Arcos Principais: O Que Acontecerá Agora? (What Happens Now) e Viemos Pra Ficar (Here To Stay).
Publicação Original/ Brasil: All New X-Men #1-10 (Marvel, 2013)/ X-Men #1-5 (Panini, 2013).
Roteiro/ Arte: Brian Michael Bendis/ Stuart Immonen e David Marquez.
Enfim cheguei à fase da Marvel NOW (Nova Marvel), que a editora lançou no fim de 2012 após os eventos de Vingadores Vs. X-Men, reformulando muitas revistas e equipes criativas. Para os mutantes, essa fase foi a responsável por trazer os cinco X-Men originais do passado para o presente, convivendo com suas contra-partes atuais. E é sobre essa grande mudança que se trata a revista Novíssimos X-Men, a sucessora do segundo volume de Fabulosos X-Men. Escrita pelo Brian Michael Bendis (Vingadores: A Queda, Dinastia M), a história relembra diversos pontos-chave da mitologia dos mutantes que foram se perdendo com o passar do tempo, mas também reforça velhos problemas em HQs de herói. Review especial dos dois primeiros arcos (#1-10), com spoiler!
O QUE ACONTECERÁ AGORA?
Após a treta com os Vingadores, a vinda da Fênix e o assassinato do Professor X pelas mãos de um Ciclope possuído, as coisas ficaram meio feias para os mutantes. Enquanto Logan e Kitty tentam tocar a Escola Jean Grey pra frente, nos moldes que o Professor gostaria, Ciclope começou uma revolução, resgatando novos mutantes em situação de risco e formando uma nova Escola, mas voltada ao combate. O Homem de Gelo, conversando com o Fera, acaba comentando sobre o quanto eles (os X-Men originais), mudaram no decorrer dos anos, que o jovem Ciclope nunca o reconheceria hoje em dia. Isso foi o gatilho pro Fera fazer suas ferices: ele simplesmente cria uma máquina do tempo, volta pro passado e conversa com os X-Men originais (ainda em seus primeiros dias) e fala o quanto as coisas ficaram complicadas, que seria bom que o jovem Ciclope conversasse com o velho Ciclope, para lembrá-lo de sua própria história, na tentativa de impedir que ele comece uma revolução e uma guerra contra os humanos.
Não vou mentir, achei uma ideia muito interessante e divertida. Trazer os X-Novinhos e colocá-los lado a lado de suas contra-partes adultas faz com que a gente tenha uma noção do que os X-Men eram e representavam no passado e o que eles acabaram se transformando. Sem contar que é um baque pra eles. A Jean, por exemplo, descobre que morreu e a Escola agora leva seu nome. Ela também está começando a aprender telepatia e não tem vergonha nenhuma de entrar na cabeça das pessoas, já dando indícios de que isso vai pegar lá na frente. Esse primeiro arco funciona pra apresentar os X-Novinhos e o confronto com o Ciclope, que detestou a ideia. Ele e o Magneto, inclusive, estão com os poderes meio bagunçados e sofrem um pouco para salvar a Emma Frost de uma prisão, numa cena digna de filme. Ele fica bolado com a ideia do Hank, que vem passando por uma nova transformação. Interessante comentar como o Ciclopinho enxerga toda a situação, inconformado com o que ele se transformou, ainda mais de verem o Magneto envolvido em tudo isso, aquele que era o maior vilão dos X-Men. Depois da confusão do primeiro encontro, o Hank (agora com uma nova forma) fala que é melhor eles voltarem pra sua época “real”. O Bendis fez um trabalho muito bom em linkar os personagens e nos fazer lembrar de como era os X-Men de antes, suas lutas e confrontos, em como tudo desceu ladeira abaixo. Mas se tem um ponto que não curti foi o Fera, um personagem que de um tempo pra cá só vem fazendo merda. Quer dizer, ele faz todo um auê pra trazer os X-Novinhos e depois quer mandar de volta? Simples assim? Felizmente, a Jean tem sangue no olho e diz que vai ficar. E todos concordam, com exceção do Anjo, que quer voltar pro seu tempo, mas acaba ficando por voto vencido e também foi o único que ainda não tinha encontrado sua versão adulta. Os desenhos desse primeiro arco são do Stuart Immonen (Legião dos Super-Heróis), muito bons e ágeis como de costume, fazendo um belo trabalho em recriar as características dos X-Men originais, como o corpo de neve do Homem de Gelo, e em panoramas e páginas duplas.
VIEMOS PRA FICAR
No segundo arco as coisas ficam um pouco mais complicadas e fora de controle. Os X-Novinhos são adolescentes, numa era que não é a deles e com um milhão de novidades pra ver. A Jean não consegue controlar sua telepatia e invade a mente de quem ver pela frente. O Ciclopinho sai desembestado e chega a atirar no Wolverine. O Anjinho finalmente encontra o Anjo adulto, descobrindo que agora ele pode curar, que se acha um “anjo” de verdade após o renascimento do Apocalipse. E também é nesse arco que a Mística volta a dar as caras, depois de um tempo meio sumida. Ela descobre dos X-Novinhos e se disfarça para conversar com o Ciclopinho, claro que tem uma tramoia no meio. É nesse meio tempo que o jovem Anjo surta e resolve ir embora de qualquer jeito, protagonizando uma cena sensacional onde a Jean aparece e o manipula, impedindo de causar mais. Todo mundo fica de boca aberta em ver que ela já é poderosíssima. A Jean tá morta há tanto tempo que é bom vê-la novamente, nem que seja essa versão jovem, e melhor ainda nessa pegada mais irresponsável. Fiquei ansioso por um confronto dela com a Emma.
E falando em Emma, o Ciclope e seu grupo aparecem na Escola e informa sobre sua nova iniciativa, dizendo que quem quiser sair e se juntar a ele, será bem vindo. As Cucos são as primeiras a partir, seguida de alguém misterioso, que fecha o arco sem mostrar quem é. Mas que acredito ser a própria Jean. Aí sim tudo saiu de controle. Uma coisa que é interessante de se pensar é em como isso afeta a linha do tempo. Vai virar uma bagunça. Os desenhos desse arco são de David Marquez (Ultimate Marvel), que mantém a qualidade do Immonen, com boas cenas de ação e impacto (como essa da Jean parando o Anjo), tudo numa estética bem clean e anos 80. Apesar da empolgação, afinal é algo realmente novo e fora da trama de “no more mutants” que vinha sendo tratada há anos, tem esses pontos que me incomodaram um pouco, como o Fera e a linha do tempo. Mas o que realmente me pegou foi a Mística, que é uma das minhas personagens preferidas. Ela é uma terrorista mutante, anti-humanos e que já demonstrou isso em várias ocasiões. Até matar seu próprio filho humano ela já tentou. Mas agora, nessa retomada pelo Bendis, a Mística desistiu de sua carreira de terrorista mutante, preferindo salvar o Dentes-de-Sabre e a Lady Mental, formando um novo grupo de vilões para… roubar Banco. Como assim?? Não gostei, achei que diluiu muito o que ela representa, mas veremos como será tratada daqui pra frente. No geral, fiquei bastante empolgado.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.