Arcos Principais: Inumanos Vs. X-Men (Inhumans Vs. X-Men).
Publicação Original: Inhumans Vs. X-Men #0-#6 (Marvel, 2017).
Roteiro/ Arte: Jeff Lemire e Charles Soule/ Kenneth Rocafort e Leinil Francis Yu.
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Após os eventos de A Morte dos Mutantes, inumanos e mutantes entraram num conflito sem precedentes. Só relembrando: os Inumanos soltaram duas nuvens terrígenas na atmosfera, despertando o gene inumano pela população que ela atravessa. Eles só não imaginariam que essa mesma nuvem, que causa a ascenção de uma espécie, gera doença e morte ao encostar num mutante. Ciclope e Raio Negro entraram em confronto, resultando na morte teatral do Ciclope. Ele já estava morto pela própria terrígena, mas Emma Frost havia criado uma projeção sua, dando coro à fúria mutante contra os inumanos. Mas A Morte dos Mutantes só foi um prólogo: com Ciclope morto e uma das nuvens destruída, agora as duas raças tentam entrar numa trégua… mas que não durou muito tempo. Review especial com spoilers desse evento que mudou a rota dessas duas equipes.
INUMANOS VS. X-MEN
A edição #0 do evento funciona pra criar um panorama geral de como os X-Men e os Inumanos estão lidando com a situação, semanas após o embate entre Ciclope e Raio Negro. Com a segunda terrígena ainda sobrevoando o planeta, as duas raças tiveram que tomar algumas soluções. Uma delas foi transferir a Escola Jean Grey para o Limbo, protegendo seus estudantes e qualquer mutante que precise de auxílio. O Fera e a Iso tentam juntos achar alguma solução científica para o embate, alguma cura ou algo do tipo. É um começo interessante e promissor, os roteiros continuam com Jeff Lemire (Cavaleiro da Lua) e Charles Soule (Demolidor), com os desenhos intrincados e estilosos do Kenneth Rocafort (Os Supremos: Omniverso), que costumo gostar bastante. Um ponto interessante e que começa a colocar aquela pulga atrás da orelha é o treinamento da Emma Frost (vendo o quão rápida ela consegue se transformar em diamante) e seu encontro com o Magneto. Ela quer vingança e sabe que os Inumanos farão de tudo para protegerem a segunda nuvem, caso os mutantes resolvam atacar.
A partir da edição #1 a situação começa a ficar feia. O Fera informa aos principais X-Men que a nuvem se dissipará em breve na atmosfera, deixando todo o planeta inabitável para a raça mutante, sugerindo a fuga do planeta. Mas Emma sugere atacar, neutralizar os inumanos e a nuvem. Todos, com exceção da Vampira, ficam ao seu lado. Há um plano para cada um dos principais Inumanos: Magneto invade a nave inumana; a jovem Jean Grey prende o Karnak numa ótima sequência envolvendo uma armadilha mental; e a própria Emma Frost faz uma visitinha ao Raio Negro, acompanhada pela Cristal (que consegue transformar a voz do inumano em luz). Culminando com a chegada de todos na Nova Atilan. Eu, como leitor, torcendo por uma boa briga envolvendo a Medusa!
Meu lado massa véio fica feliz ao ver a cidade inumana sendo atacada por uma horda com alguns dos mais poderosos mutantes. A Rainha Medusa ordena que fechem toda a cidade e ativem a defesa anti-mutante, enquanto ela utiliza uma armadura de guerra da realeza, que inclui elmo e arames nos cabelo! Mas a batalha em si não é tão animadora quanto gostaria. O Noturno e a Magia conseguem neutralizar e transportar tanto a Medusa quanto todos os outros inumanos principais para o Limbo, assim os X-Men derrotam bem facilmente toda a equipe. E esse é um dos principais problemas da saga, a forma como as equipes são derrubadas.
