Arcos Principais: Demônio na Encruzilhada (Devil At The Crossroads), Nação X (Nation X).
Publicação Original/ Brasil: Uncanny X-Men #515-522, Nation X #1-4, Nation X – X-Factor, X-Men Legacy Annual #1 e X-Men: Legacy #228-230 (Marvel, 2009)/ X-Men #107-113 (Panini, 2010).
Roteiro/ Arte: Mike Carey, Matt Fraction/ Daniel Acuña e Mirco Pierfederici, Greg Land e Terry Dodson.
Em Utopia, vimos os X-Men em confronto com os Vingadores Sombrios de Norman Osborn, acabando por perderem o sossego que pensaram ter conseguido em São Francisco. Como uma medida extrema, Ciclope leva toda a mutandade para um recém emergido Asteroide M na baía de SanFran, intitulado de Utopia: a nação-ilha que promete ser um santuário mutante. Mas essa auto-declarada independência tem um custo alto! Nação X foi um mega-evento mutante que tomou as séries Fabulosos X-Men e X-Men Legado, além de uma série especial própria em 4 edições, que ocorre logo após Utopia e mostra a realidade na ilha e os problemas enfrentados por diversos personagens. Review especial comentando estas edições, com spoilers.
X-MEN LEGADO: DEMÔNIO NA ENCRUZILHADA
A mensal X-Men Legado teve um arco em 4 partes (Demônio na Encruzilhada) que ocorre em meio ao arco maior da Nação X. Começando em X-Men Legado Anual e continuando em X-Men Legado #228, mostra algumas repercussões de Utopia: Gambit volta para SanFran e destrói a Máquina Ômega (que drenava poder mutante) e Vampira é eleita a nova Conselheira da Ilha. O arco foca em Sangria, o mutante que drena energia e irmão da Monet St. Croix. Ele surgiu e foi um dos principais vilões na série da Geração X nos anos 1990, mas estava sumido desde então.
Sangria vive numa espécie de dimensão alternativa e precisa de energia mutante para viver, acabando por sequestrar a Bling!, que possui um corpo de diamante e consegue sobreviver às suas drenagens. Os X-Men planejam o resgate da jovem de maneira curiosa: Vampira pega o poder de Astral e faz uma viagem astral até a dimensão do vilão, dando início à uma narrativa bastante cinematográfica. Sangria vive numa espécie de Casa dos Mistérios da vida e ainda tem um capanga de ajudante, D.O.A.. O roteiro é de Mike Carey (Hellblazer) e arte de Daniel Acuña (Poderosos Vingadores) e Mirco Pierfederici (Wolverine), que são ótimos. Há diversos monstros dimensionais curiosos e o arco é divertido, funcionando de prelúdio para a saga seguinte: Necrosha.
FABULOSOS X-MEN: NAÇÃO X
O arco principal de Nação X ocorre em Fabulosos X-Men #215-222 e já começa com um “grande” problema: o o japonês Dr. Takiguchi membro do Clube X morre de velhice e Ciclope e cia. não sabem o que fazer com o corpo. Não há condições de criar um cemitério na Ilha. Assim surge a ideia de jogar os corpos no mar após uma cerimônia improvisada. É um ponto interessante que Matt Fraction (Gavião Arqueiro) traz à trama mas, como nos arcos anteriores, ele não faz uma boa sacada sem estragar outra: Caçador de Escalpos é chantageado por um grupo aleatório de vilões e coloca alguns Predadores X modificados na Ilha, pra tentar comer todo mundo. Até aí tudo bem, mas eis que chega Magneto no lugar e SE RENDE, assumindo que Ciclope conseguiu tudo que ele jamais conseguira, que foi unir a mutandade. Ele recuperou seus poderes, mas Fraction estragou o personagem desde quando pegou a série e o mostrou com poderes mecânicos, que foi ridículo.
O trabalho em equipe na Ilha é bom e consegue eliminar boa parte da ameaça dos Predadores X. Outros pontos interessantes são a Força Fênix deixar o corpo das Cucos, o que faz acreditar que elas recuperaram as emoções, e a Perigo se unindo à Emma Frost e se tornando a carcereira da Ilha, pra entrar e controlar a mente dos prisioneiros (como Sebastiana Shaw). Mas aí vemos Magneto lutando e desmaiando, sem forças. Meu Deux…. horrível.
A arte de Greg Land (Derradeira Canção da Fênix) dispensa comentários, ela tá aí para o bem e para o mal. Mas ele dá uma alternada com Terry Dodson (Mulher-Maravilha: o Círculo), um desenhista com diagramações super rebuscadas, pra aliviar um pouco a barra. Além da morte, há outro problema que Ciclope precisa lidar: a Ilha está afundando. Sim, toda uma movimentação e declaração de independência para, literalmente, ir por água abaixo. O Clube X não consegue encontrar uma solução rápida pro problema, deixando Fera puto. Magneto se une ao Namor para corrigir essa falha: os atlantes constroem um pilar gigantesco embaixo da Ilha, servindo de sustentação e ao mesmo tempo de lar para esse povo. Atlantes e mutantes convivendo no mesmo lugar. Ciclope, claro, fica furioso por Magneto ter feito tudo isso sem ele saber. Exagerado, mas comprei a ideia.
Um outro ponto que Fraction retoma de Utopia é o vácuo presente na mente de Emma Frost, que pode corrompê-la de vez. Desde sua batalha com o Sentinela que ela não sai da forma de diamante, com medo do vácuo espalhar. Rende bons momentos, já que assim ela não tem sentimentos e nem papas na língua. O Professor e Psylocke conseguem eliminar o vácuo, numa viagem psicodélica na mente dela e de Scott. Em meio a isso, temos Fera abandonando a Ilha e a participação especial de Fantomex e sua nave EVA, que tava sumido e é sempre carismático.
Depois de cagar com o Magneto, Matt Fraction tenta usá-lo para corrigir um probleminha e ter sua redenção de uma vez por todas: meditando e concentrando todas as usas energias, ele consegue localizar a bala em que Kitty Pryde está dentro (ela havia sido lançada para destruir a Terra, mas Kitty ficou intangível, salvando o planeta e ficando perdida no espaço). E mais: ele consegue trazê-la de volta! Uma reviravolta e tanto, só me surpreendi dela ainda estar viva! Mas como nem tudo são flores, algo aconteceu e ela não consegue sair de sua forma intangível.
NAÇÃO X ESPECIAL
Pra finalizar, Nação X ganhou ainda uma série especial em 4 edições: cada uma com 4 histórias soltas, mostrando o que estava acontecendo com outros personagens, ao estilo X-Men Unlimited. Algumas boas e outras toscas e dispensáveis. Dentre as interessantes temos uma protagonizada por Quentin Quire e Martha Johasson, a Não-Garota. Engraçada e envolvente, tirando do esquecimento dois ótimos personagens. E uma com o Doop dos X-Táticos, com a mesma equipe de antes (Peter Milligan e Mike Allred), bizarra por mostrar o alien falando, mas nonsense ao ponto de não sabermos se tudo foi real. As outras variam entre o médio e o ruim.
Nação X é um evento com boas ideias, mostrando o lado negativo da grande Ilha-Nação como a morte, o fato de estar afundando e a falta de comida, a participação de Sangria e sua Casa dos Mistérios é boa e também temos o retorno de Kitty, graças ao esforço de Magneto. Mas há vários problemas: 90% das histórias curtas são ruins, Magneto está tão ridículo que fica difícil de engolir, além de um especial com o X-Factor Investigações que é pura encheção de linguiça.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.