Nome Original: Spaceman #1; Scalped #30; House of Mystery #21; Hellblazer #206; American Vampire #19
Hellblazer: John Constantine não seria o mesmo sem sua habitual cara de pau. Mas ela quase é quebrada quando ele ainda tem a pachorra de procurar Chas e pedir ajuda… mais uma vez. Casa dos Mistérios: começa uma nova era. Fig reabre a casa para o público, mas… onde está Harry? O que Caim está fazendo lá? Desenhista convidado: Sergio Aragonés! Vampiro Americano: a série faz um flashback pra uma história perdida de Skinner Sweet. Conheça o envolvimento do sanguessuga com a brutal Guerra Indígena e descubra um antigo mal escondido no coração do Velho Oeste!
Neste mundo futurista-decadente, tudo gira em torno de tecnologia, como celulares conectados 24 horas, sensores que captam emoções e conectam pessoas e por aí vai. Orson, o protagonista, é o famoso “grandão bobão” que faz amizade com crianças da redondeza e, num passeio, acaba se envolvendo num sequestro. Há várias informações paralelas, para aprofundar a trama, como uma espécie de reality show com crianças órfãs para eleger quem será o filho de uma celebridade. Neste primeiro momento a série não empolga, vamos aguardar as outras edições. Como é de se esperar, a arte de Eduardo Risso é ótima, acompanhado das ótimas cores de Mulvihill, com destaque para a cena em que Orson se conecta com uma mulher, logo no início. Interessante comentar que Giulia Brusco (O Justiceiro) também assina as cores desta historia e que esse estilo de coloração mais “pastel” é constante durante toda a edição.
Escalpo: o melhor da revista. Sempre vejo elogios da série e só pude ler agora e, mesmo assim, é perceptível sua qualidade. O roteiro é do Jason Aaron (Wolverine, Motoqueiro Fantasma) e arte de R. M. Guéra (Texas Riders), com as cores de Giulia Brusco, a colorista oficial. A trama é bastante extensa e a Panini acertou em colocar um “Anteriormente” no início de cada história para situar o leitor. Resumindo, a polícia local chefiada por Nits envia o agente Cavalo Ruim numa reserva indígena comandada por Corvo Vermelho, para descobrir as falcatruas do índio e prende-lo. Porém, Cavalo Ruim acaba virando uma espécie de braço direito de Corvo Vermelho, que desconfia que há alguém infiltrado na Reserva. Parece confuso, mas as coisas vão se acertando, bem no estilo do filme Os Infiltrados.
A narrativa flui muito bem e a naturalidade das ações espantam, como na sequencia final. Há vários detalhes durante as cenas, como uma mulher cheirando cocaína, o vício de Cavalo Ruim, as tatuagens dos personagens e por aí vai. O destaque fica para o momento em que Corvo Vermelho mata um cara, simplesmente incrível! Quem gosta de histórias policiais que envolvem traição, intrigas e afins irá adorar essa série.
Casa dos Mistérios: controversa série que divide opiniões entre os leitores. Para quem não conhece, a Casa dos Mistérios é uma mansão que fica no Espaço Entre, um lugar entre as dimensões que pode ser acessado pelos sonhos, dentre outras formas. Os donos do lugar eram Caim e Abel, os mesmo que aparecem em Sandman, mas agora dividem o espaço com Fig, uma moça que está presa nesse lugar. Os visitantes do local sempre contam alguma história de mistério ou terror como forma de pagamento por usufruir das coisas da Casa, ou os donos contam como forma de agradecer. Nesta edição se inicia um novo arco, mostrando como a mansão será gerenciada pelas mãos desses três.
Eu achei a temática interessante e, à primeira vista, gostei da série, pois é bem diferente do que muitos dizem. O roteiro é de Matthew Sturges (João das Fábulas) e arte de Luca Rossi (Dampyr), com as cores de Lee Loughridge (Fábulas). Ao contrários das demais séries do mix, a arte aqui é mais clássica e menos estilizada, o que ajuda na ideia de que Casa dos Mistérios é uma série que remete aos primórdios do selo Vertigo. O artista convidado é Sergio Aragonés, o criador de Groo, que desenha a história contada pelo convidado especial. Seus traço cômico e detalhista roubaram a cena.
Hellblazer: série protagonizada pelo mago John Constantine. O resumo da Panini ajuda o novo leitor a se localizar, mas mesmo assim a trama é um pouco confusa, até porque o protagonista da vez é Chas, o amigo taxista de Constantine, que fora possuído pelo demônio Nergal e que continua com alguns resquícios de maldade, fazendo tudo que lhe vem à mente, inclusive bater na esposa. Há, também, uma trama paralela que envolve uma filha de Constantine indo atrás de seus amigos, para mata-los.
O roteiro é do Mike Carey (X-Men: Legacy, Lucifer), arte de Giuseppe Camuncoli (Daken, X-Necrosha) e as cores continua com Lee Loughridge. Não achei nada de excepcional e, na verdade, esperava até mais, devido ao hype em cima da série. Acredito que o traço de Giuseppe não funciona com a temática de Hellblazer, que trata de magia e terror. Mesmo assim, se mantém na média.
Vampiro Americano: roteiro de Scott Snyder (Monstro do Pântano), arte “clássica” de Jordi Bernet (Jonah Hex, Heavy Metal) e cores de Dave McCaig (Buffy, Vikings). Outra série completamente diferente do que esperava. Pelo que parece, a trama narra um “retcon” de dois personagens no estilo bang-bang. Com exceção do final, não há vampiros, o que eu aguardava 🙂
A arte de Bernet é muito boa, principalmente nas pessoas e animais, mas a falta de fundo das cenas chega a ser engraçado, pois na maioria não há céu, paisagens nem nada atrás dos personagens. Não vi nada de muito interessante ou que possa prender a atenção do leitor, mas pode ser que seja impressão, afinal de contas, a Panini lançou um encadernado da série (Vampiro Americano: Seleção Natural) e relançou as primeiras edições também em encadernado.
Esse primeiro contato com a mensal Vertigo foi dos melhores possíveis, principalmente pelo acabamento e organização da revista, um verdadeiro exemplo de como um mix deveria ser. Estão presentes todas as capas originais, há sessão de cartas, resumos, previews de outros títulos e comentários na contra-capa. São cinco séries em 130 páginas por R$9,90, em miolo pisa e capa LWC. O destaque fica para Escalpo e, em seguida, Casa dos Mistérios. Homem do Espaço, Vampiro Americano e Hellblazer não empolgam tanto.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.