[Review] X-Men: A Provação e Conflitos Espaciais!

Arcos Principais: Sem título.
Publicação Original: X-Men #7-11 (Marvel, 2020)
Roteiro/ Arte: Jonathan Hickman/ Leinil Francis Yu, Mahmud A. Asrar.

As seis primeiras edições (Aurora de X e o Aviso de Sina) dessa nova revista X-Men marcaram, de certa forma, o início concreto da fase escrita pelo Jonathan Hickman, explorando todos os aspectos apresentados por ele em Potências de X/ Dinastia X. Os mutantes agora possuem sua própria nação: a ilha viva Krakoa; assim como suas próprias leis, costumes e burocracia. E nesse segundo arco, que compila as edições #7-11, vemos outros aspectos dessa nova sociedade, dos quais um se sobressai de maneira excepcional: a provação! Além de um conflito contra a Ninhada. Confira o review especial dessas edições, com spoilers!

A PROVAÇÃO

A edição #7, que abre esse “arco”, aborda de maneira inusitada a questão dos mutantes que perderam seus poderes durante o surto da Feiticeira Escarlate em Dinastia M. Esses “ex-mutantes” agora são como humanos, levantando a dúvida: merecem ou não entrar em Krakoa? E pior ainda, merecem morrer para serem ressuscitados pelos Cinco, ganhando sua forma e poderes originais? Além de ser um tema bastante pesado, envolvendo morte e preconceito, o Hickman conseguiu elevar isso à quinta potência ao criar o protocolo chamado “Provação“. Prevendo que milhares de ex-mutantes tentem o suicídio a fim de serem ressuscitados com seus poderes originais, esse protocolo garante algumas normas a serem seguidas. A primeira delas é que os Cinco não irão ressuscitar mutantes que perderam seus poderes e que não tenham passado pela Provação.

E como que ela funciona? É bem simples: o mutante escolhido precisa provar que quer ganhar seus poderes de volta através de uma luta mortal contra o Apocalipse! Tudo dentro de uma espécie de coliseu, com a batalha sendo assistida por todos. A mutante que passa pela provação durante a edição é a Aero, irmã do Míssil e da Escalpo, que perdeu seus poderes no Dia M. Ela se prepara para a luta e entra na batalha para enfrentar o Apocalipse. Mas o pior está por vir: o Apoca começa a humilhar a garota, colocando-a lá embaixo, agora que não possui poderes. Sua família, os Guthrie, fica até chocada com a cena, mas não pode impedir. A intenção é ver até onde ela iria para ganhar seus poderes. Estaria disposta a ser humilhada e morrer por eles? E é assim que o Apocalipse desfere o golpe final, matando-a, liberando assim o Protocolo de Ressurreição, permitindo que ela nasça novamente e com seus poderes de volta, recebendo a glória de Krakoa.

Particularmente, eu achei tudo muito chocante! Claramente eu não esperava isso vindo. São pontos que mexem com muitas das bases dos X-Men e, felizmente, o Hickman não deixa nada de fora. O Noturno, por exemplo, faz a vez do leitor e começa a questionar todo o ritual, se tudo isso é válido e o que acontece com a alma dessas pessoas que morrem e renascem. Ou com a sua própria, já que também foi ressuscitado recentemente. E é assim que ele decide fundar uma religião mutante, na esperança de tentar compreender (e ajudar a outros no processo) toda a situação. Um outro aspecto muito bom envolve o Exodus, que se reúne em volta de uma fogueira para contar história para as crianças de Krakoa. Ele conta sobre a Feiticeira Escarlate, a mutante proibida da ilha, praticamente a “Você sabe quem” dos X-Men. Sem sombra de dúvidas, essa foi uma das melhores edições dos mutantes que li nos últimos tempos. Brutal, filosófico e empolgante.

O OVO REI DA NINHADA

As demais edições que compõem esse encadernado retornam ao estilo mais super-heróico, mas também não deixam a desejar. Na #8-9 temos um novo conflito envolvendo a Ninhada: Lupina levou pra Krakoa um Ovo desconhecido, item que coletou em sua última aventura no espaço, pensando ser um tesouro de batalha. Porém se trata de um Ovo Rei, um artefato que funciona como uma antena para as rainhas da Ninhada. O Nim, que é um espécime mutante da Ninhada, acaba descobrindo (e alertando) isso muto tarde, quando um exército dos aliens invade a ilha. Destrutor, Ciclope, Jean e Vulcano pegam o Ovo e partem rumo ao espaço, para tirar os alienígenas de Krakoa.

