[Review] X-Men – Dourado: De Volta ao Básico e Impérios Malignos!

Arcos Principais: De Volta ao Básico (Back to Basics) e Impérios Malignos (Evil Empires).
Publicação Original: X-Men Gold #1-12 (Marvel, 2017).
Roteiro/ Arte: Marc Guggenheim/ Ardian Syaf, Rb Silva, Ken Lashley, Lan Medina e Luke Ross.

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Após os eventos dos Inumanos Vs. X-Men, os mutantes entraram numa nova fase chamada RessurXion com séries totalmente novas. Duas delas eu já resenhei aqui, que foram Surpreendentes X-Men: A Vida de X e Geração X: Seleção Natural e Sobrevivência do Mais Apto. Mas essas eram revistas paralelas, já que os X-Men foram divididos em duas grandes equipes/ revistas: Dourado (Gold), com a equipe principal liderada pela Kitty Pryde; e a Azul (Blue), protagonizada pelos x-novinhos. Ambas revistas caminharam em paralelo, com direito até a crossover. Muitos falam mal dessa fase (por isso acabei deixando pra ler só agora), mas até que não achei tão ruim quanto apontam! Review especial com spoilers comentando as edições #1 à #12 de X-Men Dourado (X-Men: Gold), que compreendem os dois primeiros encadernados da série.

DE VOLTA AO BÁSICO

O roteiro de X-Men Gold é do Marc Guggenheim (Blade), que também é roteirista de programas como CSI e a série do Arqueiro Verde, ele trouxe uma equipe concisa de mutantes principais à frente do novo Instituto X, algo que geralmente funciona por conseguir desenvolver melhor as personagens. Vale comentar que após a batalha contra os Inumanos e com a última nuvem terrígena dizimada, a mansão saiu do Limbo e agora está no meio do Central Park como uma maneira de mostrar que os mutantes não vão mais se esconder. Essa equipe do Guggenhein é liderada pela Kitty Pryde e conta com o Velho Logan, Noturno, Rachel Grey, Colossus e Tempestade, uma boa equipe. Mas logo no início a gente já percebe que o autor vai apostar em trazer um certo saudosismo, além de diálogos meio datados e até ruins. Na edição #1 temos o grupo enfrentando o vilão de terceiro escalão Terrax, com direito a muita porradaria e a Kitty faseando um prédio inteiro, tudo como um prólogo para o verdadeiro inimigo… a nova Irmandade de Mutantes. Sim, uma retomada do grupo vilão mais antigo dos X-Men. Tudo acaba soando meio antiquado, até porque nessa nova Irmandade temos um Pyro e um Avalanche que não são os verdadeiros (que estão mortos), Masque dos Morlocks, um alienígena e uma Magma perturbada, todos dominados pelo Mesmero.

Os desenhos dessas primeiras edições são do Ardian Syaf (Batgirl), que também mantém uma estética meio antiga. O início realmente não é muito animador. Essa nova Irmandade sequestra o prefeito de NY e atrai os X-Men para o seu covil, claramente uma cilada, mas os heróis vencem ao final e mandam os vilões para à cadeia, com exceção do esquisitão alienígena, que é preso na Mansão para investigação. Amara também é resgatada e fica em recuperação. Ah, a Rachel adotou um novo codinome (Prestígio) e um novo uniforme, com direito a capa, horrível.

Um ponto positivo nessas primeiras 3 edições é a personagem Lydia Nance, uma jornalista anti-mutante que prega em seu programa na TV que os mutantes foram longe de mais, que são um perigo para a humanidade e por aí vai, aquele discurso que vemos desde o Reverendo Stryker nos anos 1980 em Deus Ama, o Homem Mata. Quer dizer, mais um momento saudosista. Mas digo que é positivo pois ela traz uma questão política bem interessante: um projeto de lei para deportar mutantes dos EUA. Segundo ela, não é justo que o país tenha que lidar com esse “problema” sozinho, principalmente por ser o país com mais mutantes e meta-humanos do mundo.

Na quarta edição entra o brasileiro R. B. Silva (que também desenha X-Men Blue) como desenhista, com um estilo mais limpo e moderno, mas Guggenhein continua explorando velhos temas da franquia. Dessa vez Gambit surge roubando um frasco misterioso para uma cliente misteriosa, descobrindo no momento da entrega que se trata de um frasco com milhares de nanitas e que a cliente é Olivia Trask, neta do criador original dos Sentinelas, Bolivar Trask. A situação sai do controle quando o frasco cai no chão e um enxame de nanitas é solto e se transforma num novo robô sentinela, com capacidade de se reproduzir e com inteligência artificial, atacando toda a Manhattam. Apesar da nostalgia em lidar com Sentinelas, um ponto interessante é que esse em particular se auto-programa para matar todo tipo de gene mutante, inclusive aqueles que geram daltonismo, câncer e até mesmo calvície. Ou seja, praticamente todas as pessoas!

