Arcos Principais: G-23 e Os Anciões (The Elders).
Publicação Original/ Brasil: X-Files – Season 10 #19-25 (IDW, 2015)/ Inédito.
Roteiro/ Arte: Joe Harris e Chris Carter/ Matthew Dow Smith e Tom Mandrake.
“X-Files: Season 10” foi a tentativa da editora IDW de dar continuidade às histórias de Arquivo X, ocorrendo exatamente após as 9 temporadas e aos 2 filmes. Começou a ser publicada em 2013, antes da 10ª temporada na TV ser uma realidade. Durou 25 edições, com um começo muito nostálgico e trazendo de volta o tom dos episódios mitológicos intercalados aos monstros da semana (review das edições #1-10) e deu uma declinada ao se firmar muito no que já foi falado na série e ao trazer personagens que deveriam permanecer mortos (review das edições #11-18). Neste review comento os dois últimos arcos da Temporada 10: o pequeno G-23 e o principal, The Elders (Os Anciões), que retoma o Sindicato; fechando toda a série. Contém alguns pequenos spoilers.
G-23
Nesse arco em duas partes (#19-20), Mulder passa a investigar o uso de uma droga recreativa chamada G-23 que tem um dedo do Governo, a utilizando como possível bode expiatório para as visualizações de OVNIs. É uma aventura diferente das anteriores, numa pegada mais psicodélica (que gosto bastante), mas que não empolga tanto quanto eu gostaria. Os desenhos são de Tom Mandrake (O Espectro), num estilo mais old-school, com traços fortes e pesados. Pela temática, há uma tentativa de criarem uma viagem no ácido, mas que não fiquei muito fã. Há pouca participação da Scully, sendo substituída por uma “Ruiva Fumante“. É um arco tão estranho quanto o episódio “Babylon” da décima temporada da série (que mostra Mulder dançando como um cowboy numa viagem).
OS ANCIÕES
O arco principal e que fecha a décima temporada em quadrinho traz dois elementos que foram fundamentais na série original. O primeiro é o retorno total do Sindicato, o grupo de velhos (do qual Canceroso faz parte) que está por trás de quase todas as teorias de conspiração envolvendo o Governo. O modo como eles ressurgem é no mesmo estilo clássico que ficaram conhecidos na série: em meio às sombras, falando pouco e decidindo o futuro da humanidade. Todos os velhos estão de volta, inclusive os mensageiros do Mulder e o inglês que morreu no primeiro filme.
O retorno deles e dos demais personagens no decorrer da temporada é explicado pelo segundo elemento: Gibson Praise. Sim, o garotinho meio humano/ meio alienígena que podia ler mentes está de volta, crescido e comandando uma instalação clandestina que clona pessoas importantes (dentre elas, os velhos). Os clones possuem 92% do DNA idênticos ao original, quase que uma ressurreição. Isso explica (um pouco) de onde vieram tantos personagens que estavam mortos na série original. Um pouco porque não é dito oficialmente no arco, a gente só deduz.
A trama começa quando Mulder é atacado por uma dessas clones e passa a ser perseguido pelo novo Sindicato, enquanto Scully trabalha sozinha pra protegê-lo. É uma história boa e que funciona pra fechar a série, tampando muitos dos buracos. A arte de Matthew Dow Smith (Doctor Who), apesar de também não ser tão fã (principalmente da necessidade de todos os personagens parecerem com os atores, ficando meio superficiais), se encaixa melhor que a do Mandrake e traz ótimas sequências. Canceroso é um dos destaques, entrando num looping de morte e clonagem enorme, que a gente até se perde. Outros pontos positivos do arco são o de trazer um flashback de Gibson, com as cenas exatas de como surgiu na série; e a animada que as cenas de ação proporcionam, saindo do marasmo que tava.
O final de Temporada 10 não chega a ser, ainda, “a história” de Arquivo X que estamos esperando ver. Possui vários pontos a melhorar. Apesar da quantidade imensa de fã-service e referências, algo que percebi (e não sei dizer se realmente foi erro do autor) é que o sangue verde não está mais tóxico. A ideia dos clones foi muito interessante, mas também uma carta coringa. Pra quem acompanha HQs de heróis, histórias com clones geralmente são confusas e ruins. Não é o caso aqui, mas com certeza poderá servir de desculpa pras histórias seguintes. Gibson Praise foi uma surpresa boa, mas numa versão bastante diferente de como poderíamos imaginá-lo. É um final que fecha pontas. A editora IDW publicou a Temporada 11 em 2015 (com apenas 8 edições) e começou um novo volume em 2016, chamado apenas X-Files (sem a “Temporada”), pegando carona com o retorno da série e sendo publicada até agora. Acompanhando o sucesso de outras revistas de “universos estendidos” (como Star Trek, Star Wars, Doctor Who), Arquivo X também vem se consolidando e ganhando diversos spin-offs, como as minis Ano Zero e Origens, além de outros especiais.
Vale lembrar que a série continua inédita no Brasil, mas há tradução feita por fãs. Aos excers como eu, irei ler e resenhar aqui no blog a Temporada 11 e a nova série, além das minis. Só acompanhar o blog!
Confira outros reviews de Arquivo X que fiz aqui no site:
– Vol. 1 (1995 – 1998): Fase Clássica (#01-41)
Review das edições lançadas no Brasil entre 1997 e 1998:
Arquivo X – Edição 1 (#1-2)
Arquivo X – Edição 2 (#3-4)
Arquivo X – Edição 3 (#5-6)
Arquivo X – Edição 4 (#30 e #33)
– Vol. 2 (2013 – 2015): Temporada 10 (#01-25)
Arquivo X – Temporada 10: De Volta ao Bureau (#1-10)
Arquivo X – Temporada 10: Peregrinos e Imaculada (#11-18)
Arquivo X – Temporada 10: O Retorno do Sindicato (#19-25)
– Vol. 2 (2015): Temporada 11 (#01-8)
Arquivo X – Temporada 11: De Volta ao Lar (#1-5)
Arquivo X – Temporada 11: Fim de Jogo (#6-8)
– Vol. 3 (2016 – 2017): Revival (#01-17)
Arquivo X: Días de Los Muertos e Ismael (#1-5)
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.