[Review] X-Men: Aurora de X e o Aviso de Sina!

Arcos Principais: Sem título.
Publicação Original: X-Men #1-6 (Marvel, 2020)
Roteiro/ Arte: Jonathan Hickman/ Leinil Francis Yu.

Após os eventos impressionantes de Potências de X/ Dinastia X, quando o mundo conheceu a nova ilha-nação mutante de Krakoa, a Marvel reformulou toda sua linha de revistas X, com seis novas séries numa primeira leva. A revista principal continua a se chamar “X-Men“, escrita pelo Jonathan Hickman (o arquiteto principal dessa nova fase), mas o título não recebeu o “Uncanny” (Fabulosos, aqui no Brasil) como de costume, ficando simplesmente X-Men. As 6 primeiras edições, apesar de não fechar um arco propriamente dito, abordam algumas questões interessantes de Krakoa, como um furo na segurança dos portais e uma negociação do Magneto, Professor X e Apocalipse com humanos num fórum.

Essas 6 primeiras edições foram compiladas nos EUA no encadernado X-Men de Jonathan Hickman Vol. 1. E são as edições comentadas nessa review, com spoilers!

AURORA DE X/ PAX KRAKOA

Essa primeira investida da nova fase dos mutantes também foi apelidada de Aurora de X (Dawn of X, no original). Depois de tanto tempo com histórias medianas e sem grandes reviravoltas, tá sendo bem interessante ver todo esse movimento da Marvel em torno dos mutantes, dando-lhes maior relevância. A primeira edição de X-Men já começa com pancadaria em meio a um QG da Orquídea: Magneto, Tempestade, Ciclope e outros X-Men estão no local para resgatar mutantes e eliminar outra base dos vilões. Um ponto interessante é que, ao retornar à Krakoa, Magneto é adorado quase como um deus. Um outro ponto que talvez seja importante, talvez não, é um certo cansaço da Tempestade. Em dois, três momentos dessas primeiras edições, ela acaba sendo atingida e comenta que só está um pouco cansada, por isso não está lutando como antes. Já no habitat no lado azul da lua, o Clã Grey-Summer está todo reunido para colocar o papo em dia, do Corsário ao Vulcano. Eita família, grande!

Inclusive na edição #2, Ciclope convida seus filhos, Rachel e o jovem Cable, para uma missão numa ilha desconhecida, que acabou surgindo do nada e está chamando a atenção de Krakoa, que caminha em direção à ela. Eles precisam descobrir o que a ilha esconde, antes que Krakoa chegue. E essa segunda ilha é Arakko, a irmã de Krakoa (no início dos tempos, elas haviam sido divididas, como mostrado em Potências de X/ Dinastia X). Visualmente, essa edição é uma das mais bonitas por duas questões: o Invocador e o encontro das duas ilhas. O Invocador é filho do Cavaleiro da Guerra original e, sendo assim, de alguma forma é neto do Apocalipse. Ele chega a entrar em conflito com Ciclope e seus filhos, mas o inevitável acontece: Krakoa chega e se une novamente a Arakko, ampliando toda a fronteira da nação, mas sendo ainda um território desconhecido. Ao cair da noite, Apocalipse surge para consolar o Invocador, que tem um design muito bom desenhado pelo Leinil Francis Yu. Apesar de algumas lutas clichês contra monstros gigantes, uma linda edição que aprofunda a relação do Apocalipse com a ilha.

Não sei se as demais edições também funcionarão assim, mas essas 6 primeiras trabalham quase que de maneira individual. E apesar de, por um lado, isso ser interessante por explorar questões diferentes envolvendo Krakoa, por outro lado parece não haver uma “liga” que conecta todas elas. A edição #3, por exemplo, mostra um grupo de senhoras tecnológicas que conseguiram passar pelas barreiras da ilha e invadiram o campo de flores. Elas se autoproclamam de Hordicultura, trabalhando numa agenda de extermínio de toda a população da terra. Além delas conseguirem cruzar o portal, elas também derrubam vários mutantes com muita facilidade. Ciclope, Sebastian Shaw e Emma Frost, três dos manda-chuvas de Krakoa, foram até o local para impedi-las. E em vez deles já chegarem prendendo todas, o que temos é uma discussão muito comédia entre os dois grupos, quase trash. Os X-Men não querem bater nelas por serem senhoras, preferindo o diálogo (mesmo com elas continuando a roubar as flores). E apesar de senhoras, elas derrubam o Sebastian e até xingam a Emma. Tudo meio surreal que parece chegar a lugar algum.

