[Review] Geração X: Seleção Natural e Sobrevivência do Mais Apto!

Arcos Principais: Seleção Natural (Natural Selection) e Sobrevivência do Mais Apto (Survival of the Fittest).
Publicação Original: Generation X #1-9 e #85-87 (Marvel, 2017).
Roteiro/ Arte: Christina Strain. / Amilcar Pinna, Alberto Jimenez Albuquerque, Eric Koda, Felipe Sobreiro.

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Geração X foi uma revista lançada como parte da fase ResurrXion da Marvel, logo após os eventos de Inumanos Vs X-Men e as edições especiais Prime. Apresentando uma nova equipe de jovens mutantes no agora Instituto Xavier para Educação e Visibilidade Mutante, liderados pela Jubileu e explorando o viés mais juvenil dos X-Men com temas como relacionamento e insegurança, funcionando também como uma homenagem à revista Geração X original dos anos 1990, da qual Jubileu fez parte. Uma revista adorável que durou apenas 12 edições. Review especial com spoilers de seus dois arcos.

SELEÇÃO NATURAL

A Escola Jean Grey saiu do limbo e agora ocupa o Central Park, já que a ameaça da nuvem terrígena dos inumanos foi dizimada, e ganhou o novo título de Istituto Xavier para Educação e Visibilidade Mutante sob a direção de Kitty Pryde. Tentando recuperar o tom mais escolar, novos estudantes chegam no Istituto e a Jubileu foi encarregada de cuidar de uma turma especial. O roteiro fica por conta de Christina Strain, colorista de séries como Os Fugitivos, sendo seu primeiro grande trabalho como roteirista na Marvel. Ela traz algumas surpresas logo de início: essa turma da Jubileu não será treinada para ser X-Men ou diplomatas mutantes, as duas vertentes principais da escola, mas sim para se reintegrarem ao mundo “normal”. É uma abordagem diferente, assumindo que nem todos os mutantes possuem poderes para o combate ou querem esse estilo de vida. Mas também esbarra em outra questão: e os que querem ser X-Men, idependente dos poderes?

Assim, a equipe da Jubileu é composta tanto por estudantes problemáticos que não funcionam em equipe, quanto aqueles de poderes menos efetivos, com novos e velhos rostos. Do lado dos mais antigos, temos: Quentin Quire, o Kid Ômega, que sempre leva confusão onde quer que esteja e é um poderoso telepata; Roxy Washington, a Bling!, que possui pele de diamante e acredita estar na equipe errada; o tímido Trevor Hawkins, o Ocular, com seus múltiplos olhos; e o inseguro Benjamin Deeds, o Morfo, com a capacidade de imitar a aparência de quem está próximo. Como novidade, temos: Lin Li, a Natural, que se comunica com os animais e, apesar de já ter aparecido antes, só agora ganha mais destaque; e o novato Nathaniel Carver, que pode acessar as memórias daqueles que toca, ganhando o nome de Retrospectiva. Totalizando 6 membros!

O início possui alguns clichês de histórias mutantes envolvendo novos alunos, como Nathaniel chegando no Instituto e dando de cara com uma confusão, brigas e destruição, seguido de um ataque supresa dos Purificadores, percebendo que o lugar não é pra ele, algo que já vimos dezenas de vezes em revistas X. Os próprios Purificadores já foram os vilões no arco Novos Rumos dos Novíssimos X-Men, outra equipe jovem. Durante esse confronto a gente começa a perceber a personalidade de alguns dos membros, como o Quentin entrando na mente dos caras e ameaçando que fará eles atirarem uns nos outros, contrariando todas as normas dos X-Men.

Quando a poeira abaixa e Nathaniel decide permanecer no Instituto, a equipe da Jubileu é oficialmente formada. O roteiro de Strain continua utilizando de alguns clichês de revistas X de equipens jovens. A partir da edição #3 eles encontram o mutante Rosto ferido no subterrâneo e decidem, por conta própria, investigarem a situação, o famoso grupo de adolescentes que desobedecem os professores e se metem numa aventura. Mesmo assim, a história ganha força em outros aspectos. Um deles é a interatividade entre a equipe. A Bling!, por exemplo, fica revoltada com a Jubileu e tenta desabafar com o Câmara, dizendo que o lugar dela é com os X-Men de verdade, escondendo seu medo de sair da escola e enfrentar os humanos. O Morfo, por outro lado, tenta conviver com as ironias do Quentin e a lembrança do Ciclope dizendo que ele não está pronto para ser um X-Men, sendo tavez o membro mais inseguro de toda a equipe, além de esconder uma paixão pelo Nathaniel. A maneira como cada personagem foi se desenvolvendo, deixando um pouco de lado as lutas características, foi o que me ganhou na série.

