Arcos Principais: O Retorno de Ciclope e Isto É Para Sempre (This Is Forever).
Publicação Original: Uncanny X-Men Annual #1 e Uncanny X-Men #11-16 (Marvel, 2019).
Roteiro/ Arte: Ed Brisson e Matthew Rosenberg/ Carlos Gomez e Salvador Larroca.
*
“Isto é para sempre” é o segundo arco desse volume de Fabulosos X-Men, publicado em 2019. Depois de um primeiro arco, o bem mediano A Queda, Matthew Rosenberg recupera o fôlego dos mutantes e traz de volta dois de seus maiores heróis: Ciclope e Wolverine! Com o desaparecimento dos X-Men, os humanos engrossaram as medidas anti-mutantes, exigindo uma nova retaliação. Review especial com spoilers desse arco muito interessante.
ANUAL: O RETORNO DE CICLOPE
Antes de falar do arco em si, importante comentar essa edição especial “Anual“, escrita pelo Ed Brisson e com desenhos do Carlos Gomes. É a história responsável por trazer dos mortos o Ciclope. E para isso ela faz uma recapitulação dos últimos eventos, que culminaram na morte do Scott pela nuvem terrígena em A Morte do X (e a ilusão criada pela Emma Frost na época). Também temos uma missão do Ciclope ainda na época de estudante no Instituto Xavier, onde também sabemos que se passaram cerca de 13 anos de lá pra cá (apesar dos quase 60 anos de publicação!). O jovem Cable, responsável por levar os X-Novinhos de volta ao seu tempo em Exterminados, conseguiu ajuda para criar uma mini gaiola da Fênix e implantar no coração morto do Scott. Quando a Fênix estava recuperando o corpo da Jean Grey em A Ressurreição da Fênix, o corpo do Scott também foi trazido à vida temporariamente para confrontá-la. E essa energia da Fênix foi captada por essa mini gaiola, prendendo uma fração de sua força. Mesmo quando o Scott foi levado de volta para seu túmulo, a gaiola continuou em ação e conseguiu fazer seu coração bater novamente.
Um processo bem complexo para trazê-lo de volta, né? Mas confesso que gostei e foi interessante como o Brisson conseguiu não deixar tantas pontas soltas, intercalando os últimos acontecimentos, tornando esse retorno algo paralelo a tudo isso. Além de ser essencial para entender o arco a seguir.
ISSO É PARA SEMPRE
No último arco, A Queda, o X-Man dominou o corpo do Legião e conseguiu dizimar boa parte dos X-Men. Claro que eles não “morreram” de verdade, mas foi o evento que deu origem à saga Era do X-Men. Enquanto isso, com a Terra sem os X-Men e, consequentemente, sem os mais poderosos mutantes para enfrentarem o governo, a vacina anti-mutante finalmente é lançada. Com a promessa de ser aplicada ainda nas crianças, evitando que despertem o gene X, é vendida como uma medida não violenta para o “problema mutante”. Enquanto isso, Scott passa a investigar os mutantes e antigos X-Men que sobraram, querendo formar uma nova equipe para confrontar a situação e procurar pelos X-Men desaparecidos. Ele fala com a Calisto e com o Câmara nos túneis dos Morlocks, mas é recebido com um grande “não“.
A Olhos-Vendados chega a conversar com ele, prevendo a própria morte e pedindo para que pare com essas investidas. Mas Scott insiste e invade um comício da vacina e fala em rede nacional que os mutantes não se renderão e que ele, o líder dos X-Men, estará no lugar onde tudo começou, esperando por aqueles que lutarão ao seu lado. E nesse mesmo comício, o Wolverine vigia tudo de longe, dando esporro na Viúva Negra e no Buck, que tentam recriminar as ações do Ciclope. Uma sequência muito boa, do jeito que a gente gosta: os mutantes pelos mutantes, colocando os Vingadores em seu devido lugar (que quase sempre não fazem nada enquanto os mutantes morrem).
Dessa forma, Ciclope fica sobre os escombros da escola em Winchester, onde tudo começou, esperando. Mas sua apresentação ao vivo chamou a atenção de grupos anti-mutantes: os Carniceiros, os Purificadores e a Liga Sapiens. Wolverine foi o único que respondeu ao chamado, mais para ficar de olho no Scott do que qualquer coisa. Os dois, que até pouco tempo estavam dados como mortos, entram em combate direto com os vilões. E tudo isso acontece na primeira edição do arco! Um início bastante promissor, recuperando o fôlego e trazendo a essência dos X-Men, mas sem ser cafona como aconteceu em A Queda com o X-Man. Muito boa a premissa do Rosenberg: sem Charles Xavier, Tempestade, Ciclope, Wolverine, Jean Grey, Magneto e outros mutantes poderosos, claro que o Governo iria se aproveitar disso.
Após derrotar os grupos anti-mutantes, Wolverine e Ciclope se juntam para invadir uma instalação da UNI e salvar de lá vários mutantes aprisionados, entre eles a Magia, Lupina, Destrutor, Miragem e Karma. A missão deu certo, mas com uma perda: a morte do Guido Carosella, o Fortão. E é engraçado ver os dois juntos outra vez, já que até pouco tempo eles brigaram feio e representaram a cisão na equipe em O Cisma Mutante. Eles também prendem o Fera Negro, obrigando-o a trabalhar numa pesquisa. O Destrutor, chato como sempre, acredita que o vilão precisa ser solto, que eles não podem mais sair prendendo as pessoas. Quer dizer, o mundo não quer mais saber de mutantes ou dos X-Men, mas o Destrutor tá preocupado com o Fera Negra.
Da metade pro final a gente tem aquela pancadaria clássica. Calisto e Câmara se unem à equipe, já que mais Morlocks estão sendo mortos. A Val Cooper dá as caras e diz poder ajudar a causa mutante, mas pede algo em troca. Sua proposta: Ciclope ajuda a terminar uma guerra civil em Chernaya, ganhando asilo político no país. O Capitão América dá as caras, dizendo para que os mutantes tomem cuidado com o que estão fazendo. Uma cena muito boa é quando a Hope aparece, confrontando o Wolverine e o Ciclope, rendendo um tiro na cara do Scott, que fica cego de um olho. O clone do Magneto, Joseph, também reaparece para criar uma confusão (meu Deus, é o retorno dos 90s…). E quando as coisas começaram a miar, ficando meio chato, a Kwanon (a ninja oriental que a Psylocke utilizava o corpo) ressurge e decepa a cabeça do Joseph! Por essa ninguém esperava. Ao final do arco, a equipe se reúne e decide seguir nenhum líder, até mesmo a Hope resolve participar da empreitada, decididos a eliminar alguns problemas que os X-Men sempre enfrentaram. Um arco muito legal e empolgante, com várias ótimas sequências. Os desenhos ficaram por conta do Salvador Larroca, que sempre faz um bom trabalho.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.