Após essa primeira investida, alguns dos inumanos restantes passam a bolar um plano. Iso e Inferno atacam Forge e Wolverine, colocando todo o plano deles em risco. Outros heróis como a Khamala Khan são convidados para enfrentarem os mutantes. E aí entra o que comentei antes: fica difícil imaginar que membros antigos e experientes dos X-Men possam perder para inumanos novatos. Um deles, o Mosaico, consegue entrar, literalmente, na mente do Magneto e descobre todo o plano da mutandade.
Eis que o jogo vira e é hora dos Inumanos contra-atacarem: Medusa e seu time conseguem escapar da prisão e atacam a Escola, enfrentando o Colossus. A própria Khamala, apesar de ser inumana, não está muito por dentro da situação e nem sabe ao certo mais quem é vilão e quem é mocinho na história, de tao confusa que a situação fica. Até porque o Ciclope novinho já foi seu parceiro numa outra equipe e, do nada, se torna inimigo. Essa equipe mirim, junto de mentes brilhantes como da Garota da Lua e Forge, passam a criar a máquina que vai destruir a nuvem, por achar que é o certo a se fazer.
Alguns pontos são interessantes a se comentar. Destrutor está protegendo o corpo do Raio Negro, tendo que impedir qualquer inumado de tentar soltá-lo. Mas percebendo a bagunça que virou a intriga, decide não tomar partido e deixa a Medus resgatá-lo. A própria Emma briga com o Ciclope novinho e é golpeada. Uma das cenas mais legais é quando o Karnak consegue fugir da telepatia da Jean Grey e descobre estar dentro do Mundo do Fantomex, ferindo a EVA (particularmente, gosto muito deles). Inclusive todas as sequências que envolvem esses últimos personagens são ótimas.
E contrariando todas as expectativas, quando Emma e Medusa ficam cara a cara finalmente… a luta é meio meh. A edição #6, que finaliza a saga, se transforma numa bagunça. A impressão que fica, comparando as duas equipes, é que os Inumanos nem são tão fortes assim, mas conseguem derrotar facilmente os mutantes, que já são velhos de guerra e possui alguns dos heróis mais poderosos da Marvel. O campo de batalha fica pequeno quando vários heróis (e até vilões) começam a brigar uns com os outros. Numa das cenas, a Emma consegue atravessar seu braço pelo peito do Raio Negro, neutralizando-o!
A Rainha Branca é uma das minhas personagens preferidas, mas não curti muito o que fizeram com ela aqui, deixando-a a delilar no meio da batalha, lembrando da morte do Ciclope, como se todo o plano de ataque aos inumanos fizesse parte de um plano maior e suicída a fim de se encontrar com o falecido, quase que um vale tudo contra os inumanos. Percebendo a confusão e até mortes que a batalha poderia gerar, a própria Medusa faz seu papel de Rainha e aperta o botão vermelho da máquina, com a última nuvem terrígena sendo destruída. Resultando não apenas no fim da batalha (apesar da Emma querer continuar brigando), mas também o fim do surgimento de novos inumanos e na paz dos mutantes. Mesmo assim, a Emma não larga o osso e, comandando a mente do Magneto e ativando alguns sentinelas gigantes, começa a atacar geral. Transformaram ela na figura da mulher louca e descontrolada, totalmente o oposto de como estamos acostumados a vê-la.
Quando a poeira abaixa, agora que a nuvem foi destruída, Emma Frost é a nova foragida e traidora da vez. A Rainha Medusa precisa lidar com a sua decisão e abdica do cargo, deixando o trono para Iso e se distanciando de Nova Atilan, enquanto os X-Men procuram por sua ex-diretora. O final, principalmente a batalha, foi um pouco tosco e anti-clímax. O que começou interessante foi se desenrolando numa intriga que, assim como a Khamala Khan pensou, passou a não ter muito significado. Como se tudo não passasse de pura e simples vingança de uma Emma enlouquecida.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.