[Especial] Os Vingadores: A Cruzada das Crianças!

Arcos Principais: A Cruzada das Crianças (Children’s Crusade).
Publicação Original/ Brasil: Avengers: The Children’s Crusade #1-9 (Marvel, 2010)/ Os Vingadores Especial: A Cruzada das Crianças #1-2 (Panini, 2012) e Vingadores: A Cruzada das Crianças (Salvat, 2016).
Roteiro/ Arte: Allan Heinberg/ Jim Cheung.

A Cruzada das Crianças foi um especial em 9 edições publicado pela Marvel em 2010, protagonizado pelos Jovens Vingadores e meio que fechando um grande capítulo de sua história, envolvendo a Feiticeira Escarlate. Só contextualizando, a Wanda havia enlouquecido ao saber que seus filhos gêmeos não eram bem reais, atacando seus próprios colegas de equipe no arco Vingadores – A Queda, ocasionando a morte de três deles (Gavião Arqueiro, Homem-Formiga e o Visão), recriando a realidade em Dinastia M, onde disse as três famosas palavras: “chega de mutantes” e acabando por exterminar quase que 100% do Gene X no mundo, transformando a raça mutante numa Espécie em Extinção. A Wanda, desde então, tinha desaparecido. A população não sabia a quem culpar a perda do Gene X e os X-Men passaram por vários perrengues. Mas os Jovens Vingadores surgem em cena com um só foco: encontrá-la. Desencadeando várias situações. Review com spoilers!

A CRUZADA DAS CRIANÇAS

Eu não cheguei a curtir a série original dos Jovens Vingadores o tanto que eu queria, então fiquei com um pé atrás nesse especial. Ainda mais porque a equipe criativa é a mesma: Allan Heinberg no roteiro e Jim Cheung nos desenhos. Mas me surpreendi bastante! Os Jovens Vingadores estão confrontando alguns vilões e o Wiccano perde o controle ao ver seu namorado, Hulkling, ameaçado por um deles, soltando um clarão e deixando todos ao redor em coma. Simples assim. Logo Ms. Marvel, Homem de Ferro e Capitão América aparecem e recriminam a equipe, exigindo que Wiccano fique no QG deles para ser analisado, já que não querem uma Feiticeira Escarlate 2.0 por aí. É aqui que começam os debates em torno dele e do Célere serem os filhos da Wanda, ou pelo menos terem a alma deles, pensando em irem atrás da mãe perdida. Outro ponto legal é que o relacionamento do Wiccano e Hulkling é abordado de maneira aberta, nada de entrelinhas. Os dois acabam sendo hóspedes dos Vingadores, mas num quarto com camas de solteiro. Logo o Wiccano transforma o lugar e cria uma cama de casal. É bom porque desmistifica a homossexualidade, colocando dois adolescentes que se amam e que fazem de tudo um pelo outro (gerando toda essa confusão, inclusive).

Sabendo que seus colegas estão sob os cuidados dos Vingadores, o restate da equipe mirim invade o QG pra realizar o resgate, mas são surpreendidos com a chegada de Magneto. Ele também tem interesse em encontrar sua filha e acredita que com a presença dos gêmeos terá mais sucesso, já que falhou até agora. Aí o caos tá feito: Magneto, Vingadores e Jovens Vingadores num mesmo lugar, cada um com sua opinião. Enquanto os gêmeos querem encontrar sua mãe, tendo o restante da equipe ao seu lado, não querem se juntar ao Magneto, que não é famoso por sua benevolência; já os Vingadores querem sua ex-colega de volta para que pague por seus crimes. Ah, além do Wolverine, que tem uma solução bem simples: irá matá-la, prevenindo qualquer problema futuro; e se o Wiccano estiver no mesmo caminho, irá matá-lo também. E depois dele ter encabeçado a violenta X-Force secreta do Ciclope, não duvido que faria.

E com toda a confusão formada, Wiccano dispara um mega raio/ trovão na galera e transporta seus amigos e o Magneto diretamente para a Trânsia, lugar de origem da Feiticeira. É uma cena muito boa, mostrando o nível do poder do garoto. Só que são surpreendidos pelo Mercúrio, que começa a discutir com o pai e com as crianças, com ele arremessando algumas lanças no intuito de matar o Magneto, mas acertando uma camponesa que era, pra surpresa geral, a própria Wanda! Em Espécie em Extinção, nós vimos o Fera na Trânsia, conversando com essa mesma Wanda, percebendo que ela não lembrava de nada. Só que agora, com uma lança na barriga, descobrimos que não passa de um robô do Dr. Destino, um destinobô. Uma farsa, fazendo com que todos voltem sua atenção à Latveria. Enquanto os Vingadores convidam Magnum, que foi revivido pela Feiticeira no passado, pra ajudar a encontrá-la. Mas ele não concorda com os objetivos da equipe, muito menos com os do Wolverine.