A edição #4 muda da água pro vinho. Numa reunião com representantes de outras nações, Magneto, Professor X e Apocalipse conversam sobre os interesses de Krakoa, com Ciclope e Górgon como guarda-costas. Os diálogos aqui são muito bons, principalmente por abordarem a questão política, que sempre fez parte da história dos X-Men. Ponto para o Hickman. Magneto deixa bem claro a posição da nova nação e o Apocalipse faz questão de comentar o quanto é antigo e como já presenciou a queda da humanidade em diferentes momentos no passado, gerando terror. Um dos momentos mais interessantes é quando o Professor X avisa ao Ciclope que há uma equipe de segurança pronta para atacá-los, caso fosse necessário, no andar de cima e no de baixo da sala de reunião. E essas equipes estão usando bloqueadores de telepatas! Ou seja, é o Charles demonstrando a extensão de seus poderes mais uma vez! E como um aviso para as outras nações, o Ciclope e Górgon descem o cacete nas duas equipes! Górgon até arranca braço e perna, já que não pode matar. Ah, não poderia deixar de comentar: ver o Apocalipse de terno é muito engraçado!

Na edição #1 os X-Men resgataram alguns mutantes de uma base da Orquídea e, entre eles, estava uma filha perdida gerada na Câmara: Serafina. Já faz um tempo que eu não ouvia falar nos Filhos da Câmara, que tiveram uma participação interessante lá em 2006 no arco Supernovas. 15 anos depois, vemos a Serafina indo até uma base da Câmara no Equador, ativando seus protocolos e revivendo seus irmãos. Temendo que a situação fique fora de controle, Ciclope e Charles mandam o Sincro (que foi revivido), Darwin e a X-23 para invadirem a Câmara e neutralizarem a ameaça. E é uma missão praticamente suicida (do tipo que o Charles ama se arrepender depois, né?), porque uma vez lá dentro eles serão submetidos ao processo de evolução artificial da Câmara. Por isso esses três foram enviados: Sincro poderá copiar os poderes de Darwin, que é capaz de se adaptar a qualquer ameaça, além da X-23 com sua resistência e fator de cura. Veremos o que pode acontecer…

A edição #6, finalizando esse primeiro volume, traz a minha preferida como protagonista: Mística! Temos um flashback de uma conversa dela com a Sina, que avisou que no futuro iria existir uma ilha que seria boa demais para ser verdade; mas não as primeiras ilhas, mas sim uma das últimas. Vale lembrar que já tivemos Genosha e Utopia como ilhas mutantes no passado. Sina também avisa que farão uma promessa para a Mística, mas que não irão cumprir. Que terão a possibilidade de trazê-la de volta, já que a Sina previu a própria morte, mas que não iriam trazê-la. E finaliza com uma sentença: se caso negarem de revivê-la, pediu para a Mística que trouxesse a ilha abaixo!! Um momento muito impactante por diversos motivos. Primeiro porque já deixa a Mística como uma peça chave no desenvolvimento de Krakoa, pois ela sabe que algo de errado está acontecendo e que o Professor está enrolando para trazer a Sina de volta, sendo que foi um dos termos no acordo feito para ela entrar no Conselho Silencioso.

E segundo porque o relacionamento da Mística e da Sina, que no passado ficava apenas nas entrelinhas e que nos últimos anos estava um pouco mais evidente, ficou direto e reto nessa nova fase. A Mística até chama a Sina de sua esposa! Como fã da personagem, pra mim foi um passo e tanto para seu desenvolvimento. Além de prometer um conflito muito interessante entre ela e o Professor no futuro. E claro, a Sina é uma personagem que ficou morta e longe das HQs durante muito tempo, já estava na hora dela voltar, né?

Como comentei no início, as edições desse primeiro “arco” (no modo de dizer) funcionam quase que de maneira individual. Temos a Serafina, a desconfiança da Mística, o encontro de Krakoa com outras nações, a ilha Arakko… Sem contar as senhoras da Hordicultura! Não fica muito claro como cada plot será desenvolvido, se nessa ou em outras revistas. E isso acaba gerando um pouco de confusão, quando lidas em conjunto, justamente por essa falta de unidade. Mesmo assim, é um ótimo início e que empolga o leitor. Além de trazer passagens lindas, como a união de Krakoa com Arakko! Se lidas individualmente, umas edições acabam sendo melhores, enquanto outras nem tanto.

Confira outros reviews desse volume de X-Men que fiz aqui no site:

Volume 6 (2019-2021): Fase Jonathan Hickman (#1-22)
X-Men: Aurora de X e o Aviso de Sina (#1-6)
X-Men: A Provação e Conflitos Espaciais (#7-11)
X de Espadas: Megassaga em Defesa de Krakoa (#12-15)
X-Men: Viagem ao Centro da Câmara (#16-20)

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