Numa das melhores cenas dessas 12 edições, o Nathaniel toca no Rosto e consegue descobrir a origem do ataque, mas também tem acesso às suas memórias: ele é um mutante que não fala, não ouve e não vê, se comunicando por toques como um código morse, com uma máscara de ferro que ocupa toda a sua face. Através dessas lembranças, vemos o momento que seu rosto explodiu disparando uma rajada, sendo necessário aplicar essa máscara pelo resto da vida, além dos abusos que sofreu. Percebendo sua situaçao, Nathaniel abraça o Rosto num gesto de compaixão, resultando numa cena muito bonita e sensível. Esse símbolo do abraço, inclusive, aparece pelo menos outras duas vezes na séries.

Os desenhos dessas primeiras edições são de Amilcar Pinna (M.O.D.O.K. Assassin), que possui um traço bem característico. Tudo é muito fluido, com ângulos e “jogo de câmera” mais diferenciados, mas também com alguns vícios. Várias páginas finalizam com o último quadro protagonizado por um rosto fazendo caras e bocas, alías suas feições geralmente são meio… estranhas. O final da edição #3 mostra os 6 saindo do Instituto e indo investigar o ocorrido, todos trajando uniformes improvisados e que remetem às fases antigas. Esse tom de nostalgia também está presente em toda a série, que além da Jubileu e do Câmara, outros membros da Geração X originais que aparecem são a Escalpo, como terapeuta da Bling!, e a Monet, com seu irmão Sangria, que foi um dos principais vilões na GeraçãoX original dos anos 1990 e retorna como principal vilão agora.

A equipe se depara com a Monet/ Sangria nos subterrâneos, que está faminta e sugando todos que aparecem, como ocorreu com o Rosto. A Bling! tenta bancar a heroína, provando que possui poderes bons e que pertence aos X-Men, mas acaba sendo pega pelo vilão e tendo sua energia sugada. É a segunda vez que isso acontece à ela, a primeira vez foi no arco Demônio na Encruzilhada, quando foi aprisionada por ele. Jubileu, com a ajuda de uma das Cucos, descobre o paradeiro dos jovens e consegue chegar para salvá-los, mas deixando a Monet fugir. Ela voltará no segundo arco.

A edição #5 meio que finaliza essa primeira parte da revista e mostra uma história mais paralela, focando no Ocular e na Natural. A gente percebe que há uma certa tensão entre os dois, com o Trevor ficando sempre mais tímido ao se aproximar dela. E o leitor acaba torcendo por eles! O Ocular percebe que seus poderes estão melhorando: agora ele consegue ter uma visão muito mais amplas e poderosa, incluindo visão de Raio X, vendo através das roupas, percebendo batimentos cardíacos, visão de temperatura, entre outras. Ele percebe um guaxinim roubando a carteira do Pedreira e pede a ajuda da Natural, chegando até o vilão caricato Rei Rato. A história é meio bobinha, mas funciona pra aproximar os dois, desenvolver os poderes do Ocular e também para nos apresentar melhor a Natural, que consegue se comunicar tanto com os animais quanto com as árvores, ela que prefere passar mais tempo na natureza, até mesmo dentro das jaulas do Zoológico do Central Park, que com as pessoas.

A SOBREVIVÊNCIA DO MAIS APTO

A segunda parte da revista começa com Nathaniel descobrindo que o Quentin leva o Morfo pra gandaia todas as noites. Depois de uma briguinha, os três resolvem sair escondidos e acabam num leilão bizarro do Kade Kilgore! Para se disfarsarem, o Ben se transforma no Quentin e o próprio Quentin diz ao Kilgore que eles são namorados. Hilário! Aliás, é a partir daqui que fica mais claro que o Morfo é apaixonado pelo Nathaniel. E eu comecei a torcer por eles desde o início, é tão bonitinho! Foi então que percebei que comecei a gostar de uma série mutante a lá Malhação!