Uma situação vai levando à outra, culminando com tanto os Jovens Vingadores, Magneto, Mercúrio e os Vingadores, junto do Magnum, invadindo a Latvéria e tirando o Dr. Destino do sério, descobrindo que ele estava escondendo a Feiticeira Escarlate por esse tempo todo e pretendendo casar-se com ela, que está sem memórias. Já imaginou ele, que é um dos maiores vilões do mundo, controlando uma das pessoas mais poderosas de todas, capaz de moldar a realidade? Um ponto que não gostei muito na série dos Jovens Vingadores foi alguns temas batidos de origem, que aqui não ocorrem tanto. Claro que ainda tem a porradaria tradicional, seguindo o lema: bate primeiro, pergunta depois. Mas há uma diferenciação melhor entre os membros da equipe. Enquanto Wiccano e Hulking formam um casal que funciona e é carismático, temos o Patriota na contramão, talvez o único com um pouco de bom senso, percebendo o quão problemático é essa união com o Magneto, além de trazerem a Feiticeira de volta, o quão perigosa ela foi e pode ser novamente. Estatura segue o coração, na esperança de ter seu pai, o Homem Formiga, revivido por ela. O plot-twist ocorre quando o Rapaz de Ferro, o mesmo que se tornaria o Kang, o Conquistador e deu origem à equipe mirim, surge do nada e diz que estão prestes a fazer uma cagada. Como ele caminha pelo fluxo do tempo, sugere levar a equipe de volta ao episódio da Queda, pra prevenirem o surto da mulher. Nem preciso dizer que dá errado, né?

Particularmente não gosto de viagens no tempo, realidades paralelas e afins, quase sempre servindo de Deus Ex Machina. Nesse caso, o Rapaz de Ferro leva junto a Feiticeira, chegando bem no momento em que o falecido Valete de Copas ressurge pra explodir o Homem Formiga. Estatura consegue tirar seu pai de cena, salvando-o, enquanto Wanda tem uma conversa com o Valete e lembra de tudo o que fez, usando seus poderes para se “realocarem” no tempo, voltando pro presente, trazendo o Homem-Formiga vivo. Ela se mostra bastante arrependida e promete tentar trazer os poderes de todos os mutantes de volta. Escondidos, chamam a X-Factor, conseguindo religar os poderes do Rictor, que foi um dos atingidos pelo “chega de mutantes“. Mas o caldo entorna quando os Vingadores descobrem a situação e querem levá-la pra justiça e os X-Men, liderados pelo Ciclope, também aparecem e querem levá-la prisioneira. São vários diálogos interessantes e cenas inesperadas! Primeiro com o Madrox falando que, quando o mundo souber da verdade, a Wanda será linchada pelos mutantes que perderam seus poderes. Depois temos o Ciclope dando uma rajada no Homem de Ferro, pra deixar de se intrometer em assuntos da mutandade! Sem contar o próprio Wolverine, que pula pra cima dela! O Wiccano aproveita pra jogar na cara de todo mundo o quanto estão próximos de criminosos, como quase toda a equipe do Ciclope ser formada por ex-criminosos (Emma Frost, Magneto, Vampira, Gambit) ou de quantas vezes os Vingadores já não foram possuídos ou fizeram algo contra sua vontade. Vamos lembrar da Fênix destruindo um planeta? Que deveriam dar uma segunda chance à ela. Porém estamos falando da Feiticeira Escarlate, que acabou de ir e vir no tempo, que se irrita e nocauteia todo mundo. Simples assim.

Descobrimos que, antes da Queda, a Feiticeira Escarlate havia pedido ajuda mágica pro Dr. Destino, que manipula melhor isso. Ela acabou ganhando controle sobre a Força da Vida, por isso conseguiu manipular tanto a realidade, coisa que não era capaz antes. Ela se une ao Wiccano e ao vilão, pra tentarem restaurar o Gene X, mas Eli percebe que seria furada e acaba interrompendo o ritual, com a Feiticeira perdendo a Força da Vida, ficando mais fraca, e a passando pro Destino, que fica mais forte. Como nos Power Rangers, ele fica gigante e renovado, sem a máscara, bancando o Deus benevolente, mas matando todos que entrarem em seu caminho. X-Men e Vingadores se unem pra tentar impedi-lo, com a Estatura e o Visão Jr. morrendo no processo, e a Força da Vida o corroendo, acabando com ele. Allan Heinberg fez um bom trabalho nesse especial, conseguindo trazer a Feiticeira de volta à jogada e com os seus poderes em níveis “normais”, já que perdeu essa Força. A última edição mostra como os Jovens Vingadores lidaram com as perdas, se separando, mas com os Vingadores os condecorando, erguendo um monumento em homenagem aos mortos. Algo que comentei no review da Queda e que repito aqui: gosto muito desse lado dos Vingadores, coisa que não vemos tanto nos X-Men (já que são odiados pelo povo). Os desenhos de Jim Cheung também são bons, com destaque para os uniformes rasgados e sujos, além da cenas mega-lotadas de heróis se digladiando. Vale comentar que a história ocorre antes do Cisma Mutante.

A Cruzada das Crianças saiu no Brasil em dois momentos: em 2012 numa série de dois encadernados pela Panini; e em 2016 pela Salvat. Há alguns pontos negativos, como a banalidade da vida/ morte, algo já característico dos quadrinhos de heróis, sendo impossível de ser levado a sério. Só nessa série temos o Magnum, Visão, Gavião Arqueiro e Homem-Formiga que morreram/ renasceram e que tem ligação com a Feiticeira, sem contar os demais heróis em momentos distintos. Há um sério problema na quantidade de gente por batalha, virando uma confusão, com personagem surgindo e desaparecendo do nada. E há, também, a questão de deixar no ar que o Dia M não foi totalmente culpa da Feiticeira. Será que foi uma maneira de apaziguarem ela? Mas o nível de momentos WOW compensam. E ver o Ciclope chutando a bunda dos Vingadores nunca é demais!

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