Arcos Principais: Novos Rumos (All Different).
Publicação Original/ Brasil: All New X-Men #18-21 (Marvel, 2014)/ X-Men #13-15 (Panini, 2014).
Roteiro/ Arte: Brian Michael Bendis/ Stuart Immonen e Brandon Peterson.
Uma das histórias mais clássicas (e também uma das melhores) dos X-Men é a Deus Ama, o Homem Mata, escrita pelo Chris Claremont em 1982. Nela, temos o fanático religioso William Stryker pregando o ódio e preconceito contra os mutantes, servindo de metáfora ao que ocorre na vida real contra as minorias. Desde então, vira e mexe os autores retomam tanto o Stryker quanto sua equipe de Purificadores, mas nem sempre com o mesmo impacto de antes e, pior, com histórias meio chinfrins, como a Deus Ama, o Homem Mata 2. Nesse arco dos Novíssimos X-Men, a equipe original fica cara a cara com o filho do Stryker e seu novo grupo de Purificadores, que perseguiam a X-23. E, não fugindo da regra, fica aquele gosto de comida requentada, contrariando o título que o encadernado ganhou: Novos Rumos. Review especial com spoilers.
NOVOS RUMOS
Após os eventos da Batalha do Átomo, a Kitty ficou furiosa em como o restante dos professores na Escola Jean Grey trataram os X-Men originais. Isso resultou na saída dela da Escola, levando junto os 5 deslocados para a nova Escola Xavier, comandada pelo Ciclope do presente. A chegada deles e o encontro com os demais alunos é bem interessante e até trás aquele ar de história juvenil, com equipe jovem a lá Novos Mutantes. Ver a Celeste Stepford irada com a Jean não tem preço. Sem contar que o Bendis vai reforçando algumas características básicas de cada um deles, como a insegurança do Ciclope em se tratando de Jean Grey, o Anjo galanteador, o Homem de Gelo que não para de falar, a vontade do Fera de se meter em tudo que é tecnológico e por aí vai. Essa edição #18, que abre o arco, também traz uma cena muito boa, onde a Magia tem um momento raro de sentimentalismo e tenta abraçar a Kitty, que pensa ser um ataque e fica intangível. É engraçado, mas delicado ao mesmo tempo. Os X-Men originais também ganham uniformes novos, que me lembraram as coloridas armaduras dos Cavaleiros de Aço em Cavaleiros do Zodíaco.
A trama começa a caminhar quando a Cérebra identifica um problema mutante e Kitty e seus cinco pupilos vão até o local, descobrindo que uma X-23 careca e descontrolada está sendo perseguida por um grupo de Purificadores cibernéticos. O Ciclope tem um momento de ingenuidade, tentando falar com a polícia local que estão sendo atacados, mas logo é trazido pra realidade: ninguém gosta de mutantes. O problema do arco, pra mim, é trazer algo que já vimos mil vezes. Os X-Men encontrando algum mutante necessitado, um grupo de fanáticos religiosos e cia., nada de novo no fronte. O roteiro do Bendis, porém, traz cenas mais delicadas e que se destacam, principalmente pelos desenhos sempre bonitos do Immonen, que nesse arco recebe o apoio de Brandon Peterson, com um estilo mais pesado e carregado nos traços. A X-23, por exemplo, está lidando com as consequências de ter “participado” da Arena Vingadores. Num outro momento, a Jean tem um vislumbre do que o nome William Stryker representa, com flashbacks do ataque deles à Escola no passado, que chegou a matar 40 estudantes.
Mas no geral fica aquele gosto de que já vimos isso antes, de que nada de muito importante está acontecendo. A X-23 não chega a ser categórica quanto ao que ela passou, mas vemos memórias da Arena Vingadores. Quando ela fica recuperada, se une aos X-Men originais e invade o covil dos Purificados, pra descobrir que o filho do Stryker está por trás de tudo. E, pra também não fugir da regra, vemos um retcon de como o Stryker lidava com esse filho no passado, que dá indícios de ser um tipo de mutante. Os poderes dele, inclusive, conseguem derrubar todo mundo. É quando a IMA chega e diz que nenhum dos X-Men originais pode morrer, pra evitar algum problema no espaço-tempo. Já a Kitty, essa pode morrer! Chega a ser engraçado. Felizmente, a Jean e a Kitty conseguem se livrar da armadilha dos Purificadores e revirar o jogo. Pizza. Não foi dos melhores arcos, mas tem seus bons momentos. Algo a se destacar é o relacionamento que surge entre o Ciclope e a Laura, sendo cômico que ele se apaixonar por um clone do Wolverine.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.