Kilgore vende no leilão uma super arma que mata mutantes, sendo comprada pelos irmãos Fenris. Percebendo o perigo da arma, os três bolam um plano para impedirem de cair em mãos erradas, sendo descobertos pelo Kilgore. A festa, que está cheia de gente fetichista, se transforma numa confusão. E é interessante ver o Morfo tentando superar as críticas que já recebeu, se empenhando em seguir o plano e fazer dar certo. Perto do fim da edição #7, quando os três voltam pro Instituto, o Morfo tenta tomar coragem para se declarar ao Nathaniel, mas recua. Quentin, seu colega de quarto, continua zuando ele, dizendo que não é capaz nem de se declarar. E um ponto que a roteirista desenvolve bem é essa identidade do Quentin, que chega a ser insuportável, mas que na verdade é uma maneira de esconder sua carência. E o próprio Morfo é o mais próximo que ele tem de um amigo.

Na edição #8 a ilha viva Krakoa chega no Centra Park, causando um super terremoto. Ela estava com saudades do Quentin, que havia prometido visitá-la e não foi. O terremoto causado tragou a Bling e a Jubileu pelo chão, caindo nos subterrâneos, onde a Monet se encontra. A Jubs chega a ser perfurada por um ferro, mas seus novos dons vampirescos ajudam na cicatrização. Particularmente, ainda acho bem estranho vê-la como vampira. Em algumas cenas, ela chega a fazer até uma vitamina com sangue! Mas enfim, o foco desse segundo arco da revista é o resgate dos X-Men, tentando localizá-las e enfrentando uma última vez a Monet/ Sangria. Inclusive nesse meio tempo, após uma discussão com Ben, o Quentin foge com a Krakoa para o meio do oceano. É quando ele participou da revista da Thor em A Guerra Asgard/ Shiar, quando pegou um fragmento da Força Fênix.

A Monet sai dos subterrâneos e deixa o Instituto entre as realidades, isolando todos dentro da mansão para sugar suas energias. Como comentei no início, o grande ponto positivo dessa nova Geração X está na relação entre as personagens. Como uma conversa entre a Escalpo e a Jubileu, relembrando os tempos de quando eram a Geração X original. Ou a maneira do Ocular se aproximar da calada Natural e, principalmente, o romance entre o Nathaniel e o Morfo, é sempre muito bom ver personagens gays sendo tratados de maneira “normal”. Devido aos seus poderes, o Nathaniel não consegue tocar ninguém e sofre o mesmo mal da Vampira, não conseguindo se relacionar direito. Só um personagem que me cansou um pouco: Shogo. Ninguém aguenta mais ele no colo de alguém!

Monet/ Sangria começa a derrotar um a um, até que o Quentim retorna de seu isolamento e deixa a luta um pouco mais acirrada. Um outro momento muito bom é quando a Jubileu tem seu medalhão arrancado e é jogada ao sol, começando a queimar (já que é uma vampira). Quentim tem um surto de consciência, percebendo que é o momento de provar que ali é o seu lugar, que também é um X-Men, utilizando seu último fragmento da Força Fênix para “curar” suaprofessora. Só pra relembrar, ela (junto de 90% dos mutantes) estava sem poderes desde a Dinastia M, quando a Feiticeira Escarlate aniquilou o Gene X da realidade. E somente anos depois, na saga Vingadores Vs X-Men, que a Força Fênix conseguiu fazer com que o Gene X aparecesse em novos mutantes. Com esse golpe do Quentin, a Jubileu deixa de ser uma Vampira e recupera seus poderes! Nossa fogos de artifícios preferida está de volta! E asim a Monet/ Sangria é vencida.

A edição #12 é uma história clássica de despedida, finalizando a revista. Infelizmente ela não vendeu o suficiente nos EUA e foi cancelada, inclusive aqui no Brasil permanece inédita. O que é uma pena, pois as histórias foram divertidas e simpáticas, fugindo das brigas genéricas entre heróis e vilões, focando no relacionamento das personagens e ainda trazendo um pouco de ação. A Bling! decide enfrentar seu medo e sai de férias, indo visitar seus familiares no mundo normal. Quentin perdeu seus poderes, sendo quase um mártir. Ocular e Natural se aproximam de vez, mas ainda nada oficial. E o Nathaniel, que receu o nome de Retrospectiva, acaba dando um super beijo improvisado no Benjamin! Essas cenas são tão bonitas, como uma outra em que o Ben dá um abraço (lembra que falei deles?) no Quentin, mostrando que ele possui amigos. Adorei.

Como comentei, as cenas de abraço. E esses dois beijos!

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