Os X-Men e outros heróis locais, como o Demolidor e o Deadpool, se unem na briga para aniquilar o novo Sentinela, que se reproduz cada vez mais rápido e se adapta aos golpes recebidos. Por possuir uma certa consciência, ele é fraco contra ataques psíquicos, mas consegue contra-atacar todos os telepatas, como as Cucos. O que culmina na edição #6, última desse primeiro grande arco (e também a melhor). Rachel Grey foi uma das telepatas que caiu, ficando em recuperação ao lado do Noturno na mansão, e enquanto o ataque rola solto na cidade, ela começa a ter algumas “conversas inconscientes“. Desde o início da história, inclusive com a troca de codinome, ela demonstra que está um tanto desconfortável com toda a situação, além de se controlar. Nesse plano astral ela conversa com Jean Grey (sua mãe) e com Ciclope (seu pai), sobre o medo de alcançar seu potencial pleno, de se tornar a “farejedora” de sua realidade verdadeira ou ser uma hospedeira Fênix. E é legal por fazer essa pausa e desenvolver melhor a personagem, que percebe que só ela consegue impedir o sentinela. Assim, no momento que ela sai do transe, acaba expandindo seus poderes e aniquilando todas as nanitas da cidade!

IMPÉRIOS MALIGNOS

As próximas 6 edições que compõem esse segundo grande arco focam mais no relacionamento entre os membros do grupo, deixando um pouco de lado (mas nem tanto) o saudosismo. Descobrimos que a Irmandade de Mutantes estava trabalhando secretamente para a própria Lydia Nance, ajudando a gerar um novo fervor anti-mutante. E em paralelo, um serial killer de mutantes invade a Mansão, assassina dois estudantes, arranca um olho do Ocular e instala uma super bomba no porão antes de ser confrontado pelos X-Men. O assassino é um homem que perdeu seu filho durante o atentado do Magneto no Central Park por volta de 2003, querendo vingança hoje. O que também não é uma novidade, vilões criados a partir de danos colaterais que nem sempre tem a ver com os próprios heróis. O que também nos lembra de perguntar: de quem foi a grande ideia de trazer a Mansão justamente para o Central Park? Ah, a Kitty usa uma katana e relembra seus dias de treinamento com o Ogum para derrotar o assassino.

Como consequência do ataque do Sentinela, o Colossus foi ferido e perdeu a capacidade de se transformar em aço. Ele e a Kitty vão para a Washington participar de uma sessão no congresso para falarem sobre a proposta de Lei de Deportação Mutante, gerando um debate muito bom sobre vidas, dinheiro, destruição e vilões. A sessão é interrompida (típico) por um ataque de Anton Vanko, uma nova encarnação do Chicote Negro. Apesar dos esforços de Kitty, ela descobre que é quase certeza que a Lei vai passar.

Temos também Colossus se declarando mais uma vez para Kitty, dessa vez dizendo que gostaria até de se casar com ela. Em paralelo, Rachel Grey e Noturno também acabam se envolvendo num romance, com os dois saindo para jantar. Um ponto interessante é quando Noturno é espancado por um grupo anti-mutante e “quase morre“, quase porque ele diz que desde que saiu do céu em À Procura de Noturno (ele estava morto), a sua alma não tem mais para onde voltar, impedindo-o de morrer.

As edições #10 e #11 focam nos X-Men indo até a Russia enfrentar um clã mágico que ressuscitou o Ômega Vermelho, que agora é uma espécie de zumbi com fome de sangue. Um dos membros desse clã é um tio perdido de Colossus e Magia. A história não é muito empolgante, mas funciona para aproximar mais Kitty e Colossus, que consegue recuperar seus poderes. A edição #13 é protagonizada por Kologoth, o alien esquisito que apareceu com a Irmandade de Mutantes no início. Conhecemos a história dele, de como foi abandonado pelos pais por ser mutante e se tornou uma espécie de Hitler em seu planeta natal, sendo exilado na Terra.

Dois arcos bastante medianos, ainda que o primeiro tenha finalizado melhor. Marc Guggenhein aposta muito em temas clássicos da mitologia X, com um ar oitentista e até com os principais X-Men daquele período, mas acaba uma simulação antiquada, reciclando de ideias. É Irmandade de Mutantes, jornalista anti-mutante, novo Sentinela, antigos relacionamentos e até tirando dos mortos (literalmente) outros personagens, fora alguns diálogos bem ruins. Como pontos positivos fica essa nova Lei de Deportação Mutante, em como podem desenvolvê-la; o aumento dos poderes da Rachel; e também em carinhas que fazia tempo que não via, como o Pedreira, e Armadura. Ah, ao final temos uma chamada para o próximo arco: um crossover com a revista X-Men Blue e o retorno de um dos meus vilões preferidos, ninguém menos que o Mojo!

Confira a sequência dos reviews de X-Men Dourado que fiz aqui no site:

X-Men – Dourado: De Volta ao Básico e Impérios Malignos
X-Men Dourado/ Azul: Mojo Global

Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outras séries!

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