Arcos Principais: Estranho (Strangest) e Esforço & Encrenca (Toil and Trouble).
Publicação Original: X-Men Blue #1-12 (Marvel, 2017).
Roteiro/ Arte: Cullen Bunn/ Jorge Molina, Cory Smith, Giovanni Valleta e Douglas Franchin.
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Após os eventos dos Inumanos Vs. X-Men, os mutantes entraram numa nova fase chamada RessurXion com séries totalmente novas. Duas delas eu já resenhei aqui, que foram Surpreendentes X-Men: A Vida de X e Geração X: Seleção Natural e Sobrevivência do Mais Apto. Mas essas eram revistas paralelas, já que os X-Men foram divididos em duas grandes equipes/ revistas: Dourado (Gold), com a equipe principal liderada pela Kitty Pryde (que também já resenhei em De Volta ao Básico e Impérios Malignos); e a Azul (Blue), protagonizada pelos x-novinhos. Ambas revistas caminharam em paralelo, com direito até a crossover. Nesses dois primeiros grandes arcos da equipe Azul (edições #1-12) temos os X-Novinhos se aliando ao Magneto e enfrentando velhos amigos. Review especial com spoilers!
ESTRANHO COMEÇO
Tanto X-Men Gold quanto X-Men Blue apostam na nostalgia para fisgar o leitor. O que pode ser bom ou ruim, dependendo de como a história é desenvolvida, porque ao mesmo tempo que traz aquela saudade, nostalgia em excesso enche o saco por não mostrar novidades. E esse é bem o caso dessas primeiras edições. Vemos que os X-Novinhos, os X-Men originais que foram tirados do passado e agora vivem no presente com suas contra-partes adultas, resolveram se distanciar do Instituto para se unirem a ninguém menos que Magneto, no intuito de irem em missões para melhorar a imagem mutante.
E já na primeira edição vemos a equipe enfrentando Black Tom Cassidy e o Fanático, antigos vilões X. E em paralelo temos a aparição de Jimmy Hudson (filho do Wolverine de outra realidade) enfrentando o Wendigo em Colorado, ou seja, mais um fator nostálgico: a estreia do Wolverine nos quadrinhos foi justamente contra o Wendigo numa revista do Hulk de 1974. E nesse tom de velhos conhecidos descobrimos como o Magneto conseguiu convencer a Jean e a equipe a jogarem com ele. Mas nem tudo é transparente, já que os jovens treinam escondidos na Sala de Perigo para caso o Magneto os trair. E o próprio Magneto também trama escondido uma forma de enviar os 5 para seu tempo real (que acredito ser o foco da revista).
E não tem como falar de X-Men sem citar os Sentinelas, não é mesmo? Sim, os X-Novinhos também enfrentam uma versão diferente de sentinelas, comandados por um novo Bastion, uma fusão de Ninrod e Molde Mestre. Após os eventos do Segundo Advento, esse Bastion tinha ido ao futuro e percebeu que não havia mais mutantes para caçar. Assim, ele volta para essa era na intenção de preservar os mutantes para, aí sim, matá-los. Quer dizer… De volta ao Colorado, Jimmy Hudsson está desorientado e se une aos X-Novinhos enquanto enfrentam uma versão de outra realidade dos Carrascos, liderados pela Srta. Sinistra. De novidade mesmo, podemos dizer que a gangue Raksha que surge ao fim do arco é algo que não conhecemos: se trata de uma equipe que age no submundo de Madripoor para combater a droga Hormônio de Crescimento Mutante, liderados por Norio e seguindo os passo do Caolho.
IMPÉRIO SECRETO
As edições #7-9 são tie-ins da saga Império Secreto, quando o Capitão América se aliou à Hidra e tomou conta dos EUA. Emma Frost e Xorn negociaram com ele uma cidade mutante, Nova Tian, como um Estado à parte do território da Hidra. Tudo assim, de repente! Eu mesmo não li Império Secreto e fiquei boiando, já que os X-Novinhos vão salvar alguns mutantes presos por terem se rebelado contra o sistema, e acabam sendo atacados por um grupo de mutantes com membros como a Medula, Arcanjo, Groxo, Lupina e até o Destrutor! E eles não estavam pra brincadeira: com boa parte tendo desenvolvido mutações secundárias, eles atacam pra matar. Além do leitor não ter um contexto melhor pra entender a atitude deles, chega a ser bizarro vê-los brigando. Estão sendo controlados? Um pouco tosco.
