[Review] X-Men – Vermelho: A Máquina do Ódio e Lutando Pela Paz!

Arcos Principais: A Máquina do Ódio (The Hate Machine) e Lutando Pela Paz (Waging Peace).
Publicação Original: X-Men Red #1-11 (Marvel, 2018).
Roteiro/ Arte: Tom Taylor/ Mahmud A. Asrar, Pascal Alixe, Carmen Nunez Carnero e Rogê Antônio.

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Jean Grey retornou dos mortos na mini Ressurreição da Fênix, quando vimos que seu corpo estava sendo restaurado pela Força Fênix. Tanto tempo longe dos seus amigos, ela se depara com um mundo diferente de antes, mas ainda mais preconceituoso. X-Men Red (ou Equipe Vermelha) foi a equipe que ela formou após seu retorno, com o principal intuito de trazer paz aos mutantes. Review especial dos dois arcos da revista (edições #1-11) com spoiler!

A MÁQUINA DO ÓDIO

Com o roteiro de Tom Taylor (Injustice), o principal foco de X-Men Red foi trazer mais humanidade aos velhos conflitos dos mutantes, além de uma repaginada e aproximação ao mundo real, sendo também seu maior diferencial. Jean Grey está com novo uniforme e pronta para enfrentar o mundo que teme e odeia os mutantes: com o apoio das nações de Wakanda e Atlântida, ela vai até às Nações Unidas para declarar uma nação mutante. Seria uma nova Genosha ou Utopia? Não! Ela quer declarar toda a raça mutante como uma única nação, apresentando um discurso sobre as minorias. Um ótimo início, retomando temas clássicos da franquia (como as séries Gold e Blue), mas de uma maneira mais interessante e também mais atual que essas duas, lembrando um pouco a clássica Deus Ama, o Homem Mata.

O mundo de hoje conta com fake news, robôs que disseminam ódio pelas redes sociais, com uma estranha onda anti-mutante surgindo nas cidades. Algo bastante atual e real! Ponto ao Tom Taylor por conseguir aproximar os mutantes, que sempre tiveram essa questão racial, ao mundo de hoje. Mas como estamos falando de super-heróis, as coisas não saem tão bem para a Jean: ao discutir em particular com uma embaixadora, uma mente externa começa a gritar com a Jean e termina por explodir a cabeça da embaixadora, na frente de várias câmeras, colocando Jean como inimiga número 1 da humanidade. E a misteriosa voz revela ser a Cassandra Nova, a irmã gêmea mummudrai do Professor X.

A fim de limpar seu nome e acabar com essa ameaça, Jean reúne X-23 e Honey Badge (duas clones do Wolverine) e o Noturno, resgatando a novata Trinária, que possui o poder de se comunicar com máquinas que também se une à equipe. Namor, Nezhno, Tempestade, Gambit e até mesmo uma Sentinela são os próximos que se jutam à empreitada. Esse primeiro arco também conta com várias questões políticas, como o grupo pedindo asilo em Wakanda, Jean discursando pela paz e a construção de um Cérebro em Atlântida.

Vale comentar que Cassandra Nova é a grande vilã dos dois arcos, o que por si só já é uma ótima notícia, já que ela também atuou como vilã em outras duas fases bastante elogiadas da franquia mutante: primeiro na fase do Grant Morrison, em que ela destruiu a nação de Genosha, matando milhares; e também na fase do Joss Whedon, com seu ataque culminando na Kitty ficar faseada e perdida no espaço. Então é uma inimiga de primeiro escalão! Seu plano aqui é induzir, através de Sentinitas (uma variação dos nanitas), o ódio aos mutantes em líderes políticos e também cidadãos das grandes cidades, ajudando a criar essa onda manipulada anti-mutante pelo mundo. Trinária consegue desativar o Sentinita da cabeça das pessoas, inclusive desativou um que dominou a Tempestade (que ficou violenta e passou a atacar até os amigos, repetindo as frases prontas de “ódio aos mutantes“). Mas e em grande escala, milhões de Sentinitas?

