Arcos Principais: Exterminados (Extermination).
Publicação Original: Extermination #1-5 (Marvel, 2018).
Roteiro/ Arte: Ed Brisson/ Pepe Larraz.
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“Exterminados” foi uma mini em cinco partes lançada em 2018 pela Marvel, praticamente fechando um ciclo que começou lá em 2012. Só pra contextualizar, em 2012 tínhamos o lançamento da revista Novíssimos X-Men, onde o Fera viajou ao passado e trouxe de lá os 5 X-Men originais (sendo ele um deles) para conviver no presente com suas contrapartes, fazendo-os lembrar da época em que ainda eram inocentes e cheios de esperança. Claro que o plano deu errado e os cinco permaneceram no presente, sem vontade de voltar e ainda assustados ou frustrados com o que viram e o que se tornaram: o Fera jovem viu a figura azul que se tornaria; Jean descobriu como mataria um planeta inteiro e sua morte; Ciclope viu como mataria seu mentor, o Professor X; o Anjo em como se renderia ao Apocalipse; e não menos importante, o Homem de Gelo jovem se assume gay e entra em confronto com sua versão adulta.
Passados 6 anos desde sua estreia, os X-Novinhos continuaram como protagonistas das revistas mutantes, como a X-Men Blue, e alguns membros ganharam até série própria, como a Jean Grey e o Homem de Gelo. Mas verdade seja dita: muitos fãs não gostam tanto assim deles. Eu sou um deles, admito que muitas das histórias são bem chatinhas. E assim chegamos em Exterminados, mini responsável por finalmente levá-los à sua época! E olha, foi melhor do que pensei! Review especial com spoilers:
EXTERMINADOS
O vilão Ahab e seus Farejadores estão no presente com planos de matar pelo menos um dos X-Men originais, começando por atacar o jovem Ciclope e a Tempestade Sangrenta em meio a um jantar romântico. Em paralelo, um jovem Cable também começa um ataque aos X-Men originais, matando o próprio Cable adulto e aprisionando o jovem Homem de Gelo. Outra perda é a da Tempestade Sangrenta, que também morre em batalha. Um início repleto de ação, com o roteiro de Ed Brisson (Velho Logan) e desenhos de Pepe Larraz (Wolverine e os X-Men), deixando evidente essas duas frentes contra os X-Men: Ahab e o jovem Cable.
A situação piora quando o jovem Anjo é sequestrado por esse misterioso Cable, sendo torturado e tendo suas asas cósmicas arrancadas. Kitty reúne vários X-Men para discutirem os ocorridos, mas são pegos de surpresa pelo Ahab, que ataca o Instituto com seus Farejadores e com uma carta na manga: com a ajuda de duas crianças gêmeas, ele consegue manipular e tornar um farejador quem ele quiser. O Velho Logan passa a ser controlado, além da própria Rachel Grey, que já foi uma farejadora. A batalha acaba tirando o jovem Fera de cena. Scott e a Jean são os únicos originais ainda salvos.
A Jean adulta leva o Scott para o fundo do mar, a fim de ser protegido pela sua equipe. Enquanto a jovem Jean é levada escoltada pela equipe barra pesada da X-Force, que estão com fogo nos olhos. Mas tudo sai do controle quando o Noturno e o Shatterstar são manipulados mentalmente e se tornam farejadores, cada um com a missão de pegar um dos originais. Um ponto positivo do roteiro do Brisson é trazer essa quantidade grande de personagens, onde a gente vê a extensão dos mutantes. Mas o negativo é que, do meio para o fim da história, as coisas ficam meio caóticas e confusas demais. Por exemplo: a X-Force ataca o QG do jovem Cable e, depois de muita pancadaria (o famoso atira primeiro, pergunta depois), descobrem que a missão dele é até nobre, já que se não levar os X-Novinhos pro passado, várias desgraças vão acontecer. No minuto seguinte, estão todos (todos mesmo) no Cérebro sob o oceano da equipe da Jean: a X-Force, Cable, Ahab e cia, rendendo o conflito final e o clímax da história. Tudo meio de repente, a gente nem vê como esse pessoal entrou ali!
Pra quem não curte os X-Novinhos, qualquer história que os levariam de volta pro passado seria boa por si só, mas não é que fiquei com pena deles nesse final? Ao serem resgatados, os cinco percebem que a única maneira de se livrarem de Ahab e impedir a morte de mais mutantes é voltando ao passado, mesmo que contra a vontade deles. E sem tempo de despedidas! E o pior, quando o Cable os leva através do tempo, para o momento exato de quando foram transportados pelo Fera adulto, eles teriam toda a memória apagada.
É meio triste que tudo isso se perca, os próprios X-Novinhos ficam bem mal com a situação. E claro, histórias de viagem no tempo a gente tem que entrar na magia, sem querer entender muito os porquês. Já que eles vão voltando no tempo aos poucos, criando cenários pouco prováveis onde conseguem ajudar na batalha contra Ahab e também preservar essas memórias para que sejam acessadas em algum momento da vida adulta. “Exterminados” termina como uma história que entretém e emociona, cheia de ação e com propósitos bem definidos, finalizando essa fase com os cinco X-Men originais e a morte de três personagens (Tempestade Sangrenta, Mímico e Cable), abrindo caminho para a atual fase da Marvel (nem acredito que estou chegando nas revistas atuais!). Também é a responsável por trazer do mundo dos mortos, ainda que como um mistério, um importante mutante: Ciclope!
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.