Após o ataque, Jimmy e Jean conseguem escapar, mas todos os outros foram capturados e mantidos presos em Nova Tian. Enquanto isso, a Emma Frost está super surtada ao lado de Xorn e do Sebastian Shaw. Ela estava sumida desde Inumanos Vs X-Men, quando manipulou a mente de todo mundo se passando pelo Ciclope. Ali ela já estava totalmente fora de si e aqui ela não está diferente, indo totalmente na contra-mão de como vinha sendo desenvolvida nas histórias anteriores. Ela chega a entrar na mente do Scott jovem para fritar seu inconsciente, para transformá-lo no Ciclope adulto que ela conhecia (e está morto).
O Magneto não se intromete na briga, mas manda a Perigo e a Polaris para ajudarem Jimmy e Jean a entrarem em Nova Tian e resgatar os outros X-Novinhos. O que se segue é uma trama meio clichê, com a Perigo segurando alguns x-men para a equipe continuar seguindo o caminho e, depois, a Polaris segurando o Destrutor para eles seguirem caminho. Os únicos pontos positivos de tudo isso é quando a Jean entra na mente do Ciclope/ Emma e vemos a confusão que estava ficando e quando o Magneto conversa com o Capitão América, dizendo que como prometido não está se intrometendo em Nova Tian, mas colocando o Capitas em seu lugar, dizendo que se precisasse não teria como impedí-lo.
ESFORÇO & ENCRENCA
As edições #10-12 finalizam esses dois primeiros arcos (que são três histórias, na verdade). Com os X-Novinhos reunidos novamente + Jimmy Hudson, temos o foco agora no Hank. E engraçado que não importa de qual realidade ou tempo, o Fera sempre vai fazer besteira! Dito e feito: pensando que estava ficando pra trás, ele resolveu fazer um pacto com nada mais, nada menos que Madelyne Pryor, a Rainha dos Duendes! Sim, porque ele achou que ganhar poderes mágicos seria de graça. Eis que a Rainha dos Duendes consegue poder suficiente e surge com toda a pinta na nova mansão, transformando o Hank numa fera branca demoníaca e trazendo do limbo seus próprios Hex-Men, alguns x-man de outras realidades, também demoníacos. Todos eles fizeram pacto com a dita.
Assim, ela consegue derrubar Perigo, Homem de Gelo, Polaris e até o Magneto. Jean e Scott, que estavam fora da mansão, pedem ajuda do Raksha e formam um ataque contra a Rainha dos Duendes, que estava planejando reunir todas as Madelynes de outras realidades. Um destaque é a Tempestade Sangrenta, uma Ororo vampira de outra realidade e que trai a própria Madelyne para ajudar o Fera, conseguindo derrotá-la. Quando a poeira abaixa, com todos os demônios indo embora, essa Tempestade é a única que fica.
Em paralelo à Rainha dos Duendes, Anjo e Jimmy voltam ao Colorado em busca de algumas respostas e acabam encontrando um esconderijo com vários mutantes mortos, vítimas de experimentos bizarros e aparentemente comandado pela Srta. Sinistra! Numa gravação da própria clone do vilão, ela diz ter sido responsável pela presença do Jimmy nessa realidade. Um ponto positivo é quando encontram Blob, ainda vivo, mas que de repente começa a se derreter, vazando pelo ralo e pedindo ajuda. Uma cena bem forte e provavelmente uma das mais impactantes nessas 12 edições. Fica a curiosidade sobre o que a Srta. Sinistra está planejando e o futuro do Blob.
Cullen Bunn (Trindade: Espaço Morto) é o roteirista de X-Men Blue e, como comentado, aposta muito em temas antigos dos mutantes (assim como o Guggenhein fez em Gold), mas acaba reciclando muita coisa e ousando pouco. Mesmo a investida da Emma acaba dando em nada. Resultando em histórias pouco empolgantes. Jorge Molina e Cory Smith estão entre os desenhistas, que fazem um bom trabalho, mantendo um estilo já conhecido em revistas de equipes adolescentes, num traçado mais estiloso.
Confira a sequência dos reviews de X-Men Azul que fiz aqui no site:
X-Men – Azul: Estranho Começo e Esforço & Encrenca
X-Men Dourado/ Azul: Mojo Global
Ou acesse o Índice de Reviews para conferir outras séries!
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.