Arcos Principais: A Nova Revelação (Revolution) e Quebrados (Broken).
Publicação Original/ Brasil: Uncanny X-Men #1-10 (Marvel, 2013)/ X-Men #1-2, #4-9 (Panini, 2013).
Roteiro/ Arte: Brian Michael Bendis/ Chris Bachalo e Frazer Irving.
Enfim cheguei à fase da Marvel NOW (Nova Marvel), que a editora lançou no fim de 2012 após os eventos de Vingadores Vs. X-Men, reformulando muitas revistas e equipes criativas. O autor Brian Michael Bendis (Vingadores: A Queda) ficou responsável por dois títulos da linha de frente mutante: Novíssimos X-Men, trazendo os cinco X-Men originais do passado pro presente; e este 3º volume de Fabulosos X-Men, focando em Ciclope e sua equipe, começando uma revolução. Com desenhos de Chris Bachalo e Frazer Irving, fiquei surpreso com o rumo que as revistas tomaram, com as novas questões levantadas. Review especial dos dois primeiros arcos (#1-10) com spoilers!
A NOVA REVOLUÇÃO
Por ser escrito pelo mesmo autor, é interessante ver que tanto Fabulosos X-Men quanto Novíssimos X-Men caminham de mãos dadas, com as equipes interagindo em alguns momentos. E também em como ele vai construindo algo maior com as duas. Se em Novíssimos eu gostei de como trouxe os X-Men originais do passado pra nos relembrar o quanto mudaram e reforçar aqueles primeiros ideais, aqui em Fabulosos ele vai em outra direção, criando situações inesperadas e evoluindo muitos personagens. A edição #1 começa com um cara conversando com a Maria Hill, uma das chefes da SHIELD, informando o quanto Ciclope está quebrado, com seus poderes descontrolados. Por ele ser a nova face da “Revolução Mutante“, ele não poderia ser assassinado (já que viraria um mártir), mas sim desmascarado ao vivo. Aqui tem duas questões interessantes: a primeira em como o Ciclope se transformou nesse líder/ terrorista, estampando uma revolução, salvando os mutantes recém-descobertos das mãos da Polícia e pessoas raivosas, dizendo ao mundo que chegou ao fim a fase de “dar a outra face“, que haverá retaliação. Muitos não gostaram desse rumo que ele tomou, mas particularmente adorei. A coisa da mutandade, pra mim, sempre teve um pé no preconceito e exclusão social e o outro pé na rebeldia, de assumir sua diferença e dar a cara à tapa. Chega de mutantes bonzinhos. A outra questão interessante, nesse início, é que o cara que passa essas informações pra Maria Hill é ninguém menos que o Magneto!
Um dos primeiro mutantes resgatados pelo Ciclope é o Fabio Medina, que expele bolas de ouro. Ele estava prestes a ser preso e é salvo pela equipe, mas no mesmo momento são atacados por Sentinelas misteriosos e, logo em seguida, chegam os Vingadores, querendo prendê-lo (já que Scott está, oficialmente, foragido e procurado por atentado terrorista e assassinato do Charles Xavier). E como sou do lado rebelde da coisa, amei ver ele esculhambando os Vingadores, faltando mostrar o dedo do meio, além de fazer um monólogo de empoderamento mutante, olhando para os transeuntes filmando a briga e dando mais um recado pro mundo. Magneto assume ter falado com a Hill, indicando que eles estariam ali (dando tempo pros Vingadores chegarem), mas que tudo faz parte de um plano maior, de enganar os humanos. Com o histórico do Erik, fica difícil perceber até onde isso é verdade ou não. Outra personagem que ganha novas interpretações é a Emma Frost, que também está com os poderes quebrados, se separou do Scott, mas ainda sente ciúmes, como sua reação aos elogios da Eva Bell (nova mutante que para o tempo) para o magrão.
