Arcos Principais: A Escola Wolverine Para Jovens Superdotados (The Wolverine School For Gifted Youngster).
Publicação Original: Wolverine and The X-Men #38-42 (Marvel, 2014).
Roteiro/ Arte: Jason Aaron/ Nick Bradshaw e Pepe Larraz.
Esse é o último arco (edições #38-42) da primeira revista do Wolverine e os X-Men, que foi publicado no Vol. 8 americano. Ele fecha de maneira bastante satisfatória a série, que começou muito boa, mas teve seus momentos baixos como em A Saga do Clube do Inferno. Nesse final, dois irmãos se infiltram na Escola Jean Grey na tentativa de sabotar e acabar com os alunos. Review especial com spoilers!
A ESCOLA WOLVERINE PARA JOVENS SUPERDOTADOS
Um ponto interessante no começo do arco é (mais) uma discussão entre a Maria Hill com os X-Men. Fica bem evidente que ela só tolera os mutantes, mas que no fundo não aguenta mais ouvir essa palavra. Ela, junto da Mística disfarçada de Agente Cristal, veio pedir desculpas pelo que ocorreu em Cabo Cidadela (X-Men: A Batalha do Átomo), quando as bombas do Aeroporta-aviões da SHIELD foram ativadas e lançadas sobre os mutantes. Claro que o Wolverine e cia. deram uma resposta boa para a Hill, que continuou com sua postura arrogante. Num outro momento, o Wolverine se une ao Ciclope para detonar alguns sentinelas, tentando deixar de lado seus conflitos e relembrarem os bons tempos e o que os une, enquanto soca os inimigos. Mas o principal do arco é outro assunto: a Mística infiltrou dois irmãos na Escola Jean Grey, Joseph e Josephine Bricklemoore, disfarçados de mutantes a fim de descobrir os pontos fracos dos estudantes e, no momento adequado, acabar com todos eles.
Mas o que era pra ser o plano ideal, começa a dar errado quando os dois passam a se desentender. Joseph se enturma com os jovens mutantes, gostando da rotina de aulas, dos professores e da mutandade. Já Josephine tem sangue no olho e não desvia do seu objetivo, não se deixando levar por nada. O curioso é que os dois estão disfarçados de mutantes, usando a droga de mutação, gerando duas personagens que se assemelham aos estudantes mais grotescos que passaram a preencher as revistas mutantes a partir da fase do Grant Morrison. O clímax surge quando o grupo composto por Quentin, Garota-Tubarão, Oya, Gênesis, Kid Gladiador e cia. descobrem a identidade secreta dos irmãos e entram em batalha. Joseph precisa escolher entre a irmã e os novos amigos, terminando por dar um tiro nela. Ao final, eles optam por terem a mente apagada, saindo da Escola Jean Grey sem se lembrarem de nada e deixando a Mística furiosa. É um arco curto, de apenas três edições, mas que faz jus ao clima juvenil da revista, num tom leve e cômico, mas ainda assim trazendo pontos sérios como o conflito entre os mutante e a Maria Hill.
Já na edição #41, penúltima desse volume, traz o Groxo como protagonista. Ele era o zelador da Escola, porém traiu seus amigos ao fugir com o Clube do Inferno Jovem. Estando de volta, é demitido e temos um drama entre ele e a Paige. Contextualizando, Paige estava depressiva e instável, trocando de pele a todo momento, encontrando no Groxo uma improvável amizade e, consequentemente, um namoro. Passado a sua instabilidade e os eventos do Clube, ela termina com ele. O Jason Aaron conseguiu aprofundar o Mortimer, que não é muito explorado pelos roteiristas e nem mesmo possui uma linearidade entre os desenhistas, sempre surgindo com um visual diferente. O fato dele se apaixonar pela Escalpo e tentar um último encontro, convidando-a para um café, o torna mais humano e complexo. Mas pro azar dos dois, as crianças do Clube do Inferno fogem de suas celas e prejudicam o encontro.
Já a última edição do volume traz o tão esperado dia de graduação de alguns dos estudantes da Escola Jean Grey, com os professores enterrando uma capsula do tempo. O roteirista finaliza a série mostrando o contraste entre o Wolverine e o Quentin Quire. Após os últimos eventos, Logan decide por encerrar as atividades da Escola, chocando a todos. Já Quentin, que não quer crescer e torce o braço em admitir que gosta do lugar, vira um ponto chave no desfecho. A história avança alguns anos no tempo e vemos um vislumbre do futuro, do que cada estudante se tornou e um velho Logan enclausurado em sua antiga Escola, recebendo a visita de um Quentin adulto que tenta trazer uma luz ao lugar. Vale comentar que esse Quentin do futuro é um hospedeiro da Fênix, meio que já prevendo o que realmente viria a acontecer: recentemente ele teve uma conversa com a entidade em A Poderosa Thor, também do Aaron. Como comentado no início, essa série do Wolverine e os X-Men teve seus momentos baixos, mas também conseguiu expandir muitas personagens. Essas últimas edições trouxeram tanto essa questão de aprofundar certos personagens, como o Groxo, como também valorizar a parte escolar que é característica dos X-Men, mostrando o futuro da Escola Jean Grey/ Wolverine. Um bom fechamento.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.