LUTANDO PELA PAZ

O segundo e último arco da série mostra o conflito entre Cassandra Nova e a equipe da Jean Grey. Também conhecemos um pouco da história do Nezhno e também da própria Nova, ainda no útero da mãe. Dois momentos desse início merecem destaque, o primeiro quando Nova manda o Jovem Abominável atacar os edifícios em Atlântida, gerando uma confusão. E o segundo quando o grupo invade um avião em movimento para roubar o celular da falecida embaixadora, deixando o Sentinela sobrevoando e vigiando logo acima; mas quando a Trinária é atingida por um tiro e perde o controle, a Sentinela cai sobre o avião e rende uma sequência em queda livre muito boa.

Cassandra Nova está em Genosha, que permanece destruída, controlando a mente do Forge e liberando pelo mundo um enxame de milhões de Sentinitas. A Tempestade prova que ela é uma das heroínas mais poderosas e cria uma Tsunami que engole Genosha, desestabilizando Nova e permitindo que Jean e Trinária, com os poderes ampliados pelo novo Cérebro, desliguem as Sentinitas. Nova apela e domina a mente de Rachel Grey, no Instituto, trazendo-a para Genosha e chamando a Jean pro pau.

A equipe de desenhistas dos dois arcos é composta por Mahmud A. Asrar, Pascal Alixe, Carmen Nunez Carnero e Rogê Antônio, trazendo uma arte dinâmica e bastante ágil, facilitando a leitura e gerando ótimos momentos, além de um novo uniforme para todos os integrantes. A edição #9 marca o conflito entre Rachel Grey e Jean Grey, sua mãe de outra realidade, demonstrando também a amplitude dos poderes da Jean, que combate a filha e em seguida a própria Nova, tudo através de uma projeção mental (já que ela está em Atlântida o tempo todo). Um combate muito bom e empolgante, onde finalmente podemos ver mais de perto quão poderosa a Jean é, já que até então na série ela não demonstrou tanto.

As edições #10 e #11 marcam o fim da série e, particularmente, achei que derrapou um pouco. Num gesto desesperado, Nova sequestra um Porta-Aviões, além de uma série de aviões com passageiros do mundo todo, deixando todos em Genosha para servirem de escudo humano. Jean também apela: chama o Homem de Ferro, que confecciona centenas de réplicas do capacete do Magneto (que resiste à telepatia). Assim, tanto os X-Men, quanto Vingadores e até o exército do Namor, colocam o capacete na cabeça e invadem Genosha, colocando à força o capacete também nos reféns. Ver essa galera toda parecendo o Magneto ficou meio cafona, até cômico! Do nada vira uma bagunça mais próxima do que estamos acostumados a ver nessas HQs. Mas faz parte da iniciativa pacífica da Jean, pra não ferir ninguém e ainda alcançar a inimiga. Enquanto Nezhno absorve radiação do Porta-Aviões, dando tempo para o Gambit explodi-lo em segurança, Jean consegue inserir um Sentinita reprogramado na cabeça de Cassandra Nova: agora, em vez de ódio, ela será obrigada a ter compaixão e empatia pelos mutantes!

X-Men – Red se revela uma leitura bastante divertida, atual e até mesmo necessária após tantas histórias meia boca com os mutantes. O discurso pacifista da Jean Grey permanece praticamente íntegro do início ao fim, salvando desde bebês até a icônica e perigosa vilã. Tom Taylor une a pancadaria sempre presente nas HQs de heróis à uma mensagem de esperança e paz. Particularmente não gostei da inclusão dos Vingadores, achei até engraçado, assim como a Cassandra Nova não demonstrou aquele perigo e tensão que já vimos antes, sendo extremamente perigosa. E apesar da história apresentar o que é a base da franquia mutante há 50 anos, trouxe um tom mais contemporâneo ao abordar o preconceito às minorias, o poder da mídias, manipulação e o crescimento das fake news que alimentam esse ódio.

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