Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] X-Men #15 !
Nome Original: Wolverine #166; Uncanny X-Men #401; X-Men #121 à #120
Editora/Ano: Panini, 2003 (Marvel, 2002)
Preço/ Páginas: R$7,50/ 100 páginas
Gênero: Ação/ Super-Herói
Roteiro: Frank Tieri; Joe Casey; Grant Morrison
Arte: Sean Chen; Ron Garney; Frank Quitely
Sinopse: Jean Grey e Emma Frost tentam resgatar a mente do Professor X, trancada no corpo moribundo de Cassandra Nova, e fazem uma surpreendente descoberta. Enquanto isso, a vilã inicia seu plano para tomar o Império Shiar. Na Escócia, Banshee deixa de lado a autopiedade em que mergulhou desde a morte de Moira McTaggert e coloca em prática um plano pra lá de radical. Wolverine: o arrasador confronto entre Logan e o aperfeiçoado Dentes-de-Sabre!
***
Após o arco Geração Sem Germes, com a morte de John Sublime e seus ideais da Terceira Espécie (humanos com poderes graças à transplante de órgãos mutantes), o mix dessa edição de X-Men mantém o ritmo e só tende à melhorar, em parte graças aos Novos X-Men de Grant Morrison. O arco Caçado do Wolverine finalmente chega ao fim e, em Fabulosos, temos uma agradável surpresa com o Banshee, sumido há um certo tempo.
.
Mas antes de falar das histórias, interessante comentar a lista dos “Melhores de 2002” publicado no início da edição e realizada a partir de votação dos leitores. Melhor revista, melhor herói e melhor série são algumas das categorias. Os mutantes venceram 5 delas e ilustram como o grupo estava sendo visto pelo público. A mini Origem venceu em duas categorias: Melhor Mini-Série e Melhor Desenhista.
.
– Melhor Revista: X-Men Extra. As tramas de Fabulosos e Novos X-Men estão bem acima da média e a revista que as lançam (desta resenha) deveria ter vencido, mas parece que o grupo de Chris Claremont caiu no gosto popular, já que…
– Melhor Grupo: X-Treme X-Men. Composto por Bishop, Pássaro Trovejante, Sábia, Vampira e liderados por Tempestade, os X-Treme estavam com histórias medianas e só vieram a melhorar agora, em X-Men Extra #14, com o fim da trágica mini-série na Terra Selvagem. Eu escolheria a X-Force.
– Melhor Heroína: Tempestade. Tendo em vista a popularidade do grupo no qual lidera, não foi surpresa Ororo vencer. Eu votaria em Vampira.
– Melhor Arco: Poptopia. Um arco legal, mas votaria em E de Extinção, que ficou em segundo lugar.
– Melhor Roteirista: Grant Morrison (Novos X-Men, Quarteto Fantástico). Merecido, o autor revirou a série principal, tirando da mesmice, acrescentando novos elementos, condensando o grupo etc.
Wolverine: última parte do arco Caçado, que começou interessante mas veio se arrastando à 6 edições para terminar de maneira sem graça. Logan foi capturado pela Arma X e teve alguns implantes de memória alterados, enquanto Dentes-de-Sabre tenta recrutar um ex-membro do programa. O ponto alto de todo o arco foi as doses generosas de violência, com Wolverine fatiando todo mundo, sangue escorrendo e por aí vai. Algo essencial em se tratando de personagens que são, de fato, violentos. Mas o arco ficou muito extenso e com momentos desnecessários (o zumbi que lhe arranca o olho esquerdo, por exemplo).
.
Fica a impressão de Frank Tieri ter perdido o rumo do roteiro e, no final, ter criado uma conclusão padrão. A arte de Sean Chen é boa e realça as cenas brutais, com destaque para Victor Creed (que enfia o punho no peito de seu adversário e o joga de um prédio) e os efeitos de sangue, quase sempre pulverizados. A excelente capa é de J. H. Williams III, o desenhista da Batwoman. Tieri já descobriu o que da certo com o personagem, resta esperar que ele dê o rumo certo à serie. Na próxima edição os desenhos passam a ser de Dan Fraga (Tomb Raider & Witchblade) num novo arco em 3 partes.
