[Review] X-Men Gigante – Jean Grey e Emma Frost: No Coração da Tempestade!

Arcos Principais: No Coração da Tempestade (Into the Storm).
Publicação Original: X-Men Giant Size – Jean Grey & Emma Frost (Marvel, 2020).
Roteiro: Jonathan Hickman.
Arte: Russell Dauterman.

X-Men Giant Size ou X-Men Gigante foi uma iniciativa da Marvel de lançar 5 one-shots (edições únicas) em 2020 como parte dos eventos da Aurora de X. Apesar do título fazer referência à clássica X-Men Gigante de 1975, edição histórica que apresentava uma nova equipe de mutantes ao público (incluindo ali Tempestade e Colossus, por exemplo), as semelhanças terminam por aí. A ideia da Marvel com essa nova coleção, além de uma homenagem, também era de expor o trabalho de alguns dos seus melhores artistas atualmente. Sendo assim, cada uma das 5 histórias foi escrita pelo Jonathan Hickman, que é o próprio arquiteto de toda essa fase krakoana, acompanhado de um artista diferente e abordando também um personagem diferente: Jean Grey e Emma Frost (na #1), Noturno (na #2), Magneto (#3), Fantomex (#4) e Tempestade (#5).

A primeira edição traz Jean Grey e a Emma Frost juntas numa missão extraordinária e delicada: entrar na mente da Tempestade para tirá-la de uma espécie de coma. É uma história praticamente muda, com os ótimos desenhos do Russell Dauterman, que segue numa pegada um pouco psicodélica. Porém, achei que ficou bem abaixo das expectativas. Confira o review completo com spoilers!

NO CORAÇÃO DA TEMPESTADE

Quando a gente vê uma one-shot especial protagonizada por duas das mais fortes e carismáticas personagens femininas dos X-Men, claro que a expectativa vai lá em cima! E foi esse o caso com essa X-Men Gigante – Jean Grey e Emma Frost. Apesar de não ser tão fã assim da Jean, a Emma está entre as minhas mutantes preferidas, então terminei de ler essa HQ com um gostinho de que faltou algo. Na história, Tempestade é encontrada inconsciente e Emma e Jean precisam unir forças para entrar em sua mente, a fim de identificar o problema ou a ameaça que conseguiu derrubá-la. O que se segue é uma narrativa bastante comum em histórias do tipo: as duas partem numa viagem psicodélica rumo ao inconsciente da Ororo, se deparando com cenários africanos, objetos e situações que remetem à infância, traumas e outras experiências da Deusa dos Ventos, desde árvores gigantescas e leões à referências de sua claustrofobia. E o diferencial aqui é que praticamente não há balões de fala ou recordatórios, sendo tudo muito visual e intuitivo, com uma informação ou outra surgindo em formato de onomatopeia ou palavras sendo escritas com poeira ou eletricidade.

E apesar de tudo ser muito bonito, afinal de contas os desenhos são do Russel Dauterman, o mesmo responsável pela arte fenomenal de Thor: A Deusa do Trovão e do volume da Poderosa Thor, senti que faltou um pouco de substância nessa edição. Até porque, como comentei, não é nada de novo, tanto que no passado já tivemos histórias que se passavam dentro da mente de um personagem (algo muito comum), mas que TAMBÉM já teve versões sem balões e TAMBÉM trazendo Jean e Emma na trama! Em meados de 2002, por exemplo, a Marvel fez um evento chamado “Nuff Said” onde, naquele determinado mês, todas as principais revistas reservaram uma edição sem diálogos, com os desenhistas e roteiristas tendo o desafio de contar uma história apenas com a arte. E New X-Men #121, escrita pelo Grant Morrison e desenhada pelo Frank Quitely, fizeram parte do evento. Na história, Jean e Emma entram na mente do Professor Xavier e acabam descobrindo a origem da Cassandra Nova, tudo desenvolvido de maneira ímpar e que cheguei a comentar num review (da época que acompanhava os mix da Panini, há mil anos), que você pode conferir aqui. Inclusive, essa Giant Size repete diversos quadros da New X-Men #121, tanto que fica difícil de saber onde termina a homenagem (que certamente foi) e começa uma cópia menos simpática.

Comparação entre New X-Men #131 e X-Men Giant Size #1

Aliás, durante essa mesma época, meados de 2002, tivemos outras duas histórias semelhantes: uma em que a Emma passeia pela mente do Ciclope, convencendo-o a fazer terapia (X-Men #131); ou quando a Jean, devido essa polêmica da terapia, invade a mente da Emma como retaliação (X-Men #139). E particularmente, todas esses outros exemplos se saíram melhor que essa atual X-Men Gigante.

Um dos principais problemas, ao meu ver, é que faltou um pouco de ousadia tanto na parte visual, quanto no roteiro. Por mirar em algo mais psicodélico e onírico, até porque a temática pede isso, tudo acaba ficando muito clean e certinho. Os desenhos do Dauterman são ótimos, sem sombra de dúvida (e um dos pontos alto da HQ), fugindo do padrão e com diagramações interessantes, mas não chega a ser super experimental ou estranha como a do Quitely. A trama também é linear, com a descoberta de que a Tempestade está com uma espécie de vírus e possui poucas horas de vida (literalmente: ela está com um contador). E a trama se encerra aí, deixando um gancho para ser desenvolvida mais pra frente, nesse caso na X-Men Gigante #5 (que traz a mesma equipe criativa e a Tempestade como protagonista).

Uma edição que termina sendo um tanto frustrante, pelo menos pra mim. Não pela falta de diálogos (que torna a leitura bastante rápida), já que tivemos exemplos maravilhosos com essa mesma proposta, mas por não chegar muito a lugar algum. Há muito simbolismo e diversas referências, como o primeiro encontro da Tempestade com a Emma e também com a Jean, pontos mais uma vez para a arte. Mas no geral, não traz nada de novo no horizonte e tudo soa meio superficial. Afinal de contas, estamos falando de personagens que possuem uma rivalidade épica (e com toda uma bagagem de histórias semelhantes) e que aqui quase não é abordado. Esperava um pouco mais.

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