. Ele que ficou responsável por levar a menina Esperança para longe, viajando no tempo com ela e, ao mesmo tempo, fugindo do Bishop, que acreditava que Esperança era a responsável pelo seu futuro e que precisava matá-la. Essa série do Cable foi escrita pelo Duane Swierczynski e durou 24 edições, onde explorou a relação dele com a menina, além de fazê-la chegar à adolescência. Particularmente, achei que encheu linguiça demais e poderia ter sido menor. Voltando pro presente, Cable se encontrou em meio ao Segundo Advento e é morto. Bom, aparentemente. Essas histórias que antecedem VvsX, como a Cruzada das Crianças (que trouxe a Feiticeira Escarlate de volta ao jogo) acabam banalizando a morte. Todo mundo sabe que não se deve levar a sério morte de heróis, mas essa salada de morre/ renasce fica uma bagunça. Em Sanção X o Cable não só está vivo, como acredita que deve matar os Vingadores em 24h, antes de ter seu corpo dominado pelo tecnovírus, pra evitar uma catástrofe. E lá vamos nós de novo… Review especial com spoilers!
SANÇÃO X
O Cable não foi morto durante o Segundo Advento, na verdade ele meio que se teleportou pro futuro. Simples assim (ou não?). Lá ele encontra Blaquesmith, seu amigo e mentor de longa data, que não dava as caras já há um bom tempo! A última vez que o vi foi na Arma X. Os dois conversam e Nathan descobre que o mundo se tornou um lugar pior, destruído, por conta de uma perseguição dos Vingadores contra a Esperança e os X-Men. Por ser o pai adotivo dela, ele se sente na obrigação de fazer algo. Porém o vírus em seu corpo está se espalhando, restando apenas 24h de vida. Assim, mesmo com Blaquesmith não concordando, Cable volta pro presente com a missão de acabar com os Vingadores e evitar que Esperança seja prejudicada, também evitando o futuro que ele viu. Ou seja, só aqui nesse começo dá pra ver vários problemas. Primeiro a crise das 24h, algo super batido e que já vimos aos montes por aí. Só de cabeça consigo lembrar da Guerra Messiânica, onde a equipe tinha 32h pra efetuarem a missão ou morrerem; ou a mini Caçada Mortal, onde Dentes-de-Sabre precisava matar a Mística em 48h pra não morrer. Depois vem a questão das viagens no tempo, algo que foi explorado à exaustão na série dele e que aqui vem dar a cerejinha do bolo, com a sua morte no Segundo Advento (que foi muito bom), sendo jogada no ralo. Mas o pior é o Cable fazer exatamente o que o Bishop estava fazendo: acreditar que a Esperança é responsável por alguma coisa que ainda nem aconteceu, ficar cego e detonar tudo que vê pela frente.
Os Vingadores estão enfrentando alguns inimigos do escalão B quando o Cable chega, tirando primeiro o Falcão do jogo e depois capturando o Capitão América e o Homem de Ferro, trancando os três num cargueiro onde há tecnologia anti-mutante, que ele acredita ter sido criada pelos próprios Vingadores. Depois é a vez do Hulk Vermelho chegar e ser abatido, recebendo um pouco do tecnovírus. Em defesa do Cable, que veio com sangue no olho, ele tem armas do futuro, podendo explicar a facilidade em lidar com os heróis. Mas ele sozinho conseguir eliminar 4 Vingadores? A mini foi escrita pelo renomado Jeph Loeb (Mulher-Gato: Cidade Eterna), que já havia escrito uma fase da série do Cable nos anos 1990, como também foi o criador do Hulk Vermelho em 2008. Ou seja, contexto ele tem pra trabalhar com os personagens. O desenhista Ed McGuinness (À Procura de Noturno) também foi o co-criador do Hulk Vermelho e é um parceiro de longa data do Loeb, seguindo uma estética mais exagerada, lembrando um estilo do começo dos anos 2000. Apesar de toda essa bagagem, a mini não decola. Alguns momentos, sim, são bem interessantes. Quando o Cable contamina o Hulk, por exemplo, e depois fica irado pra eliminar o vírus do corpo, é muito bom. Mas todo o resto é trash.
Perto do final temos o Wolverine, o Homem-Aranha, Ciclope e a Esperança, além do Blaquesmith, chegando no cargueiro pra tentar impedir o Cable de fazer alguma loucura. Depois de todo o perrengue com o Bishop, fica difícil de acreditar em tudo isso que ele está planejando. Não há diálogos, um momento de usar a cabeça, pensar um pouco, tudo se resume a descer a porrada. A Esperança (que continua usando aquele trapo no pescoço) consegue desarmar as bombas ligadas aos Vingadores e Cable acaba caindo, tendo seu corpo todo dominado pelo vírus, sendo levado à Utopia, enquanto os Vingadores ficam com o cargueiro e, consequentemente, com a tecnologia dele. O final traz uma ponta de empolgação, com a Esperança tocando o pai e conseguindo limpá-lo de todo o vírus, utilizando de uma força que leva a crer ser da Fênix. Ficando a impressão de tudo isso só pra colocá-la como hospedeira, algo que já estava nas entrelinhas, e deixar (mais uma vez) os Vingadores contra os X-Men. E o mais engraçado é que só o Cable foi capaz de derrubar os principais Vingadores, o que esperar de todos os X-Men contra eles?
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.