Arcos Principais: Ressurreição da Fênix (Phoenix Resurrection).
Publicação Original: Phoenix Resurrection: The Return of Jean Grey #1-5 (Marvel, 2018).
Roteiro/ Arte: Matthew Rosenberg/ Leinil Francis Yu, Carlos Pacheco, Joe Bennet e Ramon Rosanas
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A Ressurreição da Fênix é uma mini-série em 5 edições publicada em 2018 que trouxe de volta dos mortos a Jean Grey, que estava morta desde 2003, quando foi atacada pelo Magneto. E como quase todas as histórias do tipo, que costumam trazer heróis de volta à vida, tem seus pontos positivos e seus pontos de forçação de barra. Review especial com spoilers!
A RESSURREIÇÃO DA FÊNIX
Antes de comentar a mini em si, vou fazer um resumão das mortes da Jean Grey! A Fênix é uma criatura mitológica, uma ave que é capaz de renascer das próprias cinzas, e no Universo Marvel a Fênix também é uma entidade cósmica que representa a vida e a morte, tendo Jean Grey (e parte de sua família) como hospedeira favorita na Terra. E Jean, apesar de considerada uma das mutantes que mais morreu e renasceu, na verdade só teve duas grandes mortes de verdade, a primeira no final dos anos 1970 (mas que só seria explicada anos depois) e a segunda no início dos anos 2000. A primeira foi durante uma missão espacial e nos primeiros anos dos X-Men, quando sofreu um acidente com sua nave e, caindo na Terra, foi exposta a radiação e salva pela Fênix. Seu corpo foi selado num casulo, o ovo da Fênix, enquanto a entidade cósmica passou a pensar ser a própria Jean Grey, assumindo sua forma e adotando o codinome “Fênix” nos X-Men. Enquanto a Jean real estava no casulo, veríamos a Fênix destruindo um planeta e mais tarde o seu clone, Madelyne Pryor, em ação. A segunda morte é mais recente: após a Rebelião no Instituto, causada pelo Quentin Quire, vimos o retorno do Magneto e uma cadeia de eventos que destruiu a cidade e gerou diversas mortes, como duas das Irmãs Cucos, culminando também na morte trágica da Jean Grey pelas mãos do próprio Magneto em Planeta X (que na época estava associado ao Xorn, de uma maneira ainda bem complicada…). Depois, na mini a Derradeira Canção da Fênix, a Força Fênix veio a Terra, confusa com a morte da hospedeira, e tentou ressuscitá-la, mas foi convencida a continuar em frente. Desde então, a Jean Grey original permaneceu morta por quase 15 anos!
O que nos faz chegar ao presente! Kitty Pryde reúne os X-Men para alertar que a Fênix pode estar a caminho e, mais precisamente, o Cérebro identificou alguns rastros de energia pelo mundo, indicando a presença da Jean Grey. Todos ficam meio encabulados, alguns comemorando a possível volta da Fênix, enquanto outros duvidando que a Jean possa estar viva. Além disso, duas crianças surgem levitando e catatônicas em Nova York, chamando a atenção da Kitty, que separa sua equipe em três para investigar as regiões de onde vem identificando essa energia. Assim, os X-Men investigam o antigo QG do Clube do Inferno, o Mont Saint Francis e também o Polo Norte, com todos os grupos enfrentando mutantes que estavam dados como mortos.
Em paralelo aos planos dos X-Men, vemos a história de uma garçonete chamada Jean Grey, que anda meio confusa e presenciando coisas estranhas em sua cidadezinha, além dela interagir com vários personagens que também estão dados como mortos. Seria o subconsciente da Jean real? Com todos os psíquicos misteriosamente fora de alcance, a Kitty pede a ajuda do Cable para acessar o Cérebro, mas ele acaba não conseguindo. Kitty, então, decide chamar sua última opção: Emma Frost; que confessa a presença da Fênix, assumindo que ela está entre nós, informando sobre uma localização no Novo México, onde possivelmente a Jean Grey está.
O roteiro dessa mini é do Matthew Rosenberg (O Justiceiro), trazendo os desenhos de diversos artistas. Um ponto interessante e positivo é a maneira como ele conseguiu unir uma boa parte dos X-Men, é legal ver um panorama completo das equipes que estão na ativa, sem contar que o retorno da Fênix é um evento que realmente exige essa reunião, já que da última vez desencadeou toda a rixa de Vingadores Vs. X-Men. Essa realidade alterada onde a Jean está também traz várias referências à sua mitologia, como uma cena dela afundando no mar, dentro de uma nave. Com todos os X-Men no Novo México, a Magia consegue abrir uma fenda no ar e revela um enorme domo no lugar.
Descobrimos que esse domo é uma espécie de ovo da Fênix, onde ela manteve e vem recuperando e preparando o corpo da Jean, para que seja sua hospedeira outra vez. Assim, a mente da mutante fica mergulhada em memórias e vivendo uma falsa realidade. Já dentro do domo, os X-Men avistam a Fênix empoleirada numa lanchonete, onde Jean está. A ave não se mexe e aguarda os heróis darem o primeiro passo, enviando o Logan para dentro da lanchonete.
Apesar de Rosenberg ser bastante feliz em trabalhar algumas referências da Fênix e da própria Jean Grey, principalmente essa retomada do “ovo”, tem algumas partes que são meio WTF. Numa cena, por exemplo, a Kitty decide ir até o cemitério ver se o corpo da ruiva ainda está lá e, pra surpresa dela, o corpo sumiu. Uma sequência no mínimo bizarra. O sumiço dos telepatas também fica no ar, estando relacionado com a revista da Jeanzinha, onde a Fênix nocauteou as Cucos, Hope, Quentin Quire e inclusive a Emma! Se a Emma foi localizada, onde estão os outros? A quantidade de batalhas com X-Men mortos também fica sobrando, parece que estão ali só pra preencher a cota necessária de lutas. Sem contar que não tem como fugir, é mais uma história de ressurreição, algo que já é clichê em HQs de super-herói.
Na última edição da mini, vemos que a conversa entre o Logan e a Jean dentro da lanchonete deu resultados, ela começou a “acordar” e confrontar a Fênix, que também revida utilizando a figura da Annie, a garotinha que a Jean viu morrer quando criança, para trazê-la de volta à simulação, além de expulsar o Logan. Uma cena que particularmente achei bem trash é quando a Jean sai da lanchonete e cumprimenta os X-Men, dando “oi” pra Tempestade, como se nada tivesse acontecido! Oi? As sequências finais mostram a Jean dialogando com a Fênix, dizendo que não quer mais a companhia da entidade, que precisa tocar sua vida como quiser. Funciona como uma despedida ou até mesmo uma reconciliação, rendendo uma sequência bastante interessante, com a Fênix diminuindo de tamanho na mão da Jean, até desaparecer. Apesar dos pesares de alguns momentos, A Ressurreição da Fênix foi uma boa mini, trazendo a Jean Grey de volta com uma certa dignidade, mostrando sua despedida tanto da entidade cósmica quanto dos espíritos dos seus pais e até do Ciclope. Sem contar que a Jean estava morta há 15 anos! Ou seja, toda uma geração de leitores possivelmente só a conhece pelos filmes ou animações. Eu mesmo, que venho lendo e resenhando aqui no site desde o final dos anos 1990, já nem lembrava mais de como ela era. Então será interessante ver como vão trabalhar com a personagem novamente, esperamos que deem um tempo nesse lance de ressurreição/ Fênix, que já foi utilizado à exaustão.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.