Fabulosos X-Men: essa história foi lançada no “mês silencioso” da Marvel (Nuff Said), onde a editora lançou suas revistas mensais sem nenhum diálogo. Em X-Men Extra #13 aconteceu o mesmo com Os Exilados. Felizmente, não se trata de uma história “tapa-buraco” e possui um bom desenvolvimento, ao contrário do que ocorreu com a turma da Blink. Não há falas, balões, nem onomatopéias. Banshee visita o túmulo de Moira e sai transtornado, é mostrada várias sequencias de vilões: Mestra Mental sendo mantida numa realidade virtual, a cela vazia de Mística e Blob, Radius e Avalanche indo para a sala de Banshee. Tudo indica que o ruivo pretende criar alguma equipe, os motivos permanecem em segredo.
.
Os roteiros continuam com Joe Casey e desenhos de Ron Garney (Espetacular Homem-Aranha), que fez um bom trabalho. Por ser uma história totalmente visual, o trabalho do desenhista é de suma importância para fazê-la funcionar, e conseguiu. Há uma sequencia de luta entre Wolverine e Stacy X que agrada, mas o destaque fica para os momentos finais. A cena onde Blob é levado para o edifício é muito boa e, quando ele grita com Banshee e recebe outro grito em troca, é incrível! Lembrando que não há onomatopéias.
Novos X-Men: as duas últimas histórias são de Grant Morrison em parceria com Frank Quitely, que desenhou o arco E de Extinção, o primeiro dos Novos X-Men. Assim como em Fabulosos, a primeira história também fez parte do evento Nuff Said e, apesar de usar de artimanhas para reproduzir textos, o trabalho da dupla ficou ótimo. As telepatas Jean Grey e Emma Frost decidem invadir a mente de Cassandra Nova, mantida numa espécie de coma, e descobrir sua ligação com o Professor X. Lá, descobrem se tratar de uma irmã gêmea de Charles. No ventre, os dois lutavam pela sobrevivência (devido o nível de seus poderes) e, pelo que parece, Cassandra levou a pior e se transformou numa espécie de energia viva.
.
OK, a idéia de uma irmã gêmea do Professor à esta altura do campeonato soa ridículo, mas foi tão bem desenvolvida que se torna aceitável. Frank Quitely prova ser um dos melhores desenhistas dos mutantes deste período em sequencias muito bem elaboradas. Quando Emma e Jean adentram na mente da vilã e surgem numa escada rochosa, avistando uma torre cercada pelo mar, onde a consciência do Professor pode estar presa, lembra filmes como A Cela ou até mesmo o recente A Origem. A sequencia dos “irmãos” dentro da barriga também é muito boa. Sem dúvidas, a melhor história do mix.
A última história, também dos Novos X-Men, é focada no Imperio Shiar descobrindo que Cassandra Nova está no poder, apesar de utilizar o corpo de Xavier. A Imperatriz Lilandra pede para que os sobreviventes da nave avisem a Terra e aos X-Men sobre o perigo iminente, já que a vilã está no controle de um dos maiores exércitos intergalácticos. Já na Terra, Emma, Jean, Fera e Ciclope informam as novas regras do Instituto para os alunos (Angel Salvatore resolveu entrar na escola), ao mesmo tempo que planejam reunir a mídia para expor a situação mutante e do Professor.
.
A origem de Nova é melhor explicada e Xorn, o mutante que surgiu em X-Men Widescreen, também dá o ar da graça, pois seu dom de cura pode ajudar a mente aprisionada do Professor a se libertar, pois o corpo de Nova está morrendo. A arte de Quitely está diferente da história anterior (talvez por possuir arte-finalização) e as cenas com a nave Shiar ficaram um pouco confusas, mas seu bom estilo “Beavis e Butthead” de retratar rostos continua presente.
.
Uma boa edição, mantendo o nível da anterior, boa parte graças à Novos X-Men, que vem trazendo ótimas inovações. O arco de Wolverine foi concluído de forma precária e Fabulosos X-Men continua agradável, agora com um possível grupo liderado por Banshee. O acabamento se mantém, com sessão de cartas, capas originais e o editorial com os Melhores de 2002.