A edição #4 marca um crossover com a Novíssimos X-Men, culminando exatamente ao fim do segundo arco dela, onde o Scott chegou na Escola Jean Grey e convocou quem gostaria de ir à nova Escola Charles Xavier. As Cucos, claro, decidem acompanhar sua mãe, depois de uma sequência muito boa delas conversando no plano telepático. E, pra minha surpresa, o outro mutante que resolver ir é o Anjo jovem. Eu imaginava que seria a Jeanzinha. Chega a ser engraçado, quando todos voltam pro QG, você percebe que quase todo mundo é loiro ali. A arte até aqui é do Chris Bachalo (Wolverine & os X-Men), desenhista que muitos não curtem, mas que admiro bastante, desde sua fase no Shade, o Homem Mutável. Tudo no traço dele fica super ágil, como um desenho animado, bonito de se ver, como essa sequência das Cucos, ou os ganchos de surpresa (como da revelação do Magneto na sala da SHIELD) ou até as bolas de ouro engraçadas do Fabio.
NO LIMBO COM ILLYANA
A segunda parte é desenhada pelo Frazer Irving (A Poderosa Thor), que tem um estilo mais pintado fantástico. A ligação da Magia com o Limbo, após a Fênix, também está defeituosa. Depois de tanto tempo longe do lugar infernal, ele acaba invadido pelo Dormammu, que a “sequestra” pra lá. Outra sequência também boa, já que o Dormammu tenta sabotá-la, pra reinar sobre o Limbo, mas acaba levando uma coça de uma Magia versão 2.0 demoníaca. Mesmo assim, ele não desiste e acaba puxando o restante da equipe, ameaçando matá-los na frente dela. O que se segue é quase uma cena de videogame, com Dormammu sendo o chefão. Os desenhos do Irving as vezes se perdem, pela quantidade de informação, deixando a cabeça em chamas do vilão ainda mais misteriosa e sombria. É quando o Ciclope dá uma mega rajada óptica e acaba acertando alguns membros, mostrando que não está 100%.
Repetindo a cena da primeira edição, temos uma outra revelação: Maria Hill convocando a Cristal para auxiliar nessa “situação mutante“, já que ela também é uma. Achei meio bizarro, a Cristal não seria a minha primeira escolha pra situação, mas será bom vê-la mais, sempre gostei de seus poderes psicodélicos envolvendo som e luzes. Mas voltando pro Limbo, a Magia expande seus poderes e o utiliza para “engolir” todo o lugar. Interessante que explora outros lados dessa habilidade, já que ela navega entre o tempo e o espaço, acabando por indo ao passado pegar algumas aulas com o Doutor Estranho. Comentando sobre os mutantes novos, além da Eva Bell (Tempus) e do Fabio Medina (Bolas Douradas), também temos Benjamin Deeds, com habilidades camaleônicas, e o Christopher Muse (Triagem) que é capaz de curar as pessoas. Num determinado momento o Fabio desiste e é levado pra casa, pra logo ser abordado pela Cristal, que coloca seu próprio disco numa vitrola e cria uma bomba de som e luz muito boa. Apesar da partida de um membro, Ciclope resgata um novo, David James Bond, que é capaz de controlar máquinas e recebe o codinome de Ligação Direta. Como meio de retaliar a Maria Hill, a Magia os transporta pra dentro da SHIELD, resgatando Fabio Medina e com Ligação Direta dando uma chacoalhada no Aeroporta-Aviões!
Um começo bastante animado desse volume de Fabulosos X-Men. Eu comecei a ler sem muitas expectativas, já que muitos criticam essa fase pós-X-Men Vs Vingadores, mas acabei me surpreendendo positivamente. Como comentei no início, o Bendis explora outras facetas de alguns personagens, como dando uma maior personalidade para cada uma das gêmeas Stepford. Quando uma pinta o cabelo de preto e diz que quer ser ela, e não um grupo, é muito bom. Lógico que quebra a graça das Cucos, que é serem as três-em-um, mas dá um outro drama e contexto pra trabalhar. Um outro ponto que curti foi trazer a Mística que gosto (e não a ladra de Bancos da Novíssimos), mas uma que derruba a Cristal, pega sua identidade e inicia um plano ainda secreto, mas que certamente é pra quebrar a SHIELD ou a equipe do Ciclope. Sem contar que curto muito a arte tanto do Bachalo quanto do Irving. Enfim, bastante empolgado pro rumo que vão tomar.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.