[Review] Fabulosos X-Men: Sempre Fomos!

Arcos Principais: Sempre Fomos (We Have Always Been).
Publicação Original: Uncanny X-Men #17-22 (Marvel, 2019).
Roteiro/ Arte: Matthew Rosenberg/ Carlos Gomez, Carlos Villa e Salvador Larroca.

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E chegamos ao último arco desse volume de Fabulosos X-Men! Sempre Fomos marca o fim de uma era, podemos dizer assim, que se iniciou lá em 2017 com ResurrXion, trazendo as revistas principais das equipes Dourada e Azul. Depois de mandar os X-Novinhos de volta ao passado em Exterminados, trazer dos mortos a Jean Grey, Wolverine e agora o Ciclope, o arco finaliza esse período e abre as portas para a atual fase Dawn of X (Aurora de X) de 2019. Review especial com spoilers:

SEMPRE FOMOS

No arco anterior, Isto É Para Sempre, vimos como se deu o retorno do Ciclope do mundo dos mortos, decidido a reunir os poucos X-Men que sobraram e armar uma nova fronte de defesa contra os humanos. E no final daquele arco descobrimos que a Lupina havia morrido. Então o começo de Sempre Fomos traz seu funeral e detalhes de sua morte. Vale comentar que cenas assim já são bem frequentes no mundo dos X-Men, vira e mexe alguém tá morrendo (e revivendo). Nesse caso, a Rahne estava a fim de viver uma vida normal, evitando até mesmo de utilizar seus poderes. E num trágico momento, quando foi cercada por vários homens no meio da rua, acabou espancada até a morte. Wolverine a Kwannon (que apesar de ter o “corpo” que estamos acostumados a associar à Psylocke, ainda não disse a que veio nas histórias) vão atrás desses caras, buscando por vingança.

Passado o funeral, o Fanático dá uma lida na lista de “preocupações mutantes” (dos mutantes que sempre trazem problemas pra classe) e sente a falta da Emma Frost ali, acaba perguntando sobre ela e se surpreende em descobrir que ninguém conhece a Rainha Branca! E isso é o ponto principal no arco: o misterioso paradeiro da Emma. Mas até essa revelação vir à tona, muita coisa acontece: os X-Men seguem buscando as equipes e mutantes dessa lista (numa pegada Kill Bill) e vemos um desfile de situações, no mínimo, bizarras. Eles enfrentam os Carrascos, por exemplo, e o Câmara não escuta ninguém e, literalmente, frita geral e termina por ter uma lança cravada em seu peito. O Destrutor solta um mega ataque e quase se desintegra durante uma batalha contra o Senhor Sinistro, que desiste da luta de uma hora pra outra. Tudo muito rápido e meio exagerado, ninguém pensando direito, gente morrendo a torto e à direita, parece até que estamos lendo algo de uma realidade alternativa onde vale tudo.

A partir da terceira edição temos um flashback do que aconteceu à Emma Frost. Capturada pelo Calahan, foi obrigada a trabalhar para ele, ajudando a capturar mutantes. Foi ela quem manipulou o Anole a roubar a fórmula do Fera (que daria origem a essa nova cura mutante). Ela que se auto-apagou da memória de todos os X-Men. Recrutou o Elixir, a Medula, o Vanisher e a Mística, todos atuando por debaixo dos panos. Era isso ou o famoso “implante em sua cabeça iria explodir“, que por si só é uma saída também bastante manjada dos quadrinhos. Eu não caí muito nessa ideia e achei um tanto forçada, principalmente porque a Emma é poderosíssima e vê-la agindo assim, fazendo umas coisas que vão contra tudo o que ela veio desenvolvendo nos últimos anos, foi estranho.