Em paralelo, um Acusador Kree está com os Piratas Siderais e pede informações do Ovo para o Mancha Solar, ameaçando matá-los caso ele não conte. O que acaba chamando a atenção da Guarda Imperial Shiar. Tudo isso para que, em algum momento dessas duas edições, tanto os Piratas, quanto os X-Men e a Guarda se choquem numa briga em torno do ovo, caindo num planeta em meio a milhares de Ninhada. Um ponto interessante é quando vemos como que o Ovo foi produzido, há centenas de anos pelos Krees, a fim de se tornar uma arma intergaláctica, capaz de controlar a Ninhada. O Supremor, a inteligência máxima dos Kree, também faz uma participação especial muito boa. Todo esse trecho foi um dos pontos alto da história. Ao fim, o Nim acaba quebrando o ovo e comendo seu conteúdo, se tornando uma espécie de Rei agora.

VULCANO CONTRA OS COTATI

A terceira história, finalizando esse “arco”, envolve o Vulcano e… mais ameaça vindo do espaço. Dessa vez o Vulcano está com Petra e Reprise na Casa de Veraneio, um local na lua que possui ligação com Krakoa. Toda a família Summers foi passear e o Vulcano acabou ficando pra trás, ultimamente ele vem sofrendo com a questão de sua recente volta à vida, tendo pesadelos envolvendo alienígenas que o ressuscitaram, colocando uma espécie de bomba em seu peito. Agora, tudo o que ele pensa é que há um fogo queimando-o por dentro. Sua crise (e flertes com a Petra e Reprise) é interrompida com a chegada dos Cotati, uma raça de plantas e árvores alienígenas, que querem dominar… a lua. A batalha entre Vulcano e os Cotati acaba chegando à Krakoa, literalmente. Até porque, independente de ser escola ou ilha, onde tem mutante, tem destruição. Não é mesmo?

Um ponto interessante dessa última história, que fica meio perdida no todo, é o plano que o Magneto bola para aniquilar os Cotati. Ele usa do Homem de Gelo e da Magma para poder criar erupções na ilha, gerando metal suficiente para que o Magneto pudesse destruir toda essa galera. Uma outra cena interessante é quando ele derruba alguns satélites na cabeça do capitão Cotati. O Invocador, o mutante estranho que apareceu no arco anterior, neto do Apocalipse, também faz uma ponta especial, querendo jogar um tipo de xadrez místico com o Anole, Pedreira e cia. Mas de maneira geral, toda essa última parte destoou um pouco, parecendo algo aleatório. Gostaria de ter visto mais sobre as novas perspectivas de Krakoa e menos batalhas sem pé, nem cabeça. O próprio general dos Cotati, que parece ameaçador de início, acaba sendo totalmente descartável e transformando toda essa raça (que é interessante) em algo meio patético.

Um segundo encadernado que começou muito bem, com uma primeira edição focada na Provação e desenvolvida de maneira espetacular, mostrando que a fase Hickman não veio pra brincar e elevando as bases dos X-Men para outro patamar. Mas as demais edições, que fecham o arco de histórias, parecem cair na narrativa padrão envolvendo alienígenas. Por mais que tenhamos um desenvolvimento com o Nim, que agora ganha outro status, ou com o próprio Vulcano, que ganha explicações do que possui dentro do peito, ainda assim parecem ser aquelas edições genéricas, sem trazer o que a gente realmente quer: os conflitos krakoanos. Mas apesar dos pesares, alguns momentos como a participação do Invocador ou o Magneto elevando seus poderes, tornam a leitura interessante e recomendada.

Confira outros reviews desse volume de X-Men que fiz aqui no site:

Volume 6 (2019-2021): Fase Jonathan Hickman (#1-22)
X-Men: Aurora de X e o Aviso de Sina (#1-6)
X-Men: A Provação e Conflitos Espaciais (#7-11)
X de Espadas: Megassaga em Defesa de Krakoa (#12-15)
X-Men: Viagem ao Centro da Câmara (#16-20)

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