[Especial] Wolverine: Procura-se Mística!

Arcos Principais: Procura-se Mística (Get Mystique).
Publicação Original/ Brasil: Wolverine #62 ao #65 (Marvel, 2008)/Wolverine #53 ao #56 (Panini, 2009) e Heróis Mais Poderosos Da Marvel #3 (Salvat, 2014).
Roteiro/ Arte: Jason Aaron/ Ron Garney.

Como comentei no especial do crossover Pecado Original, não li Wolverine Origens pois o Logan não é dos meus personagens preferidos. Também não li o início de Wolverine Vol. 2, mesmo com os elogios da fase do Greg Rucka, já que o final do Vol. 1 ia de mal a pior e era um saco. Quer dizer, cada arco o Tio Logan entrava num bar, arrumava encrenca, encontrava algum antigo inimigo, pagava alguma antiga dívida ou algo assim. Sempre. Optei por não ler o mix Wolverine da Panini. Mas a fase do Jason Aaron (autor da excelente série Escalpo) é bastante aclamada, assim como o arco Velho Logan do Mark Millar. E como acontece nesse mesmo período em que estou lendo e fazendo os especiais (pós-Complexo de Messias), resolvi ceder e começar a ler, também. Felizmente, o resultado é bastante positivo! Contém spoilers.

“Procura-se Mística” é um arco em quatro partes, o primeiro finalizado por Jason Aaron em Wolverine, na tentativa de dar um novo gás ao personagem. Ocorre logo após o Complexo de Messias, quando Mística traiu os X-Men, se uniu ao Sr. Sinistro para capturar a bebê Esperança, trai o Sr. Sinistro também, matando-o, leva um sopapo da Vampira e desaparece. Só nesse resumo dá pra perceber o quanto Raven é de confiança. Ciclope adotou uma nova posição em relação a assassinato após o Complexo: reagrupou a X-Force para matarem Matthew Risman, líder dos Purificadores. E depois os enviou ao futuro para salvarem Cable, mesmo isso podendo significar a morte de Faísca, Dinamite e Satânico.

Percebendo que Mística é perigosa de mais pra ficar livre, pede a Wolverine que a persiga e elimine de uma vez por todas! Missão que ele pega com sorriso no rosto. Além da traição (uma de tantas outras que já cometeu), Logan também tem uma velha história com ela, mostrada por Aaron em flashbacks. Mas Mística é a Mística, a maior e mais insensível terrorista mutante do mundo. Acho que sua presença foi o que me motivou a começar a ler este volume de Wolverine, pois é uma das minhas personagens preferidas. Ela sempre foi boa em fugir de perseguidores, como na excelente mini Caçada Mortal, onde Dentes-de-Sabre precisa matá-la pra não morrer.

Wolverine e Mística se conheceram em 1921, ao serem amarrados juntos e dispostos numa parede, para receberem uma leva de tiros. Não só escaparam, como firmaram uma união e um caso amoroso. Raven o levou ao Kansas, onde treinava um grupo de ladrões esquisitões. Wolverine, apesar de não querer ficar com essa “trupe de circo”, acaba fazendo parte da gangue por um tempo. Essa linha temporal vai sendo narrada aos poucos por Aaron, em paralelo ao presente.

Iniciando sua missão, Wolverine já percebe que não será fácil capturá-la. Ele sabe que ela está no Oriente Médio, mas sempre escorregadia e muito esperta: numa cidade, por exemplo, ela se disfarçou dele e matou uma inocente. Wolverine, ao chegar nessa cidade, é recebido com tiro, porrada e bomba. São pontos interessantes para situar o leitor que não conhece bem os personagens. Logan, apesar de tudo, nunca mataria um inocente. Já Mística não teria problema nenhum com isso, afinal ela matou o próprio filho anti-mutante.

Numa cena bem interessante, ela está disfarçada de freira num bar. Logan a encontra e não quer tumultuar o lugar, os dois chegam a tomar algumas doses de 51, inclusive, discutindo a relação que possuem. Ela o chama de hipócrita e não entende porque só agora quer matá-la, já que não é a primeira vez (e nem será a última) que trai os X-Men. Wolverine prefere continuar focando na missão pra não deixar ser enganado por ela, mas acaba deixando-a fugir mais uma vez.

Vendo que o cerco está se fechando, Mística assassina um chefe do exército americano em Bagdá e passa a se disfarçar dele, pra ganhar defesa. Wolverine, pra entrar na fortaleza americana, se auto-explode com toneladas de explosivos, pra retardar seu fator de cura e poder entrar, semi-morto, como se fosse um homem-bomba. No necrotério, ele se recupera e consegue pegar Mística de surpresa, iniciando um combate corpo a corpo muito bom. É tapa, porrada, cadeirada e tiro pra todo canto.

Não tem saída, Raven tem que enfrentar o inimigo de frente, não dá pra fugir a vida toda. Ela acaba escapando da fortaleza, roubando um caminhão, implantando armadilhas num terreno e aguardando pela chegada de Logan, nua e armada até os dentes! O clímax do arco é esta batalha. Ela parte pra cima dele com tudo que tem, os dois praticamente estão dispostos a se matarem, com direito a facada e tiro na cabeça.

Um dos ressentimento de Logan é que, lá em 1921, Mística traiu tanto ele quanto sua própria gangue. Deixando-os para morrer e fugindo com mercadoria roubada. Em nenhum momento ela gostaria de casar ou se firmar em algum lugar. Foi tudo jogada. No presente, porém, ela não consegue vencê-lo. Apesar de toda a pirotecnia durante o arco, Jason Aaron cria um cenário final excelente: Mística, sangrando e toda quebrada, vomita na cara de Wolverine e tenta fugir se arrastando pelo chão. Ele resolve não matá-la, preferindo deixá-la ao relento para morrer sozinha. Ela, claro, fica furiosa. Ele faz o que ela fez no passado e prefere não dar o tiro de misericórdia. Não tenho dúvidas que isso teve retorno.

Procura-se Mística se revela um arco muito divertido, com bastante ação e mostrando a Mística que gostamos, que não dá o braço a torcer. Fiquei com expectativa pra ler a fase do Jason Aaron. A arte é de Ron Garney (Espetacular Homem-Aranha), que tinha feito um ótimo trabalho já nas histórias X, como numa sem diálogos de Fabulosos X-Men. Por não ter quase nenhum herói/ vilão, com exceção dos dois protagonistas, o artista focou em montar um cenário com pessoas reais, sem muita roupa espalhafatosa. Várias cenas merecem destaque, como as transformações da Raven.

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