Além da Medula e do Vanisher, outros tantos mutantes que andavam sumidos também dão às caras. É o caso de grupos do terceiro escalão como os Maus Elementos e Upstarts. Enquanto é manipulada pelo Calahan, a Emma ainda se torna a nova líder do Clube do Inferno e é colocada contra a parede pelo vilão, ficando sem saída. Sua única salvação é devolver as memórias ao Ciclope e os demais X-Men, deixando todo mundo puto da vida, claro, mas que irão salvá-la. Uma situação interessante é a do Fera Negro, que desenvolve uma espécie de anti-vacina e a dispersa na atmosfera terrestre, trazendo um efeito colateral à atual vacina anti-mutante: caso a criança que a tomar tenha o gene X, em vez de ser anulado ele será ativado e deixará a criança em coma. Tudo isso pra testar os pais dos humanos, se realmente vão querer testá-la em seus filhos. Interessante, né?

O surto de algumas crianças colapsando pelo mundo chama a atenção do Capitão América, que vai tirar satisfação com o Ciclope. A equipe percebe que a manipulação da Emma tinha ido ainda mais longe: o Capitão América que tinha aparecido nas edições anteriores, disposto a ajudar os mutantes (algo bem raro vindo dos Vingadores, diga-se de passagem), não passava da Mística disfarçada. Não vamos entrar no mérito de ninguém ter percebido isso, né? Mas a situação gera uma nova onda de atitudes bruscas, como a Illyana matando o Fera Negro por isso.

Aliás, a Illyana tem bastante destaque nesse final de arco. Ela é uma personagem que acabei gostando muitos nos últimos anos, sempre esquentada e pronta pra ação, sem tantos melodramas como os outros heróis. Numa última investida desesperada do Calahan, ele desliga os poderes mutantes da Illyana e, sem poder se controlar, ela libera o demônio dentro dela e sai insana, destruindo até o cristal Cytorak do Fanático. Como contra-ataque, a Emma retira o implante da sua cabeça (com direito a ficar com cicatriz e tudo) e faz com que todos os humanos simplesmente esqueçam dos mutantes.

E volto a comentar sobre a correria no roteiro do Matthew Rosenberg. Na edição #22 que tanto finaliza o arco quanto esse volume, ele tenta resolver todas essas pontas soltas. Os X-Men mal conseguem aproveitar o momento de calmaria (que não chega a durar uma edição), sem que nenhum humano encha o saco ou sequer pensem na existência do gene X. O Calahan retorna dos mortos trazendo Super Sentinelas que dizimam tantos outros mutantes. Perdi a conta de quantos X-Men morreram nesse arco! O Destrutor literalmente se sacrifica para tentar impedí-los. E quando tudo parece perdido, eis que a Jean Grey, Tempestade e todos os outros x-men que estavam desaparecidos (na realidade do X-Man) ressurgem no horizonte e ajudam a eliminar os inimigos.

Confesso que o final me deixou bastante empolgado. Foi legal ver a Jean chegando e lascando um beijo no Ciclope, deixando a Emma com ciúmes. E a própria Emma entende que não tem como simplesmente apagar os X-Men da cabeça de todos, eles precisam enfrentar os humanos. O Ciclope retoma seu papel de líder e mais uma vez inspira, dizendo que chega de se esconderem. Um final que traz um novo gás à franquia, quero saber como eles vão lidar com as tantas mortes que aconteceram; com o retorno do trio Jean, Scott e Emma; a Mística vai ficar de qual lado?; entre outras perguntas. Mas o percurso até o final, esse desenrolar da trama, ficou muito corrido e um tanto forçado em alguns pontos, com um monte de absurdo que a gente percebe que não será levado a sério na próxima fase.

E mais uma coisa: muito obrigado a todos que acompanham minhas reviews dos X-Men! Em 2011 entrei nessa Odisseia de ler e resenhar as revistas dos mutantes, na época começando pela fase do final dos anos 1990. E agora, quase 10 anos depois, finalmente cheguei na fase atual!! Em 2021 estarei em dia com os X-Men e vocês vão conferir aqui a resenha de todos os títulos X que estão saindo.

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