Arcos Principais: Mojo Global (Mojo Worldwide).
Publicação Original: X-Men Gold #13-15 e X-Men Blue #13-15 (Marvel, 2017).
Roteiro/ Arte: Marc Guggenheim e Cullen Bunn/ Mike Mayhew, Diego Bernard.
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Mojo Global é um arco crossover entre as séries X-Men Dourado e X-Men Azul, reunindo as edições #13-15 de cada uma, escrita em parceria pelo Marc Guggenheim (Blade) e Cullen Bunn (Trindade: Espaço Morto), com desenhos de Mike Mayhew, Diego Bernard. O vilão Mojo traz seu universo midiático à Terra e sequestra alguns X-Men para subir a audiência do seu mundo! Review especial com spoilers!
MOJO GLOBAL
O Mojo é um dos meus vilões preferidos, uma personagem que pode ser muito bem desenvolvida pra abordar questões como a mídia e o sensacionalismo, sem deixar pra trás o lado cômico e exagerado. E esse arco foi um dos motivos deu querer ler X-Men Dourado e X-Men Azul (apesar de muitos terem me dito pra fugir!). Apesar dos primeiros arcos dessas duas revistas terem sido bem medianos, até que gostei desse crossover. Na história, as duas equipes estão se divertindo no quintal do Instituto quando três totens gigantes caem do céu e fincam nas ruas de Manhattan. Os X-Men se dividem e vão averiguar os objetos, acabando por serem levados para a realidade virtual do Mojo.
O início é meio clichê, já que heróis (principalmente os X-Men) não tem um minuto de sossego em nenhum lugar, que logo entra alguma pancadaria. Mas a ideia que passam a desenvolver é bem interessante: cada grupo de X-Men (em cada um dos totens) entram numa simulação de algum eventos clássico dos mutantes, passando de cenário em cenário, como as sagas Inferno, da Fênix, Inumanos vs X-Men, Terra Selvagem e Massacre de Mutantes, com direito à roupa de cada um mudar conforme o ambiente. E o melhor: tudo está sendo transmitido ao vivo e em todas as mídias do mundo. A gente pensa que mais uma vez os autores estão se escorando em nostalgia (o que também é verdade), mas Mojo deixa claro que está apostando no “legado“, nos maiores hits da equipe!
Enquanto os X-Men vão enfrentando os vilões e monstros das simulações, inclusive com algumas mortes (como da Tempestade Sangrenta), o próprio Mojo surge nas telinhas para conversar com os telespectadores, dizendo que vale tudo para subir a audiência e que está disposto a matar todos os X-Men (e todos irão assistir) se for preciso. Sendo assim, temos brindes sendo distribuídos por demônios e até uma roda da fortuna pra decidir qual momento históricos eles vão passar. Hilário!
Não deixa de ser uma aventura pela mitologia dos X-Men. Os totens na verdade funcionam como antenas para a transmissão das imagens, dividindo as equipes em três grupos: Tempestade Sangrenta, Ciclopinho, Rachel Grey e Kitty Pryde (grupo um), Velho Logan, Tempestade e os jovens Homem de Gelo e Anjo (grupo dois) e Noturno, Jimmy Hudson, Colossus e os jovens Fera e Jean Grey (grupo três). Por serem muitos personagens, não temos uma boa interatividade ou desenvolvimento de todos, mas alguns fazem as vezes dos protagonistas e acabam avançando a história, como Ciclope admitindo que os X-Novinhos estão trabalhando com o Magneto (dado como morto).
Apesar dos esforços de vários heróis, até mesmo alguns Vingadores, ninguém consegue ultrapassar as barreiras dos totens. É aí que surgem Magneto, Polaris e a Perigo, que por terem assinatura mutante conseguem entrar num deles. Outro personagem que não poderia deixar de aparecer é o Longshot, o rebelde do mundo do Mojo e que também curto muito (leiam Longshot – Estrela da Sorte!). Ele vem pirateando o sinal do vilão, transmitindo suas missões, e consegue reunir dois dos grupos de X-Men. Por outro lado, a Perigo identifica que essa simulação toda é uma espécie de “sala de perigo” gigante e consegue quebrar a barreira, assim tanto eles quanto Longshot e os X-Men conseguem chegar na terra real do Mojo, a fim de invadir sua fortaleza e acabar com os planos.
A Perigo, aliás, vem sendo uma das melhores personagens dos mutantes, sendo bem direta ao assunto, irônica e carismática. Descobrimos que os heróis que morreram na realidade virtual continuam vivos, mas entubados, e que o Mojo pretende lançar dezenas de outras antenas na Terra, criando uma lavagem cerebral em todo mundo e a transformando em seu novo lar. Bunn e Guggenheim ganham pontos por essa reviravolta, uma maneira bem interessante de lidar com o Mojo e sua fixação pelo sensacionalismo e audiência, também é legal poder conhecer mais do seu mundo (ou dimensão). O problema talvez tenha sido o excesso de super-heróis: vira uma bagunça. Também senti falta da Espiral, braço direito do Mojo, que só faz uma pontinha numa luta. Se tivessem utilizado menos personagens (um ou dois desses totens), teriam conseguido explorar mais a Espiral e os Sem-Espinha (o público do Mojoverso), além do próprio Longshot.
E como comentei da Perigo, ela não poupa energia e já chega metendo algumas balas na cara do Mojo! Sem tempo irmão, real! A briga entre o Mojo e as equipes também é boa, os desenhistas Mike Mayhew e Diego Bernard fizeram um bom trabalho, principalmente na caracterização, já que tiveram que recriar vários momentos clássicos e icônicos. O Mojo tá super engraçado, cheio de apetrechos e até mesmo conectando alguns cabos em seu corpo pra ampliar seu poder. Por fim, Polaris e Magneto conseguem destruir a sala de controle e cortam o sinal de transmissão, aos poucos tanto o Mojo como sua cidade começam a desaparecer.
Um arco que não vai mudar muita coisa para os X-Men, mas muito divertido e que usou a nostalgia de maneira cômica, sabendo ser brega e cafona, rindo de si mesmo e sem levar nada a sério. O que é ótimo nesse caso, já que estamos falando do Mojo, um dos vilões mais bizarros dos X-Men (e que nem todo mundo gosta) é um alien cibernético, aracnídeo, amarelo e ditador que controla as pessoas através da sua “emissora”, atacando com antenas gigantes!
Confira a sequência dos reviews até chegar em Mojo Global:
X-Men – Dourado: De Volta ao Básico e Impérios Malignos
X-Men – Azul: Estranho Começo e Esforço & Encrenca
X-Men Dourado/ Azul: Mojo Global
Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outras séries!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.